Alan Costa renasceu no Inter.
Um dos preferidos de Diego Aguirre, o zagueiro de 25 anos chegou a ser quinto na hierarquia de Argel. Mas, com a lesão de Paulão, ganha chance de ter uma sequência no time titular durante o Brasileirão. A primeira oportunidade é hoje, às 21h30min, contra o Coritiba, pela 10ª rodada. O defensor de 1m93cm atendeu ZH após o treino na manhã de ontem. Por quase uma hora, falou sobre carreira, altos e baixos da posição, colegas, oportunidade e vestiário.
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Na infância humilde em Araraquara, interior paulista, praticou basquete e se arriscou nos esportes radicais até que um tombo de patins resultasse em dentes quebrados. Decidiu seguir os conselhos do pai, Edson Costa, o Tetê – que se mostraria fundamental em sua vida – e optou pelo futebol. Inspirado em Thierry Henry, quis ser atacante. Não deu certo e foi aconselhado a ficar mais atrás. Virou zagueiro.
Da escolinha Aliança, foi convidado para ir para o Comercial, de Ribeirão Preto. Longe de casa, porém, dedicou-se somente ao futebol e parou de estudar. Com a reprovação no fim do ano, Tetê levou o filho de volta a Araraquara. A escola era prioridade.
Em sua cidade natal, buscou espaço na Ferroviária. Subiu algumas categorias até chegar ao sub-17, quando recebeu seu primeiro salário.
– Era um holerite de R$ 150. Entreguei o dinheiro para meus pais, guardei e emoldurei. Tenho até hoje – recorda.
Rodou no interior paulista, mas estava cabisbaixo com a situação. Mal acreditou quando seu amigo PV, ex-zagueiro da base colorada, ligou para avisar que o Inter estava interessado em sua contratação. Falou com Mauro Pastor, defensor campeão de 1979, morador de sua cidade, que passou alguns conselhos. Acertou por um ano, para jogar no time B.
Após um ano com a equipe de baixo, teve a primeira chance com Dunga. Mas a oportunidade verdadeira apareceria só no final do ano seguinte, quando Abel Braga escalou-o nas últimas 11 rodadas do Brasileirão. Com Diego Aguirre, fixou-se no time mesmo com a contratação de Réver. Vivia situação relativamente confortável até Argel desembarcar no Beira-Rio. O novo técnico confiou em Paulão e Ernando. Ficou até fora do banco algumas vezes.
– Fiquei triste, claro. Mas o próprio Argel me disse: "segue trabalhando que tua oportunidade vai surgir, é só alguém dar brecha". Só que eles não estavam dando brecha – conta Alan.
Agora, com a lesão de Paulão, poderá ter sequência. Para isso, pretende "simplificar até ganhar confiança" e usar o que aprendeu dos colegas.
– O Juan é o zagueiro mais inteligente que já vi, tem a leitura perfeita do jogo. Do Índio, preciso pegar a persistência, acreditar em mim mesmo. E ele sempre brinca comigo: "se eu tivesse o teu tamanho, faria um gol por partida" – comenta o zagueiro, que considera ser a força ofensiva sua principal carência.
Afirma querer começar a série hoje, depois de tentar controlar Kléber Gladiador.
– Não dá para entrar mole, senão ele te deixa para trás. Mas é bom enfrentar um atacante que busca o contato físico. É melhor do que jogar contra o velozes.
E, contra o Coritiba, diz que o Inter precisa voltar a vencer, para se igualar em pontos com o Palmeiras. Para isso, terá de usar os mantras de Argel, "tratar o jogo como decisão" e "pezinhos no chão":
– É a nossa diferença deste ano para os outros em que estive aqui.