Contra o Sport, uma marca histórica para Argel. O técnico que morou "embaixo da arquibancada" nos tempos de categoria de base do Inter, completa hoje 50 jogos como treinador. E com uma marca invejável: em 49 jogos, só perdeu oito vezes. Seu aproveitamento é rigorosamente o mesmo de Abel Braga, último a classificar o Inter para a Libertadores, com o terceiro lugar no Brasileirão de 2014. O número, 50, é que teve Diego Aguirre, seu antecessor no Beira-Rio (contando amistosos).
Argel chega à marca com 64,6% de aproveitamento, marca superior à do uruguaio e praticamente idêntica à do campeão mundial de 2006 – que esteve à frente do clube em 62 jogos em sua última passagem pelo Inter. A campanha de Argel rendeu dois títulos – Gauchão e Recopa – e a segunda melhor marca do returno do Brasileirão do ano passado, quinto lugar geral. Foi eliminado pelo Palmeiras da Copa do Brasil (o time paulista conquistaria o torneio) e caiu para o Fluminense nas semifinais da Primeira Liga.
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Mas o que os números não mostram é que o aproveitamento de Argel esteve acompanhado de um declínio público da qualidade dos jogadores, reconhecido até mesmo pela direção do Inter. Quando assumiu o time, na última rodada do primeiro turno do Brasileirão do ano passado, havia perdido peças como Aránguiz e Nilmar. Ao longo do tempo, perdeu Nilton por doping, Valdívia por lesão e viu os selecionáveis Juan, Alisson e até o capitão D'Alessandro despedirem-se de Porto Alegre. Remontou a equipe com a gurizada: manteve William, Dourado, Valdívia e Sasha, lançados por Aguirre, apostou em Artur e Andrigo. E recuperou Vitinho, que estava arquivado pelo uruguaio.
– As críticas que o Argel recebe são porque o time não dá espetáculo. Mas como vai dar espetáculo sem ter um time de qualidade? Quando os atletas são mais limitados, é preciso fortalecer outros aspectos, como o tático, o anímico. Nisso, ele está perfeito – elogia o técnico Cláudio Duarte, um dos primeiros a comandar o então zagueiro Argel, no Inter de 1995.
Mais de 20 anos atrás, Claudião já via no defensor raçudo, competitivo e "até rude", de "ótima relação com colegas, comissão técnica e funcionários" um futuro técnico.
– O Argel chegava em mim, quando eu passava alguma orientação, e me perguntava: "por quê?". Ele sempre foi o cara do "por quê?", queria saber tudo – relembra Claudião, que vê evolução de Argel naquilo que considera seu maior problema, a comunicação externa, tanto com repórteres quanto com dirigentes. – Percebemos um vestiário fechado, mas ainda tem a evoluir no resto. Ele é jovem e vemos que está aprendendo e se esforçando.
Uma das cobaias do novato técnico Argel foi o meia Cléber Oliveira, 31 anos, gaúcho de Porto Alegre com passagens por São José, Cruzeiro e Santa Cruz. Ele estava no Mogi Mirim de 2008, que viu uma mudança na casamata recuperar o fôlego da equipe na Série A-2 paulista. Na quinta rodada, Luciano Paschoal foi demitido após uma derrota para o Botafogo, de Ribeirão Preto, e, no mesmo dia, chegou Argel. Inspirado em Giovanni Trapattoni e José Mourinho, mudou totalmente o método de trabalho, passando a focar mais na parte tática, com minijogos, intensidade e sem treinos coletivos. O resultado foi visto no fim do campeonato, com o segundo lugar e o acesso ao Paulistão seguinte. Aquele foi o começo da caminhada de realização de um desejo do técnico, expressado ainda em 2008, segundo o próprio Cléber Oliveira.
– Ele nos disse: "pessoal, temos que subir com o Mogi, esse é o nosso objetivo. Mas também temos que aparecer, voltar à vitrine. Eu quero voltar para a vitrine, quero treinar o Inter".
Os números de Argel:
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