Famoso por vazar contratos de jogadores de futebol, o site Football Leaks divulgou o documento da venda do meia Otávio, do Inter para o Porto, em agosto de 2014. Consta no contrato que o Inter cedeu o jogador de graça para o clube português. O assunto foi destaque do jornal Record, de Lisboa. As informações são da Rádio Gaúcha.
– O cedente (Inter) como legítimo titular dos direitos federativos do atleta, com a anuência deste, neste ato e na melhor forma de direito, cede ao cessionário (FC Porto), de forma definitiva e gratuita, a totalidade destes direitos (…) – está escrito no contrato.
Porém, à época, foi divulgado que o Inter vendeu o atleta por 5 milhões de euros (cerca de R$ 14 milhões). Como o clube detinha 50% dos direitos econômicos do jogador, teria direito a metade deste valor.
Leia mais:
Esses valores fecham com os números apresentados no balanço do clube do ano de 2014. Ali consta que o Inter arrecadou R$ 7.077.107,00 com a venda de Otávio.
Mas se o Inter repassou Otávio para o Porto de graça, como pode o clube colorado ter arrecadado R$ 7 milhões com a negociação? Segundo o então presidente Giovanni Luigi, procurado pela reportagem, a venda não foi feita diretamente para o clube português.
– Nós tínhamos 50% dos direitos econômicos do Otávio e vendemos a nossa parte para o banco BMG. Aí depois eles negociaram com o Porto – explica Luigi.
Nos negócios ligados ao futebol, o BMG é representado pelo empresário Giuliano Bertolucci e costuma utilizar o Coimbra Esporte Clube, de Belo Horizonte, como clube hospedeiro de atletas.
O contrato de venda de Otávio para o Porto, divulgado pelo Football Leaks, de fato confirma que o Inter não tinha mais nenhum percentual nos direitos econômicos quando o negócio com os portugueses foi fechado.
Na ocasião, o Coimbra detinha 65%, a empresa que representa o atleta era dona de 20% e o próprio jogador possuía 15%.
Isso significa que, aparentemente, a venda de Otávio para o Porto ocorreu em pelo menos duas etapas.
Na primeira, o Internacional vendeu 50% dos direitos econômicos de Otávio por R$ 7 milhões para o banco BMG, mantendo os direitos federativos do atleta. Na ocasião, o fundo de investimentos adquiriu também os 15% que, na época, pertenciam a um investidor japonês, totalizando os 65% que constam no contrato como propriedade do Coimbra Esporte Clube.
Na segunda etapa, o Inter repassou os direitos federativos (o vínculo) do atleta para o Porto. Como na ocasião o Inter já não tinha mais nenhum percentual dos direitos econômicos de Otávio, não ganhou nada com a transação naquele momento. Por isso, não ocorreu pagamento em dinheiro do Porto para o Inter.
Os documentos desta etapa são os divulgados pelo Football Leaks, e classificados pela imprensa portuguesa como um negócio gratuito.
É possível também que tenha ocorrido ainda uma terceira etapa. É provável que o Porto tenha comprado posteriormente os direitos econômicos que pertenciam ao BMG para poder lucrar com uma futura negociação do jogador.