Se a boa performance dos atletas oriundos das categorias de base é motivo de satisfação no Beira-Rio - na goleada do Inter diante do Cruzeiro, o time terminou a partida no Beira-Rio com nove jogadores com revelados pelo clube -, a atual comissão técnica comemora a redução da faixa etária dos titulares.
Se no ano passado o Inter de Diego Aguirre tinha, em média, 24,7 anos, com Argel, Alisson Farias, Artur, Andrigo, o número cai para 23,8. O atual grupo do Inter conta com 35 profissionais. Destes, 22 atletas foram promovidos desde Alvorada, quartel-general das divisões inferiores do clube.
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Dar chance para os mais jovens foi a alternativa encontrada pela direção para enfrentar uma temporada pobre de competições, principalmente no primeiro semestre. Sem a classificação para a Copa Libertadores, o Gauchão e a Primeira Liga foram encarados como testes pelo departamento de futebol.
Soma-se a isso a perda dos experientes Dida, Juan, Lisandro López, Nilmar e, por último, D'Alessandro. Todos têm idade superior a 30 anos. Titulares absolutos, além de barrar a ascensão dos jovens, aumentavam a média de idade da equipe.
- A rigor, o único clube que aposta na base por convicção, sem medo de ser feliz, é o Santos. Acho que, no caso do Inter, é uma soma de cofres raspados e opção. O grande número de jovens da base neste momento é fruto do contexto, como a lesão de Vitinho e Marquinhos. Tanto é assim que, sem Nilton e Wellington, vieram Fabinho e Fernando Bob, deixando Jair e Silva de lado - avalia Diogo Olivier - O que vale meditar é quanto tempo se perdeu com o atraso deste processo de amadurecimento da gurizada em nome dos medalhões de outras temporadas - completa o colunista de ZH.
O pedido de calma para com a garotada ecoa no Beira-Rio. Argel afirmou ainda no sábado que os jovens não são a solução para o Inter. São apostas. Tanto é fato que o clube segue em busca de grifes para a armação do meio de campo e para a referência no ataque, mesmo com as boas atuações de Alisson Farias, Andrigo e Aylon. É consenso que, pela juventude da equipe, haverá uma oscilação no desempenho.
- Há de se ir devagar e por partes. O Campeonato Gaúcho é um bom teste em termos de responsabilidade. Não são jogos difíceis como no Brasileiro, mas eles podem ser amadurecidos com o estadual, com os jogos menores. Não serve de base para uma competição como Brasileiro ou Libertadores. Mas é inegável que a fragilidade do adversário faz com que a confiança venha. Em breve, a cobrança também virá. Há de se ter calma para não se queimar uma promessa - aponta o comentarista dos canais SporTV, Batista.
Ex-diretor das categorias de base do Inter, Luis Eduardo Paluga Martins faz coro à prudência pedida pelos dirigentes.
- Às vezes, um jogador médio pode se transformar em um extraclasse e um diferenciado na base e não confirmar quando ascendido ao grupo profissional. Futebol é coletivo. De alguma forma, todos contribuem entre si - opina Paluga, ex-diretor da base do Inter.
Como foi o aproveitamento da base do Inter com os últimos técnicos*:
Dorival Jr. (2012) - 27,4 anos
Mesmo com Oscar e Leandro Damião, jogadores como Guiñazu, Índio e Tinga, mais experientes e acima da faixa dos 30 anos, aumentavam a média de idade dos titulares do Inter.
Dunga (2013) - 27,3 anos
Poucas foram as chances de Dunga para a base do Inter. Quando o garoto Fred deu consistência ao meio-campo colorado, acabou vendido para o Shakhtar Donetsk.
Abel Braga (2014) - 28,5 anos
É famosa a falta de oportunidades para a base por parte de Abel Braga. Em 2014, baseado em Dida, D'Alessandro, Rafael Moura, Alex e outros experientes do grupo, o Inter teve a maior média de idade nos últimos anos.
Diego Aguirre (2015) - 24,7 anos
O maior legado de Aguirre no Beira-Rio será o lançamento de jovens como William, Alan Costa, Geferson, Dourado. Com o uruguaio, a base passou a ganhar evidência.
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