Diante do enfraquecimento dos atuais líderes da Guarda Popular após a prisão de Gilberto Bittencourt Viegas, o Giba do Trem, em setembro do ano passado, antigas referências da maior organizada do Inter se mobilizam para retornar e podem provocar uma disputa de poder pela liderança da torcida.
Na noite desta quinta-feira, Jorge Roberto Gomes Martins, o Hierro, e Claiton Moreira de Castro Júnior, o Master, ex-líderes da Guarda Popular, publicaram em seus perfis no Facebook um convite a torcedores para que vão ao Beira-Rio neste sábado, no jogo contra o Cruzeiro, pelo Gauchão, e ocupem o setor superior sul, logo acima de onde a torcida se posiciona no estádio.
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"Pelo bem do Inter e da torcida colorada, antigas lideranças se reuniram em busca da velha atmosfera do Beira-Rio. Nosso intuito é cantar os 90 minutos e retomar os tempos de uma Guarda Popular forte, respeitada e unida. Convocamos todos que fizeram parte dessa história para juntos cantar pelo Inter", escreveram os torcedores.
Duas horas depois da manifestação de Hierro, a organizada respondeu, também via Facebook:
"A Guarda Popular comunica que não tem ligação alguma com a parte superior. A torcida fica e sempre ficará na inferior. Assim, como se faz desde o início do surgimento desta Barra, a Guarda Popular convoca todos aqueles que vão à torcida, a continuar indo na parte inferior, como normal."
O convite publicado por Hierro e Master é resultado de um encontro em que os dois, antes desafetos, teriam reatado a amizade. A dupla protagonizou, desde o fim da década passada, uma disputa ferrenha pela liderança da torcida. A rixa culminou na confusão generalizada durante o jogo de despedida de Fabiano, em 2011. Master teria se irritado com uma faixa com a inscrição "a barra do Hierro", e mandou retirá-la, o que deu início à briga. Hierro foi preso por tentativa de homicídio por conta de facadas que distribuiu em desafetos durante a confusão.
O episódio determinou a saída de Hierro da organizada. Master, ainda pressionado pela rixa – já que um grupo ligado ao rival ainda frequentava as arquibancadas – também saiu. No vácuo de poder deixado pela dupla, cresceu Gilberto Bittencourt Viegas, o Giba do Trem.
Principal referência do grupo batizado de "Comando do Trem", que reúne torcedores da Região Metropolitana, Giba esteve em meio a diversas brigas. No ano passado, antes do embarque dos ônibus das torcidas para Curitiba, onde o Inter enfrentaria o Coritiba pelo Brasileirão, teria participado de agressões a Marcelo da Silva Machado, que foi hospitalizado. Desde então, está preso por tentativa de homicídio. Logo após o incidente, comunicou sua saída da organizada.
Já sem Giba, a Popular se envolveu em, pelo menos, mais duas confusões. Em novembro, antes do Gre-Nal, integrantes da organizada trocaram socos e pontapés com a Camisa 12. Na última quarta-feira, antes de Inter x Avaí, um tumulto generalizado entre Popular e Nação Independente foi registrado em local próximo ao Parque Marinha do Brasil. Nos dois casos, a organizada recebeu sanções de 90 dias sem poder usar uniformes e faixas que a identifiquem.
Segundo fontes ligadas à torcida, Hierro e Master teriam se reaproximado ao perceber o enfraquecimento da organizada com a falta de lideranças e as seguidas punições por envolvimento em tumultos.
– Esses torcedores não têm impedimento para entrar no estádio. É evidente que há uma preocupação por serem pessoas já conhecidas, envolvidas em outras transgressões. Mas as medidas só podem ocorrer a partir de fatos concretos – destacou Júlio César de Melo, promotor de Justiça em atuação na Promotoria do Torcedor.
Procurado pela reportagem, o vice-presidente de administração do Inter, Alexandre Limeira, afirmou:
– Nós apoiamos a festa e sabemos da importância do nosso torcedor nas arquibancadas, nossas ações tem sido sempre pelo incremento da festa. Estes atos de violência estão acontecendo fora do estádio, o Beira-Rio é um local de muita segurança e alto controle. Temos mais de 280 câmeras, forte controle de acesso e trabalhamos sempre em conjunto com a Brigada Militar, Policia Civil e Juizado do Torcedor. Não compactuamos com violência nem com torcedores que vem ao estádio para brigar. Apoiamos e respeitamos as decisões do judiciário afastando do estádio quem se envolve em brigas.
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