O futuro profissional de Nilton e Wellington passa pelo julgamento desta sexta-feira no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio de Janeiro. Flagrados em exames antidoping após jogos do Inter no Brasileirão e na Copa do Brasil, os dois volantes estão sujeitos a uma suspensão que pode chegar a até quatro anos longe dos gramados.
Para tentar livrá-los da punição, os advogados Rogério Pastl, Daniel Cravo e André Ribeiro alegarão doping involuntário, embasando a tese com os depoimentos de um bioquímico e do médico gaúcho Eduardo de Rose, referência em controle antidoping e membro da agência mundial antidoping.
A denúncia da procuradoria foi feita no dia 26. Nilton e Wellington serão julgados pela Quarta Comissão Disciplinar, em sessão que se iniciará ao meio-dia. Qualquer que seja a decisão da Turma do STJD, caberá recurso ao Pleno, podendo o novo julgamento ser realizado apenas no ano que vem. Os volantes testaram positivo para as substâncias hidroclorotiazida e clorotiazida, em três exames diferentes, nos dias 16, 23 e 30 de setembro, em jogos contra o Corinthians, pelo Brasileirão, e nos dois contra o Palmeiras, pela Copa do Brasil. Nilton foi flagrado nos jogos dos dias 16 e 30, enquanto Wellington acusou resultado positivo no dia 23.
A estimativa é que o julgamento dure até uma hora e meia. Tanto a defesa quanto a acusação interpelam as testemunhas no tempo que acharem necessário para encontrar motivos para fazer de Nilton e de Wellington inocentes ou culpados. Um especialista em doping ligado à CBF também deve ser ouvido.
- É um julgamento demorado por causa da possibilidade de se haver uma pena alta. Os casos considerados normais geralmente duram de 15 a 20 minutos. Para doping, os julgamentos passam de hora, principalmente porque não existe limite de tempo para as perguntas e falas das testemunhas - explica um advogado do esporte.
Pessoas próximas afirmam que, desde que foram suspensos pela Comissão de Doping da CBF, no início do mês, Nilton e Wellington tentam manter a rotina inalterada. Como estão proibidos de trabalhar no Inter, não podem usufruir da academia do clube, correr ao redor do gramado ou, ainda, ser flagrados com o uniforme da equipe. Qualquer ato que ligue a dupla ao Inter poderia resultar em uma punição ainda maior. Resta aos atletas intensificar os trabalhos físicos e técnicos de forma particular - em academias ou mesmo nos condomínios nos quais moram.
Como é o julgamento
- A sessão é aberta pelo relator Leonardo Andreotti, que resume aos auditores da Quarta Comissão Disciplinar do STJD o que consta no auto do processo de doping notificado pela Comissão de Doping da CBF no último dia 9 de novembro.
- Em seguida, são tomados os depoimentos de Wellington, Nilton e das testemunhas de defesa chamadas pelo advogado do Inter, Rogério Pastl. Além de um bioquímico, será ouvido o médico gaúcho Eduardo de Rose, referência em controle antidoping e membro da agência mundial antidoping.
- A seguir, falam o procurador Flavio Zveiter, que faz a denúncia, e Rogério Pastl, advogado do Inter. Há possibilidade de o tempo de explanação ser definido entre 10 a 15 minutos.
- Um especialista em doping, ligado à CBF, pode ser chamado e ouvido pela Quarta Comissão Disciplinar como uma espécie de consultor.
- A votação tem início.
- O primeiro a votar é o relator Leonardo Andreotti. Seguem-se o vice-presidente Ronaldo Botelho Piacenti, Zveiter e os demais auditores. A sequência se dá sempre a partir do auditor mais antigo. O último a votar é o presidente Wanderley Godoy Junior.
- De acordo com o artigo 19 da Norma da FIFA, em caso de pena, a suspensão pode ser de até quatro anos.
Exame surpresa
A Comissão de Controle de Dopagem da CBF pode dar ainda nesta sexta um retorno ao Inter sobre os exames antidoping realizados de surpresa no grupo profissional, na semana passada. Para o caso de um novo resultado positivo, o clube tem direito a um novo exame - a chamada contraprova - antes de o jogador (ou jogadores) ser denunciado junto ao STJD. A contrapova seria realizada na Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
O problema é que se mais um atleta for flagrado com substâncias ilícitas no organismo, o Inter também terá de se defender no tribunal desportivo. Neste caso, o clube seria denunciado pela procuradoria pelo fato de ter mais de dois jogadores, em curto período de tempo, flagrados no antidoping.
Além da suspensão das competições organizadas pela Fifa por até dois anos, há chance de perda de pontos e, em um caso extremo, até de rebaixamento.
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