O exame antidoping realizado por todo o grupo do Inter na última terça-feira é um procedimento padrão adotado adotado recentemente pela CBF. No entanto, o processo foi antecipado por conta dos testes positivos para as substâncias hidroclorotiazida e clorotiazida nos volantes Nilton e Wellington Martins no final de setembro.
Além do exame de urina para determinar a existência ou não de drogas no organismo dos atletas, foi feito um exame de sangue para uma espécie de triagem, chamada de "passaporte biológico". Com ele, as comissões de controle de doping montam um banco de dados do padrão sanguíneo dos jogadores – e podem detectar eventuais alterações com o passar do tempo. Este procedimento já foi realizado, por exemplo, no Atlético-MG.
– O exame no elenco do Internacional poderia ser no próximo ano, porque não faríamos mais nenhum time inteiro. Como houve esses três casos (dois exames de Nilton e um de Wellington), achei que seria oportuno que fizéssemos um exame em todos para ajudar o Inter a elucidar a questão – disse Fernando Solera, chefe da Comissão de Controle de Dopagem da CBF. Os resultados serão divulgados entre 10 e 12 dias úteis e utilizados no julgamento dos jogadores.
Na defesa, os advogados do Inter apontam o doping involuntário. Para Solera, estes casos não alteram a percepção das comissões antidoping.
– Quando falamos em doping involuntário, as pessoas pensam que ninguém tem culpa, mas não é isso. O doping involuntário é encarado da mesma maneira que o doping voluntário. Não sou eu que julgo ou penalizo – acrescentou.
Fernando Solera, chefe da Comissão de Controle de Dopagem da CBF
Como é o procedimento que foi adotado no Inter?
Esse procedimento é normal. Temos feito em alguns clubes, não em todos, porque o custo deste procedimento é alto. Chama-se passaporte biológico (coleta de sangue) e controle de doping fora de partida. Não fizemos isso só com o Inter, fizemos com outros clubes, como o Atlético-MG. Mas o motivo principal para termos feito no Inter foram estes três resultados analíticos adversos (dois de Nilton e um de Wellington). O Internacional seria no próximo ano, porque não faríamos mais nenhum time inteiro este ano. Como houve estes três casos, achei que seria oportuno que fizéssemos um exame em todos para ajudar o Inter a elucidar a questão. Poderia ser feito pelo Inter no próximo ano, mas ninguém está aqui para ocultar nada, e fiquei preocupado com esta situação. Esta é uma tendência que façamos pro ano que vem. porque o exame fora de partida é um exame de inteligfência, tem que cercar.
Como funciona a montagem do passaporte biológico?
Enquanto na urina buscamos a droga, se houver, no sangue buscamos uma mudança no padrão hematogênico/hormonal. É uma mudança no padrão do sangue do atleta. Essa mudança é que, no futuro próximo, vai representantar a maioria dos exames. Os resultados saem entre 10 e 12 dias úteis para que o Tribunal possa trabalhar com mais dados.
Como os resultados podem impactar no processo?
O regulamento de controle da Wada e da Fifa, que diz respeito à CBF também, aponta que todo o time que for flagrado em mais do que dois jogadores em uma competição poderá sofrer algum tipo de sanção. Suspensão, perda de ponto, multa. Mas o caso do Inter são dois, não mais do que dois jogadores. A ideia é saber se não tem mais alguém e, não tendo mais alguém ou tendo, o Tribunal vai poder dirigir de uma maneira mais explícita, mais ampla, sem nenhuma dúvida. Todo mundo me pergutna se não tem outro jogador. Para que não tenha essa pergunta, fizemos em todos. A Autoridade Brasileira de Controle de Doping (ABCD) participou junto conosco, fez a parte sanguínea. O Inter nos recebeu muito bem. Eu os avisei na noite de segunda-feira e fomos muito bem recebidos.
Os advogados do Inter alegaram inicialmente que o doping foi involuntário. É comum este tipo de defesa?
Dei aula para cerca de 40 clubes este ano. Nestes 40 clubes, a temática da aula é o doping involuntário. Mas quando falamos em doping involuntário, as pessoas pensam que ninguém tem culpa, e não é isso. O doping involuntário é encarado da mesma maneira que o doping voluntário. Não sou eu que julgo ou penalizo. No doping involuntário, pode muitas vezes o atleta tomar um suplemento que esteja. Há trabalhos científicos que mostram que muitos desses suplementos estão contaminados. Estas aulas têm a função de mostrar os cuidados que os atletas têm que ter em festas, hotéis. São aulas absolutamente gratuitas e fazem parte do programa de controle de doping da CBF. O atleta pode não ter tido a vontade de tomar, mas existe outra coisa, que é a responsabilidade objetiva. Ou seja, o atleta é totalmente responsável por tudo aquilo que está na sua urina. Não é o caso do Inter, mas haveria o perigo de se chegar a um ponto que sempre vão dizer que foi sem querer. Não podemos bobear. Não é desconfiar do atleta, mas também não é simplesmente aceitar uma história. É preciso investigar, essa é a temática das comissões de doping. Analisar os prontuários médicos, ver se os medicamentos que o atleta ingeriu têm a substância do exame.
Valdívia e Sasha, que não estavam, farão os exames?
Vai ser feito. Não quis que o Valdívia fizesse porque está machucado, recém-operado. Vamos usar de bom senso. Já vamos ter uma amostragem bem significativa. Na semana que vem, o Félix Drummond, coordenador de Porto Alegre que trabalha conosco, vai conduzir o processo.
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