Diego Aguirre tem dedo de treinador - o dedo clínico que escolhe o melhor jogador nas categorias de base entre iguais aparentes com diferenças potenciais que às vezes só ele enxerga. Prova disso está no elenco colorado de hoje, onde se afirmam valdívias e rodrigos, gefersons e williams, mais sashas e lisandros, uns promovidos, outros indicados para importação.
Nesse quesito, Aguirre é um Ênio Andrade, o melhor que já vi.
Aguirre é também um líder de grupo, que se impõe pela suave autoridade baseada na justeza do tratamento que sugere uma igualdade de oportunidades mais simbólica do que estrita, dando a todos os atletas o respeito merecido e, de inhapa, a sensação (exagerada) de que todos são iguais perante a titularidade.
Nesse quesito, Ênio Andrade também sempre esteve na ponta.
A terceira virtude de um treinador completo está na montagem da ação coletiva. Organização, movimentação, capacidade de resumir as três atividades de uma equipe de futebol: defender, armar e atacar.
Ênio Andrade também nesse quesito apareceu sempre na frente, mas não sozinho, em cada uma delas. Dino Sani tinha o dedo clínico, Minelli tinha na organização coletiva o seu ponto alto. É nesse item que Aguirre está devendo. Não apareceu, até aqui, o time do Internacional, na ponta da língua e em todos os espaço de campo. Rodízio dá nisso.
Geralmente, o adversário do Internacional domina o meio-campo e acha aberto o caminho do gol, progride a toques até perto da área colorada, especialmente porque Aguirre abdica da marcação no setor, optando quase sempre por quatro laterais, os dois nominais, mais os dois meias, que recuam sobre a linha até a bandeirinha do escanteio, quando o habitual é cobrir os laterais pelas costas, com zagueiros e volantes, em vez de os expor, como faz Aguirre, a uma pressão massacrante, cuja melhor hipótese é o jogo lá e cá. Pessoalmente prefiro lá e lá.
*ZHESPORTES