Este sábado é o último dia da série sobre Fernandão, que a RBS TV exibiu ao longo da semana, assinada pela Eduarda Streb e pelo Vinícius Brito. O depoimento do massagista Juarez Quintanilha, o Jura, é antológico. Não pelos novos bastidores de Tóquio, mas por consagrar a tese de que não se ganha nada sozinho, menos ainda o mundo.
O Globo Esporte mostrará imagens inéditas de Enzo, 12 anos, treinando no Beira-Rio. Quando a rotina permite, Alex leva e busca o filho do amigo. Já vi Enzo em ação. O futuro ninguém sabe. Trata-se de uma criança ainda, mas é um menino diferente dos demais com a bola no pé. Não está na base do Inter só pelo sobrenome. Fernanda, a viúva, nem permitiria. Menos ainda o próprio Fernandão, pode apostar.
Na casa de Goiânia, pai e filho - os dois centroavantes, os dois altos, os dois parecidos fisicamente e no jeito de lidar com as pessoas - brincavam de trocar passes de cabeça sem deixar a bola cair. Qualquer problema Enzo resolvia de canhota, impedindo-a de tocar o chão e erguendo-a de novo até a cabeça do pai. Quantos passes? Mais de 80.
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É incrível que já tenha se passado um ano da morte de Fernandão. Conversamos dias antes do acidente, no Serra Dourada. Era o amistoso da Seleção contra o Panamá. Das cadeiras, onde estava, ele me avistou na área dos jornalistas. Gritou pelo nome, sem parcimônias. Batemos papo na grade divisória entre dois setores. Queria saber, avidamente, como estavam todos em Porto Alegre. Era um homem sorridente, jovem, feliz, cheio de planos. Falamos sobre o projeto dele, de ser comentarista de TV.
As homenagens deste domingo, antes do jogo com o Coritiba, ainda têm muito de terapia coletiva, tentando elaborar uma perda tão injusta. A vida não é justa, este é o ponto. Só que é uma só. Fernandão se foi jovem, mas viveu a sua como poucos. O torcedor colorado sabe bem disso, por que a dele foi um pedaço da sua.
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