Algumas lacunas estão em branco na memória. Há registros pela metade, talvez suprimidos pelo nervosismo da primeira entrevista. Outros parecem devorados pela saudade que aperta em silêncio o coração dos gêmeos Enzo e Eloá, 11 anos, filhos de Fernandão.
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Não costumava ser assim, entrega a mãe, Fernanda Bizzotto da Costa, 38 anos, viúva do ídolo colorado. Até o acidente de helicóptero que levou o pai no Araguaia, em 7 de junho, eram os pequenos da casa que relembravam as histórias com a maior riqueza de detalhes.
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Mas, se alguns registros parecem ter ficados pelo caminho, as feições do pai no imaginário das crianças seguem intactas. Vieram de Eloá os últimos ajustes na estátua de Fernandão que será inaugurada nesta quarta, às 18h, próximo ao memorial feito pelos torcedores ao ídolo.
- O nariz estava meio estranho, assim ó - diz ela, puxando as narinas para cima para exemplificar.
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Da genética do pai, veio a arte de cultivar melhores amigos e mantê-los por perto. Os gêmeos fazem do apartamento no bairro Boa Vista um QG da turma. Um colchão inflável no chão da sala basta para acomodar todos. São esses amigos que confortam e iluminam a rotina dos gêmeos nesta volta para Porto Alegre. São eles também que refrescam a memória das estripulias na casa dos Costa quando Fernandão estava vivo.
Como, por exemplo, o "peixe-pizza", um peixe grelhado na churrasqueira com queijo e calabresa em cima, ou o picolé de gaúcho, como chamavam o carré que o "Tio Fernando" fazia. Em casa, Fernandão apostava corrida com a gurizada para jogar videogame. Tudo porque quem chegasse primeiro escolheria qual time seria antes de todo mundo:
- Ele ia gritando da escada: "Eu sou o Bayern, eu sou o Bayern", e ganhava todas - lembra Enzo, revelando timidamente suas covinhas.
Os "parça", como o ídolo os chamava, são de fé. Fizeram questão de ir até Goiânia para se despedir do "tio" poucas horas depois do acidente. Queriam estar ao lado de Enzo e Eloá.
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Por ironia, é o DNA do pai que tem ajudado os manos a tocar a vida. Além da mania de ter os amigos sempre perto, herdaram também a paixão pelos esportes. É com a bola por perto que driblam o golpe levado do destino. Fernandão sempre incentivou os filhos a se exercitar de alguma forma.
Foto: Montagem sobre fotos de Carlos Macedo e Marcelo Campos/Agência RBS
Enzo segue o caminho do pai. Veste a camisa do Inter e atua como centroavante. Há uma semana, comemorou o primeiro gol oficial de sua incipiente carreira no Inter. Eloá optou pelo jogo individual. Solta a mão nos voleios nas quadras de tênis - o segundo esporte preferido de Fernandão. O professor é o mesmo que ensinava ao eterno capitão os segredos com a raquete.
Foto: Carlos Macedo e Daniel Marenco/Agência RBS
À beira da quadra de saibro ou do gramado de futebol, costuma estar Fernanda. Sempre orgulhosa em cada traço do marido que percebe nos filhos.
- Vou levar os dois para onde o Fernando sempre quis. É difícil, mas nós três, juntos, vamos conseguir - emociona-se a mãe, ao lado de Enzo e Eloá.
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