Tão logo a morte do ex-jogador Fernandão ganhou repercussão no Estado, torcedores colorados começaram a debater qual seria a melhor forma de homenagear seu ídolo. Avaliou-se a aposentadoria da camisa 9, proteger o memorial providenciado emergencialmente pelos próprios fãs em frente ao Beira-Rio e ainda alterar o nome do viaduto Abdias Nascimento, na Avenida Pinheiro Borda, inaugurado no mesmo sábado que levou a vida do ex-atleta.
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Na internet, torcedores pedem que a nomenclatura da nova estrutura na zona sul de Porto Alegre seja alterada para Fernando Lúcio da Costa. Isso é possível por meio de uma moção popular, que consiste na coleta de cerca de 50 mil assinaturas - o correspondente a 5% do eleitorado da cidade conforme a última eleição. Um projeto de lei do Legislativo ou do Executivo também pode ser protocolado na Câmara de Vereadores.
O publicitário Luis Felipe Marques Só criou a petição em um site e divulgou nas redes sociais. Até a tarde desta terça-feira, mais de 3 mil pessoas tinham assinado o documento.
- Ao meu ver, é uma maneira justa de homenagear o Fernandão. Não sou nenhum político, nem quero me promover com isso. É uma situação completamente atípica. Uma pessoa que morreu drasticamente. Contribuiu muito para o Rio Grande do Sul e para o Inter no cenário internacional. Não sei nem se ele (Abdias Nascimento) tem alguma ligação com o Rio Grande do Sul. Que conexão ele tem? - questiona Luis Felipe.
Autor da proposta que concedeu ao viaduto o nome de Abdias Nascimento, o vereador Delegado Cleiton ressalta que o batizado do monumento é um pedido da comunidade negra da cidade.
Abdias é considerado ícone nacional na luta contra a discriminação a afrodescendentes. Paulista de nascimento, exilou-se durante a ditadura militar e, no retorno ao Brasil, foi deputado federal e senador pelo Rio de Janeiro. Criou o Movimento Negro Unificado, o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro Brasileiros (Ipeafro) e instituiu o dia 20 de novembro como oficial da Consciência Negra.
- Sou pela mobilização de uma causa. Esse projeto faz um ano que está na Câmara. É um pedido da comunidade negra da cidade. Não é questão de abrir mão ou não. Tem toda uma expectativa. É o primeiro monumento com o nome de um negro em Porto Alegre. Já ouvi que isso tinha que ir para uma pontezinha, uma pracinha - reforça o vereador. - Abdias teve que fugir do Brasil (na ditadura), teve uma luta, é considerado até fora do país. Mas aí o cara tem que usar bombacha? Então coloca os 222 mil negros que vivem em Porto Alegre. Ele só não fez gols. Isso cria uma questão de desrespeito. Parece que nós (negros) não fazemos parte do Rio Grande - completa.
Veja no infográfico como foi a queda do helicóptero:
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