Em uma final eletrizante, o Inter conquistou seu 41º título estadual ao vencer o Caxias por 2 a 1, de virada, no Beira-Rio, na tarde deste domingo. Após um início irregular e complicado, a entrada de D'Alessandro e Dagoberto, no segundo tempo, mudou o time de Dorival Júnior. Os gols do vira-vira colorado foram marcados por Sandro Silva e Leandro Damião. Michel abriu o placar para o time de Mauro Ovelha.
Primeiro tempo
O jogo começou truncado, sem brilho e pouca técnica por parte de ambas as equipes. Ainda que Oscar e Dátolo tentassem ser as cabeças pensantes do Inter, o ferrolho proposto pelo técnico Mauro Ovelha na defesa caxiense impedia a aproximação dos meias colorados com o atacante Leandro Damião - mais uma vez isolado no setor. Fabrício, efetivo pela esquerda, até tentava bolas alçadas na área, mas a bola ficava facilmente com Paulo Sérgio.
Do lado do Caxias, havia um nome: Wangler. O garoto de 19 anos ignorava o fator Beira-Rio, o time milionário do Inter, as estrelas de Seleção Damião e Oscar, e enfileirava Sandro Silva, Índio, Moledo. Deixava até Guiñazu a ver navios. E assustava Muriel. Muito. Logo aos sete minutos, passou voando por Fabrício após um lençol no lateral-esquerdo e cruzou para a área. Índio salvou pela primeira vez. Três minutos depois, o camisa 10 da equipe grená pega o rebote na entrada da área e soltou uma bomba para bela defesa de Muriel.
O Inter defendia-se e tentava se encontrar no jogo. Dátolo repetia a fraca atuação da partida no Rio de Janeiro. Tinga corria por ele e pelo argentino. Fazia em campo o que Dorival Júnior fazia à beira do gramado: gesticulava, apontava os espaços em que o time deixava buracos para o ataque do Caxias, mandava os companheiros irem à frente. Nei, como elemento-surpresa, levou o primeiro perigo de gol a Paulo Sérgio aos 18 minutos. O lateral avançou pela direita, cortou para o meio e soltou uma patada. Paulo Sérgio, o nome do jogo, espalmou pela linha de fundo.
Acontece que do lado do Inter havia a tentativa. E do lado caxiense a efetividade. De tanto cruzar e chutar e buscar o gol, o time de Wangler abriu o placar. Após cobrança de escanteio do craque grená, Michel cabeceou para o fundo do gol de Muriel. A exemplo da derrota para o Fluminense, nova falha em bola parada. A bola quicou na pequena área até chegar a Michel, que não teve dificuldade em fazer o gol.
Segundo tempo
O fato é que o Inter sem D'Alessandro é um time comum, um time sem sangue-frio - e, por vezes, quente - um time sem brio, um time simples. E D'Alessandro entrou em campo no segundo tempo. E D'Alessandro mudou o Inter.
O camisa 10 fez aquilo que se espera de um craque: tomou para si o jogo e passou a ditar o ritmo do Inter e da partida. Quando D'Alessandro queria que o jogo fosse freado, puxava o freio de mão e observava as melhores jogadas para buscar a virada. Em determinandos momentos, o argentino pisava no acelerador e o Inter chegava à velocidade de um Fórmula-1 no Beira-Rio.
- Começamos errando demais. Preciso de uma troca de passes maior. Isso vai ser o diferencial - projetava Dorival Júnior no retorno do intervalo.
Dorival estava certo. Aliado a D'Alessandro, Dagoberto assumiu a função de "passador" que o treinador do Inter queria. D'Ale e Dagoberto puxavam a marcação do time caxiense e deixavam espaços para Oscar e Damião brilharem. Foi aos seis minutos que Oscar invadiu a área e sofreu falta de Lacerda. O árbitro Márcio Chagas da Silva assinalou pênalti. Era a chance de o Inter empatar. D'Alessandro, o cobrador oficial, deixou o arremate para Nei e foi conversar com Dorival Júnior à beira do gramado sobre o posicionamento do time. Enquanto isso, o lateral-direito chutava rasteiro, à direita de Paulo Sérgio. O goleiro caxiense defendia a cobrança e calava um Beira-Rio eufórico.
Só que em vez de esmorecer, o pênalti perdido acendeu ainda mais o Inter. Aos 11, Guiñazu cruzou para a área, Damião cabeceou e Jean tirou em cima da linha. Aos 16, Oscar cobrou falta, Moledo desviou de cabeça e o goleiro do Caxias fez um milagre. Só que não há time que suporte uma pressão como a que o Inter estava disposto a fazer sobre o Caxias. E aos 21 minutos da etapa final, o empate. Oscar avançou pela ponta direita, cruzou para a área, Paulo Sérgio afastou e a bola sobrou para Sandro Silva desviar de pé esquerdo para o fundo do gol.
O empate levava a decisão para os pênaltis. Mas, além de D'Alessandro e Dagoberto, o Inter tem o centroavante da Seleção Brasileira. Leandro Damião, decisivo, certeiro, matador, apareceu novamente em uma decisão e deixou sua marca. Como um raio, invadiu a área para amparar um cruzamento certeiro de Fabrício. O substituto de Kleber saiu em direção à torcida, com Damião ao lado. O atacante apontava para o camisa 14 como doido. Valorizava o companheiro criticado inúmeras vezes pela torcida.
Era o gol da virada. O gol que levou o Inter ao 41º título gaúcho. Um título para o Inter esquecer a derrota para o Fluminense, fazer as pazes com a torcida e projetar o Brasileirão. Para os colorados, é o momento de zerar um cronômetro de 33 anos sem vencer o nacional.
Gauchão 2012 - Final
Local: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre
INTER (2)
Muriel, Nei, Índio, Moledo e Fabrício, Sandro Silva, Guina, Tinga (D'Alessandro), Dátolo (Dagoberto), Oscar, Damião. Técnico: Dorival Júnior.
CAXIAS (1)
Paulo Sérgio, Michel, Lacerda, Jean, Fabinho; Umberto (Marcos Paulo), Matheus, Paraná (Alison), Wangler; Caion e Vanderlei (Rafael Santiago). Técnico: Mauro Ovelha.
Gols: Michel (C), aos 26 minutos do primeiro tempo. Sandro Silva (I), 21 minutos, e Leandro Damião, aos 26 minutos da etapa final
Arbitragem: Márcio Chagas da Silva, auxiliado por Altemir Haussman (Fifa-RS) e Marcelo Barison. O quarto árbitro será Francisco Neto e Márcio Coruja.
Cartões amarelos: Fabrício, Guiñazu, Rodrigo Moledo, D'Alessandro (I), Mateus, Lacerda, Michel, Alison, Umberto, Rafael Santiago (C).