O Corinthians que chega para enfrentar o Grêmio nesta quarta-feira (7), às 21h30min, tem passado pelos caminhos tortuosos que, há pouco tempo, o próprio Tricolor gaúcho conheceu. O time paulista está zona de rebaixamento do Brasileirão. No Couto Pereira, pelo jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil, vai para o sétimo jogo sob o comando de Ramón Díaz, que tenta recuperar a equipe a tempo de lutar por algo a mais do que apenas a permanência na primeira divisão.
O treinador argentino tem três desfalques para a decisão. O volante Raniele, expulso na partida inicial pela entrada em Villasanti, cumpre suspensão automática. Outra ausência no meio-campo Alex Santana teve lesão no musculo posterior da coxa esquerda diagnosticada na segunda-feira (5). Já o atacante Yuri Alberto retirou a vesícula na semana passada e também não encara o time de Renato Portaluppi.
Para o comentarista da ESPN Paulo Calçade, os desfalques no meio-campo corintiano auxiliam a construção da vantagem gremista para o confronto.
— Entre os inúmeros problemas do Corinthians, um dos mais graves é a marcação no meio de campo, que fisicamente é inferior à maioria dos adversários. Antes das contratações, o Raniele ficava sobrecarregado, fazendo todas as coberturas. Com Garro e Bidon, havia muita dificuldade em recuperar a bola. Com a chegada de Alex Santana, escalado ao lado do Ranieli, a situação mudou: o meio de campo tornou-se mais forte fisicamente, permitindo ao time competir mais. E é justamente isso que Ramón Díaz perde para esse confronto, fora as dificuldades que possui no ataque — analisa Calçade.
Seis jogos, quatro sem vencer
Depois de conseguir dois triunfos consecutivos, o Corinthians de Ramón Díaz vem de quatro jogos sem vencer: três empates, dois contra o Grêmio e um diante do Juventude, e uma derrota para o Atlético-MG. A necessidade de vencer é, a cada dia, mais urgente, não só para sair do Z-4 no Brasileirão, mas para seguir vivo na Copa do Brasil e na Sul-Americana, competições de mata-mata que, para os torcedores mais otimistas, ainda são esperança de título na temporada.
— O Corinthians de longe não vive o pior momento que teve na temporada, mas também já superou um breve momento que dava para se dizer que estava bem, logo que Ramón Díaz chegou. O técnico corrigiu falhas defensivas, principalmente quando joga com três zagueiros, sendo um deles André Ramalho, reforço chegado do PSV. Mesmo assim, o time tem problemas em segurar adversários no terço defensivo. Sem a trinca de zagueiros, pior ainda — comenta o repórter da editoria de Esportes do jornal Estadão, Leonardo Catto.
Nos últimos três jogos, Ramón Díaz optou por usar uma linha defensiva com dois zagueiros: utilizou o 4-4-2 com Atlético-MG e Grêmio e o 4-3-3 com do Juventude, jogos do Brasileirão. Contudo, até por conta dos desfalques no meio-campo, o técnico pode retornar ao sistema com três zagueiros, utilizada na ida das oitavas de final, na Arena Itaquera.
— Ele pode optar por Cacá, Alex Ramalho e Félix Torres, ainda mais que está sem o Raniele, que já jogou como zagueiro ali também. Sem o Alex Santana, o Corinthians vai perder muito potencial criativo, tanto na saída de bola, onde ele contribui, quanto na frente, onde o Garro fica mais solto quando tem o Alex — acrescenta Catto.
No ataque, também um desafio
Assim como Renato Portaluppi mencionava nas entrevistas coletivas após os piores momentos do Grêmio na temporada, o técnico corintiano acredita que as chances de fazer o gol tem sido criadas, mas falta efetividade para colocar a bola na rede. Contra o Tricolor, se quiser se classificar no tempo normal, o Corinthians tem a obrigação de fazer ao menos um gol.
No Brasileirão, competição em que o Corinthians mais atuou, são 19 gols feitos e 28 sofridos em 21 partidas. Sob o comando do recém-chegado treinador, levou seis gols e fez sete em seis duelos, dois deles diante do Grêmio, um pelo Campeonato Brasileiro e outro pela Copa do Brasil.
— Está claro que criamos, temos situações. A falta de gol nos preocupa muito. Temos de seguir trabalhando na parte ofensiva. Onde estamos sofrendo mais. O Corinthians cria situações em todos os jogos. Temos que seguir trabalhando nisso — afirmou Díaz após o jogo contra o Juventude pelo Brasileirão, no domingo (4).
O argentino Rodrigo Garro concentra a criatividade corintiano, principalmente quando encontra espaço para jogar. Sem o suporte de Alex Santana, o desafio é montar um sistema que não tire a liberdade de atacar de meia-atacante.