Sem trabalho há um mês, desde que a enchente suspendeu os jogos da dupla Gre-Nal, o ambulante Michel Xavier, 37 anos, "se mudou" para Curitiba nesta semana. O morador do bairro Mário Quintana, na zona norte da Capital, aposta na venda de toucas, camisetas e bandeiras do Grêmio e do Rio Grande do Sul, nos jogos contra The Strongest, nesta quarta-feira (29), e Bragantino, no sábado (1º), para recuperar a renda perdida nas últimas semanas.
— Minha família e eu estamos vivendo nas últimas semanas de doações. É maravilhoso ser ajudado pelo povo, mas nós queremos andar com as nossas próprias pernas. Por isso, vim para Curitiba e vou trabalhar no jogos de quarta e de sábado. Onde tiver jogo eu vou — conta Xavier, que desde segunda (27) fixou um ponto nas imediações do estádio Couto Pereira.
Na mesma situação está Luciano dos Reis, 48 anos. Morador do Teresópolis, na zona sul de Porto Alegre, o ambulante também se mudou para Curitiba para aproveitar a movimentação de torcedores do Grêmio nos dois jogos previstos para esta semana na capital paranaense.
— Estamos passando muitas dificuldades. Trabalho nos jogos. Se não tem, eu não tenho trabalho. E em Porto Alegre não está tendo nem jogo e nem nenhum tipo evento, está tudo debaixo d'água. Então, vim para Curitiba para tentar levar o sustento para a minha família — afirma Reis.
Os ambulantes revelam ter gasto aproximadamente R$ 1,2 mil entre deslocamento e hospedagem por uma semana em Curitiba. O desafio agora é vender produtos suficientes para bancar os custos da viagem, se manter na cidade e ainda levar uma renda extra para Porto Alegre. Contudo, a dupla reclama das restrições impostas pela prefeitura da capital paranaense.
— Aqui eles não nos deixam montar um varal com os nossos produtos. Querem que a gente apenas aborde as pessoas na sinaleira. Mas o varal é que cria o apetite no torcedor — lamenta Xavier.
Os ambulantes apostam na chegada de milhares de gremistas para o jogo desta quarta, contra o The Strongest, para alavancar as vendas, sobretudo da bandeira do Rio Grande do Sul, que, segundo eles, é o produto mais procurado pelos gaúchos em Curitiba.