O cronômetro da Arena marcava 30 minutos e 49 segundos. Mathías Villasanti tenta um lançamento para Luis Suárez, mas Campanharo corta. A bola volta para o paraguaio, porém o passe para Bitello sai errado. O lance segue com Villasanti, incansável, vencendo o "pé de ferro" com Thauan Lara, deixando Gabriel Mercado no chão e, mesmo desequilibrado, finalizando rasteiro e mandando a bola para o fundo das redes de Keiller. Ali o placar sobe para 2 a 0 e o Grêmio começa a encaminhar a vitória em mais um clássico Gre-Nal.
Na noite em que Suárez foi protagonista no ataque, com um gol e uma assistência, e Kannemann na defesa, destruindo os ataques do rival e recuperando bolas no campo de ataque, Mathías Villasanti se colocou como a terceira força tricolor, se movimentando em todos os setores do campo, enquanto Carballo atuava mais postado na frente dos zagueiros. Titular em cinco clássicos desde 2021, ano de sua chegada à Arena, este foi seu primeiro gol contra o Inter.
Ele foi o primeiro paraguaio gremista a marcar diante dos Colorados. O outro gol de um jogador natural do país no clássico foi de Enciso, do Inter, em 2000. Villasanti, neste ano, também marcou diante do ABC e lançou para Ferreira marcar contra o Campinense.
Mesmo sendo um dos destaques no ano passado, Mathías Villasanti começou a temporada na reserva, ficando de fora até do banco em razão do excesso de estrangeiros. No início do ano, Renato Portaluppi disse que já o conhecia e, portanto, precisava dar oportunidade para os novos volantes contratados — Pepê e Felipe Carballo. Com os problemas físicos dos concorrentes, logo retomou o seu lugar, mas também acabou saindo em função de lesões.
Uma no Gre-Nal do Gauchão, quando teve de deixar o jogo aos 15 minutos do primeiro tempo, e a mais grave diante do Santos, na estreia do Brasileirão, quando se chocou com Kannemann e sofreu múltiplas fraturas na face. Recuperado, retomou a titularidade utilizando uma máscara no rosto. Para a torcida, virou o "Super Villasanti".
— Foi uma recuperação bem tranquila. Eu queria voltar rápido, e os médicos foram muito bem. Eu tinha que continuar utilizando durante uns dias mais, mas tirei contra o Cruzeiro, e agora estou liberado — disse Villasanti.
Natural de Caacupé, uma pequena cidade do Paraguai, Villasanti sempre foi ligado à família, mesmo quando se mudou para Assunção para jogar no Cerro Porteño. Ao contrário da intensidade do campo, mantém uma vida tranquila. O argentino Diego Churín, que atuou no Grêmio entre 2021 e 2022, era um dos seus parceiros para frequentar uma parrillada no bairro Bom Fim.
Seu novo amigo é Luis Suárez, companheiro de clube desde janeiro. Antes do Gre-Nal, o uruguaio externou na rede social, em tom de brincadeira, um duelo em um treinamento vencido sobre o paraguaio. Nas imagens, o Pistolero ria de Villasanti, que estava caído no gramado do CT Luiz Carvalho. Não se sabe exatamente qual foi o desafio, mas Villa respondeu que haveria troco.
Aos 26 anos, Villasanti tem contrato com o Grêmio até dezembro de 2024, com opção de prorrogação até 2025. Desembarcou em 2021, com aval de Felipão, técnico da época, e recomendado por Francisco Arce, seu técnico no Cerro Porteño e ex-jogador gremista. No Paraguai, é uma das esperanças de liderar a seleção à Copa do Mundo 2026. Os Guaranís não disputam um Mundial desde 2010.
— Ele é o jogador mais regular da seleção. Porém, infelizmente, ninguém consegue se diferenciar no Paraguai, ninguém é imprescindível. Seja quem jogue, a seleção paraguaia está muito mal — afirma Wilson González, jornalista do ABC Color, de Assunção.