O casamento entre Grêmio e Renato Portaluppi coloca o clube no caminho dos títulos desde os anos 1980. Uma relação construída e fortalecida por conquistas e alegrias ao torcedor em momentos espalhados pelos últimos 40 anos. Se os pés de Renato abriram o caminho para a conquista do mundo, em 1983, o treinador busca na final de deste sábado (8), às 16h30min, na Arena, contra o Caxias, chegar à marca de nove títulos no comando da equipe tricolor, ficando atrás apenas de Oswaldo Rolla, o Foguinho, que tem 10 conquistas
Uma taça que poderá ter sabor especial para Renato. Quando entrar no gramado da Arena neste sábado, será o jogo de número 700 defendendo o clube, somando seu período como jogador e agora como técnico.
Em caso de mais uma faixa do peito e de volta olímpica neste final de semana, Renato conquistará também um feito que não se repetiu nas últimas décadas. Será tetracampeão gaúcho, e estará a uma taça de igualar a marca de cinco títulos estaduais de Foguinho e de Cláudio Duarte. E sem nenhum indicativo de que sua carreira como treinador esteja próxima do fim.
Após anos e anos patinando entre bons e maus momentos no início dos anos 2010, Renato quebrou o ciclo de decepções de 15 anos do torcedor gremista ao levar a equipe ao título da Copa do Brasil de 2016. E não parou por aí. No ano seguinte, veio a conquista da Libertadores e a participação no Mundial de Clubes.
A Recopa Sul-Americana de 2018 foi o último título de maior expressão. Nesse ano, o clube passou a ter sucesso nas disputas do Rio Grando do Sul. A sequência atual de cinco títulos contou com as participações de Tiago Nunes e Roger Machado, em 2021 e 2022, respectivamente. Mas a hegemonia local passa muito pelo trabalho do atual técnico.
— O estilo competitivo do Renato, somado à experiência de quem ajudou a desbravar a Libertadores, como atleta e técnico, além de outros certames de grande relevância como a Copa do Brasil, ajudou a moldar um perfil muito identificado com a nossa camisa e com o que almejávamos para o Grêmio. Creio que essa junção de fatores deva ter contribuído para torná-lo tão vencedor ao longo de sua trajetória no clube — avalia o atual presidente do clube, Alberto Guerra.
O primeiro presidente do Grêmio a apostar em Renato foi Duda Kroeff. Em 2010, com o fantasma do rebaixamento dando as caras no Olímpico, Duda fez o convite que deu início à história do ídolo como técnico do Tricolor. Vindo do Bahia, ele levou o time do Z-4 para o quarto lugar e garantiu um lugar na Libertadores do ano seguinte.
— Ele tem uma identificação muito grande com o grupo. É muito respeitado, dentro e fora do clube, pelos tempos que ainda era jogador. Se o tivesse trazido antes, seríamos campeões brasileiros em 2010. Ganhou os títulos. Tem uma liderança muito grande com os jogadores no vestiário. É algo que é natural para ele como pessoa. É um líder nato de pessoas. Além de não ter a necessidade de fazer curso na Europa para entender de futebol, algo que ele sabe muito — destaca Kroeff.
Presidente do Grêmio entre 2015 e 2022, Romildo Bolzan Júnior teve na parceria com Renato os melhores momentos no clube. As conquistas e a convivência com o técnico são lembradas com carinho pelo ex-presidente.
— É a identificação que ele tem com o clube, com a torcida. Isso faz ele superar qualquer dificuldade que encontra. Passa exatamente por isso. A forma que ele se comporta diante dos adversários, de sempre respeitar e valorizar as vitórias — explica Bolzan, que é enfático ao refutar a imagem de que o técnico não é um trabalhador dedicado.
— Na hora de trabalhar, trabalha. Descansa no momento dele. Fica com a família quando é a hora de ficar com a família. É um técnico sempre muito concentrado no detalhes — acrescenta.
Mais do que uma decisão para o Grêmio, o confronto deste sábado contra o Caxias pela final do Gauchão aproxima Renato de novos recordes. Um jogador que marcou uma geração, e que agora busca a afirmação como o treinador mais importante da história de 119 anos do Tricolor. E com fome por mais títulos para seguir escrevendo novos capítulos.
NÚMEROS DE RENATO NO GRÊMIO
Como treinador
- 437 jogos
- 230 vitórias
- 115 empates
- 92 derrotas
- 691 gols marcados
- 362 gols sofridos
- 8 títulos
Como jogador
- 262 jogos
- 146 vitórias
- 77 empates
- 39 derrotas
- 74 gols
- 4 títulos
Técnicos com mais conquistas no clube:
Oswaldo Rolla — 10 títulos
Renato Portaluppi e Telêmaco Frazão de Lima — 8
Felipão — 7
Carlos Froner — 5