Um bom enredo de um filme de suspense começa com o personagem principal vivendo uma vida bela e feliz (o Grêmio dos títulos mais recentes), mas que cai em desgraça (rebaixamento). Há alguma relutância para encarar a nova realidade (primeiras rodadas da Série B). Sem uma saída fácil, é preciso encarar a tormenta de dificuldades. Nas cenas seguintes, após muito esforço, a resposta-chave parece ao alcance e o objetivo se aproxima de ser atingido (17 jogos de invencibilidade). Os problemas são persistentes e ressurgem (dificuldade de vencer fora e quatro jogos sem vitória). Uma nova solução é buscada (contratação de Renato).
O final feliz do roteiro pode vir para o Grêmio no próximo domingo. Embora decepcionante, o empate em 1 a 1 com o Bahia, no domingo, permitiu ao clube assegurar o acesso na partida contra o Náutico, na antepenúltima rodada da Série B.
Ironia do roteirista, uma vitória no emblemático Estádio dos Aflitos somada a um punhado de resultados paralelos pode garantir o Tricolor entre os quatro primeiros. Vice-líder com 58 pontos, o time de Renato se garante no G-4 caso três resultados paralelos aconteçam. O Sport não pode vencer o Londrina, o Sampaio Corrêa não pode vencer o Ituano e o Criciúma não pode sair vitorioso contra o Vasco.
— Sei que poderíamos dar um pouco mais. Quando cheguei falei que o Grêmio vai subir, mas que ia sofrer. Poderíamos já ter garantido? Sim, mas vamos sofrer um pouco mais. No final, o casamento vai sair — assegurou o técnico Renato Portaluppi.
Sofrer é um dos verbos mais conjugados pelos gremistas desde o ano passado e foi onipresente nas entrevistas após o confronto contra os baianos. As dificuldades estão não apenas na busca para concretizar as formalidades matemáticas do acesso, mas no jogo em si. Após sair atrás, com gol sofrido no fim do primeiro tempo, o Grêmio penou muito para buscar a igualdade.
O gol aos 38 minutos do segundo tempo amenizou o ambiente no estádio, embora insuficiente para apagar o sentimento de frustração.
— A torcida veio em massa, cumpriu o seu papel. A campanha tem sido assim. Vamos subir, mas tem sido sofrido. Acho que não vamos conseguir na próxima rodada. Seria importantíssimo vencer o Náutico porque os adversários vão pontuar mais do que nessa rodada. Vencer o Náutico se tornou imperativo — afirmou o presidente Romildo Bolzan Junior.
A previsão do dirigente pode estar calçada da campanha gremista como visitante na Segunda Divisão. Foram somente duas, a última no já longínquo agosto, quando venceu o Guarani por 2 a 1. Caso a classificação não chegue em Pernambuco, a segunda chance será diante o Tombense, em Minas Gerais.
O gol do empate saiu de maneira improvável. Enviado a campo no intervalo, Thiago Santos, desafeto da torcida, foi o responsável pelo 1 a 1. Criticado pelos gremistas, ouviu vaias, mas, no fim do dia, ajudou aplacar as aflições, mas insuficiente para diminuir a ansiedade.
— Gera ansiedade, está chegando ao fim, tanto a torcida quer subir o quanto antes, a gente sabe, temos que saber lidar com isso, a ansiedade tem bastante, mas vamos pouco a pouco, o empate foi bom pelas circunstâncias, falta pouco para chegar lá, vamos trabalhar para ganhar contra o Náutico — disse o volante na saída de campo.
A poucos pontos de subir, o Grêmio confirma a tese de que subir não seria fácil, mas pouco imaginavam que seriam tão difícil com o desenlace de um bom filme de mistério.
Jogos restantes
Grêmio
- Náutico (F)
- Tombense (F)
- Brusque (C)
Bahia
- Vila Nova (C)
- Guarani (C)
- CRB (F)
Vasco
- Criciúma (F)
- Sampaio Corrêa (C)
- Ituano (F)
Sampaio Corrêa
- Ituano (F)
- Vasco (F)
- Londrina (F)
Sport
- Londrina (F)
- Operário (C)
- Vila Nova (F)
O que é necessário para subir contra o Náutico:
- Vencer nos Aflitos e torcer para que…
- O Sport não vença o Londrina
- O Sampaio não vença o Ituano
- O Criciúma não vença o Vasco