O coração do torcedor gremista bate de forma diferente quando os nomes de Lucas Leiva e Thiago Santos são mencionados. Os batimentos se aceleram em qualquer um dos casos: um por paixão, outro por raiva. Apesar da preferência pelo jogador formado nas categorias de base do Grêmio, foi o segundo o herói improvável do empate com o Bahia, no domingo passado. Essa situação gera a dúvida sobre quem começa jogando diante do Náutico, o duelo que pode selar o destino tricolor para a próxima temporada.
Os dois são símbolos da história recente do clube. Contratado para o segundo turno da Série B, Lucas era visto como uma marca da retomada tricolor. Apesar das emoções e das expectativas com a chegada do meio-campista, em campo a resposta ainda não atingiu o patamar desejado. Já Thiago Santos foi marcado pela torcida como um dos emblemas da campanha do rebaixamento no ano passado.
Relegado a um segundo plano na temporada gremista, Thiago subiu mais um degrau na hierarquia do vestiário. Seu espaço aumentou desde o desembarque de Renato Portaluppi na Arena. Nas sete partidas com o ídolo gremista no comando, o camisa 5 foi utilizado em todas, duas como titular. Nos 28 jogos anteriores na competição, foi colocado em campo nove vezes.
Foi entrando no intervalo da partida da Arena que ele colocou uma interrogação na escalação gremista para o fim de semana. Ele entrou no lugar de Lucas. Apesar de o ex-jogador da Lazio ter feito uma atuação opaca, a troca não agradou ao torcedor. A cada toque de Thiago Santos na bola, um burburinho de insatisfação reverberava nas arquibancadas. Pois mal sabiam, os tricolores, o que estava por vir.
Mobilidade
O substituto foi decisivo para o 1 a 1 e quase marcou outros dois gols. Primeiro, marcou o que seria o empate gremista, mas a jogada foi anulada pelo VAR. Depois, Thiago igualou o placar. No último lance da tarde, a bola estava a sua feição para fazer o 2 a 1, mas Diego Souza se atravessou na frente e desperdiçou a chance.
— Lucas não vem jogando na posição dele. Apesar de ter um cognitivo muito bom, tem a questão da mobilidade. Thiago Santos tem uma imposição física muito boa, o que pode ajudar. Gosto mais do Lucas jogando mais posicionado, mas talvez não seja este o momento. Pode ser que o momento seja o de sair jogando com Thiago Santos — opina Gavião, volante do Grêmio nos anos 1990 e 2000.
A análise do ex-jogador ajuda a explicar por que, apesar de a dúvida envolver dois volantes, a troca ser mais complexa do que apenas a entrada de um no lugar do outro. Lucas atuou nas últimas partidas como meia posicionado atrás do centroavante. Thiago Santos, como primeiro homem de meio-campo, fez com que Bitello fosse adiantado. A intenção era, em um momento de dificuldade, dar maior agilidade ao time.
— Sabíamos que íamos dar o contra-ataque para o Bahia e o Thiago é um jogador rápido. Tínhamos de ter um jogador rápido — justificou Renato.
A observação do treinador bate com o mapa de ações do Footstats. Nas imagens, é possível ver maior participação de Thiago Santos, tanto em quantidade quanto em área de atuação. Diante de um adversário que deve ter o mesmo ímpeto ofensivo que o Bahia mostrou nos 45 minutos finais da rodada passada, Renato terá de escolher entre a agilidade de Thiago e a maior técnica de Lucas.