O Grêmio sustenta sua campanha na Série B pelo bom desempenho do sistema defensivo. O time de Roger Machado tem a melhor defesa da competição, ao lado do Cruzeiro — sofreu apenas quatro gols em 11 rodadas. O retrospecto coloca a equipe com o melhor desempenho entre todos os 60 times participantes das três principais divisões do Brasil.
A solidez defensiva é marca definitiva no trabalho de Roger desde seu retorno ao clube. Em 21 jogos sob o comando do técnico, o time só tomou 11 gols. E teve o goleiro batido mais de uma vez em apenas uma partida: a derrota que eliminou o Grêmio na estreia na Copa do Brasil, no 3 a 2 para o Mirassol. Entre jogos do Gauchão, Copa do Brasil, Recopa Gaúcha e Série B, a equipe sustenta uma média de apenas 0,52 gol sofridos por jogo.
O bom momento do sistema defensivo também antecede a mudança tática recente para o esquema com três zagueiros. Mesmo quando a equipe contava com Geromel e Bruno Alves como a dupla titular, o rendimento também era elogiado. Na avaliação de Gabriel Corrêa, analista tático do projeto Footure, a parte técnica dos zagueiros à disposição de Roger Machado faz a diferença:
— Ter zagueiros como Geromel e Kannemann, jogadores bem acima do nível dos atacantes da Série B, e Bruno Alves, que jogaria tranquilamente na Série A, faz diferença. Parte primeiro da qualidade técnica individual. O Geromel ganha todos os duelos, é um jogador muito inteligente — citou.
Elogios repetidos por Atílio Ancheta. Um dos melhores zagueiros da história gremista, o uruguaio considera que a qualidade técnica de Geromel e Kannemann permite que o time jogue com mais segurança. E pela segurança da dupla, os outros jogadores que atuam no setor também se beneficiam.
— O time precisa ser compacto em todos os setores. Alguma falhas coletivas atrapalharam o Grêmio na campanha da Série B. Mas com uma zaga de talento, o time se sente mais seguro. Acredito que o Roger tenha começado a ajustar a equipe pela defesa e agora tentar ir ajustando o ataque — disse Ancheta, que fez história ao atuar no clube na década de 1970.
O Grêmio passou a atuar com três zagueiros após o retorno de Kannemann. A partir de então, defende-se utilizando uma linha de cinco jogadores na entrada da área. Os três zagueiros ainda contam com o auxílio dos alas na proteção. Com essa nova proposta, o time não sofreu gol nas quatro partidas em que o sistema foi utilizado.
Para Roger, um dos segredos do sucesso defensivo da equipe está na participação de um jogador que não compõe a defesa. O técnico cita com frequência em suas entrevistas coletivas que parte do sucesso da estratégia é contar com um "sétimo" marcador. O responsável por esta tarefa é Bitello, que supera com facilidade a marca de 10 quilômetros percorridos por partida.
— Com sete jogadores atrás da bola, não tomo gol. Mas esse jogador precisa ter as duas características. Esse sétimo hoje é o Bitello, que tem força para defender e para chegar à frente — explicou.
Enquanto os esforços defensivos do time explicam boa parte dos pontos conquistados na Série B, o ataque ainda deixa a desejar. Na sequência de cinco rodadas sem derrota, o Grêmio marcou apenas em duas partidas — contra o Ituano e Novorizontino.
Na análise de Gabriel Corrêa, os cuidados defensivos da equipe não são responsáveis pela falta de efetividade dos atacantes:
— Se defender bem não te faz abrir mão de ser ofensivo. O Grêmio consegue marcar, mas ainda não encontrou a fórmula para atacar. Ainda não achou uma estrutura adequada para atacar melhor.
Como solução para os problemas do ataque, o Grêmio aposta na incorporação de novas opções para o setor nas próximas semanas. Ferreira e Jhonata Robert retornam do departamento médico em julho. Guilherme, contratado do Al Dhafra, será inscrito como reforço a partir de 18 de julho.