O Grêmio tem sido uma repetição de atuações desagradáveis para sua torcida. Na tarde deste domingo (29), a mudança de sistema tático feita por Roger Machado com o uso de três zagueiros foi insuficiente para o Tricolor sequer vencer o vice-lanterna Vila Nova, no Serra Dourada. Com pouca criatividade e dificuldade na organização ofensiva, o clube gaúcho ficou apenas no 0 a 0 e segue fora do G-4 da Série B. Já são quatro rodadas sem vitória - vai terminar o mês de maio com apenas três pontos conquistados em 12 disputados.
Depois de ter tido dez dias desde o jogo contra o Criciúma até o compromisso no Serra Dourada, Roger Machado agora tem o tempo como adversário. O Tricolor volta a campo já na quinta-feira (2), às 20h, para enfrentar o Vasco da Gama, em São Januário. Os cariocas estão atualmente em segundo lugar, com 17 pontos, cinco a menos que o líder Cruzeiro. Quinto, o Grêmio soma 13 e está dois atrás do quarto colocado Sport.
Na saída do gramado, os atletas deixaram clara a frustração com o novo empate, o terceiro seguido.
— Momento difícil que estamos passando, mas temos que continuar, cada jogo é uma decisão. Entendemos a cobrança do torcedor, mas estamos procurando dar o nosso melhor dentro de campo. É ter tranquilidade, estar junto para que possamos voltar a vencer. Temos de continuar trabalhando — declarou o centroavante Elkeson, que entrou no lugar de Diego Souza no segundo tempo.
O capitão Geromel lamentou as chances perdidas e admitiu que o sistema com três zagueiros ainda precisa ser mais treinado.
— Não foi o resultado que a gente queria. Tivemos algumas chances e não conseguimos concretizar. Agora, temos que trabalhar para quinta-feira. Foi um sistema que a gente jogou pela primeira vez, em Vacaria foi outro time. Temos de trabalhar mais para encaixar, para ter mais automação. Mas isso é com o técnico — destacou.
Roger Machado também reconheceu a atuação ruim. O treinador, no entanto, destacou as chances de gol criadas pela equipe, principalmente nos primeiros minutos, e admitiu que o Grêmio precisa ter um maior equilíbrio emocional durante as partidas.
— Embora não tenhamos feito um bom jogo, criamos oportunidades suficientes para vencer. Um primeiro tempo equilibrado, em que um modelo conseguiu gerar oportunidades. Sofremos um pouco com as bolas longas e o pivô com o centroavante. Com o tempo passando, a ansiedade vai tomando conta dos atletas e o adversário vai encontrando espaços. Com as mudanças, a gente se expôs um pouco mais. No gol anulado, entendemos que não foi falta no Villasanti. Mas o que vale é bola na rede e precisamos ter mais equilíbrio. A produção é suficiente, mas estamos dependendo das individualidades para decidir os jogos ao nosso favor — avaliou Roger, ressaltando que somente as vitórias trarão tranquilidade ao ambiente gremista.
— Estamos buscando alternativas para encontrar um equilíbrio e resultado. (Teve) Muita disposição, muita entrega, mas é preciso ter o discernimento do que fazer no momento certo com a bola. Saber controlar o time adversário tecnicamente. Estivemos abaixo em setores importantes, como do meio para o ataque. O mês de maio sem vencer joga a pressão no trabalho, porém acredito que a gente consiga equilibrar com o grupo que temos. O emocional que gera o equilíbrio técnico. A insegurança não vai diminuir, só vai aumentar. Os jogadores sentem, a torcida sente e questiona as atuações — completou.
Assim como Roger Machado, o vice de futebol, Denis Abrahão, também admitiu a dificuldade emocional do elenco gremista no momento. O dirigente, que reclamou do gol anulado no primeiro tempo, afirmou que o Grêmio precisa melhorar em todos os aspectos.
— O que está acontecendo? Qual é o motivo da insegurança? Por que dos erros de arbitragem? Por que estamos perdendo gols cara a cara? Tudo precisa ser mais trabalhado. Precisamos trabalhar mais finalizações, sistemas táticos, variações. Com esse plantel é possível jogar mais. Hoje jogamos com três zagueiros. Trabalhamos a semana toda com uma possibilidade, mas na quinta tivemos um problema e no sábado o Kannemann passou mal e não pôde jogar. O Kannemann em campo contagia, é um jogador seguro. O time está inseguro. Vamos continuar conversando e fazendo tudo que podemos para passar essa tranquilidade — apontou.
Nos minutos finais da partida, diante de um novo tropeço, alguns torcedores gremistas gritaram o nome de Renato Portaluppi. Sem cogitar uma mudança no comando, Denis Abrahão disse entender o fato como normal pela situação do Grêmio na Série B.
— É legítimo, o torcedor quer ganhar. Só que eu, como vice-presidente, tenho responsabilidade. Não posso vir aqui e mentir. Tenho que encarar o empate como estou encarando. É um gosto amargo, está difícil de engolir. A nossa atuação não merecia ganhar mesmo com o gol mal anulado. Não fizemos o gol e depois não tivemos competência de fazer os demais. Não posso só reclamar da arbitragem. O torcedor tem o direito de se manifestar, isso é normal. Se tivéssemos vencido, o Roger estaria sendo idolatrado, como os jogadores também. O futebol é assim — avaliou.
Para enfrentar o Vasco da Gama, Edilson e Kannemann têm os retornos esperados. Villasanti e Campaz, convocados para defender Paraguai e Colômbia, respectivamente, na data Fifa serão desfalques.