O Grêmio será julgado na próxima quarta-feira (16) pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul (TJD-RS) por dois artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). Um deles, o 243-G VII, por um torcedor "praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante" no Beira-Rio em 26 de fevereiro, no dia em que era para ocorrer inicialmente o Gre-Nal 435 — que acabou adiado por conta do ataque ao ônibus com a delegação do time. Na ocasião, um gremista teria imitado um macaco em direção à torcida colorada.
No clássico de quarta-feira (9), mais um caso de racismo: torcedores do Grêmio cantaram música em que chamam os colorados de "macacos". Este último ato, porém, não faz parte da denúncia oferecida pela Promotoria do TJD-RS, que pode levar a uma pena que pode ser multa, perda de mando de campo ou até exclusão do campeonato. O clube entende que, em tese, os cânticos não devem influenciar no julgamento da semana que vem.
Em meio a estes casos de racismo, o Tricolor tem reforçado o posicionamento contra o preconceito. Nesta quinta-feira (10), publicou uma nota de repúdio em que "manifesta total repúdio a qualquer manifestação de cunho racista ou preconceituoso".
Há três anos, o Grêmio também mantém um projeto denominado "Clube de Todos", que tem como missão, por meio de iniciativas políticas-sociais, conscientizar torcedores, funcionários e público em geral de que praticar ou incitar atos de discriminação ou preconceito racial e homofóbico contraria os valores defendidos pela instituição.
"Neste contexto, o Grêmio procura promover palestras, programas de conscientização, de controle e de amparo a pessoas que vivenciaram alguma situação de preconceito. As ações abrangem campanhas institucionais no estádio, atividades no matchday, além de orientação sobre procedimentos a serem adotados por funcionários do clube", destacou o clube ao ser questionado sobre as políticas para evitar casos de racismo.
Na manifestação publicada no site oficial, o clube afirma que tem a "certeza de que a absoluta maioria da torcida gremista e dos cidadãos gaúchos também repudiam atos dessa natureza" e que "a busca por combater ações discriminatórias é diária dentro do Grêmio, com uma série de ações práticas nesse sentido, e essa postura permanecerá para que episódios de preconceito de qualquer ordem não sejam mais vistos dentro de um estádio de futebol e na sociedade".
Em relação ao julgamento da próxima quarta, a expectativa do departamento jurídico é de que a identificação do torcedor que teria cometido o crime de injúria racial possa amenizar a chance de penas maiores. Ainda assim, o clube reconhece que "a imputação dela é de liberalidade de cada julgador, por isso o Grêmio não tem como prever e, sim, buscar atenuar uma eventual punição".