A noite histórica em que Luiz Felipe Scolari atingiu os 384 jogos como técnico do Grêmio e ultrapassou Oswaldo Rolla, o Foguinho, ficando atrás apenas de Renato Portaluppi – com 411 partidas pelo clube - acabou sendo de decepção para os 4.931 torcedores que compareceram à Arena nesta quarta-feira (6). Depois de perder para o Sport, o Tricolor apenas empatou por 2 a 2 com o Cuiabá e segue na zona de rebaixamento do Brasileirão.
Mais uma vez, o Grêmio conviveu com problemas de organização ao longo do jogo, principalmente no primeiro tempo, no qual terminou com vantagem para o Cuiabá com gol de Max. Alisson empatou no início da etapa final dando esperança para a torcida, mas Marllon colocou os visitantes em vantagem novamente. Alisson até voltou a igualar o placar, minutos depois, mas o 2 a 2 ficou longe do que o Tricolor esperava e precisava.
Com apenas 23 pontos conquistados após 22 jogos, o Grêmio é 17º colocado, dentro da zona de rebaixamento, de onde não sai desde a segunda rodada do Brasileirão. São mais de quatro meses entre os quatro últimos. Agora, são quatro também as oportunidades perdidas de deixar essa incômoda situação. O Tricolor entrou em campo com a chance de deixar o Z-4 diante do Corinthians, Athletico-PR, Sport e Cuiabá. Em três empatou e obteve nesta quarta-feira esse único ponto que pouco contribui no momento em que a necessidade de vitória se impõe.
O clima, tão ruim com mais um tropeço em casa, fez com que nenhum jogador concedesse entrevista na saída do gramado. Na arquibancada, as vaias da torcida deram o tom da caminhada dos cabisbaixos atletas até o vestiário da Arena após o apito final de Wilton Pereira Sampaio. Houve cantos contra o presidente, Romildo Bolzan Jr., e o vice de futebol, Marcos Herrmann.
Único a falar na noite, Felipão tratou de elogiar seus comandados. Ele analisou que o Grêmio fez um bom segundo tempo e que teve um desempenho para vencer o Cuiabá.
— Eu penso que o Grêmio irá recuperar com o tempo, é um momento de transição. Nós melhoramos no segundo tempo e tivemos boas possibilidades de vitória. Sofremos os gols em momentos estratégicos em que deixamos de ter jogadas simples a nosso favor e elas começam a ficar complicadas. Se tivesse que dizer algo ao torcedor ou ao meu grupo, diria parabéns pelo resultado, porque eles tiveram que buscar duas vezes o resultado dentro da situação que estamos. Eles tiveram muito esforço e vi isso de forma positiva. Temos possibilidades e iremos atrás disso até o fim — avaliou.
Ao ser questionado sobre as conversas com o elenco nos últimos dias, Felipão levantou o tom e disse não ser verdade que houve discussão entre jogadores e pedidos para a mudança na forma de jogar da equipe.
— Quem passa informação para vocês é um mentiroso e cafajeste. Minha função é treinar a equipe. Se as informações saem lá de dentro, eu não posso fazer nada. Só posso trabalhar com meus jogadores. O que tenho dito até agora é isso: trabalhem, porque só iremos sair dessa situação entre nós. Ajuda de fora não teremos — pontuou o treinador.
Luiz Felipe Scolari admitiu que a pontuação do Grêmio no momento tem uma defasagem de quatro pontos em relação ao seu planejamento, mas evitou fazer uma projeção sobre saída do Z-4.
— O meu sentimento é ótimo. Tenho um sentimento de alegria por estar treinando o Grêmio e pela dedicação dos jogadores. Com tempo e o trabalho avançando, vamos conseguir o que buscamos. Estou satisfeito com minha equipe de trabalho porque não vejo ninguém fazendo nada diferente. Vocês têm as informações de vocês. Não adianta eu falar que não porque A ou B falam com vocês o que interessa. Nossos interesses são diferentes de A ou B. Nosso interesse é buscar os resultados que não estão vindo nesse momento, mas vão vir.
No próximo domingo, às 16h, o Grêmio terá um confronto direto com outro clube grande que luta contra o rebaixamento, o Santos, na Vila Belmiro. O paraguaio Mathias Villasanti e o colombiano Miguel Borja seguirão fora, mas as atuações de Lucas Silva e Diego Souza diante do Cuiabá não confirmam que as opções de Felipão serão repetidas. Além disso, a comissão técnica precisará solucionar as falhas defensivas e a dificuldade da equipe para atacar de forma organizada. Essas situações coletivas têm o tempo como desafio, afinal serão apenas três dias de treinamentos entre o empate com o Cuiabá e o compromisso com o Peixe no Litoral Paulista.