Para substituir Felipão, que deixou o cargo há quase uma semana, o Grêmio foi buscar um de seus ex-comandados. Mas, além de ter feito parte do elenco bicampeão da América em 1995, Vagner Mancini tem outro predicado: o fato de ter promovido uma campanha de recuperação em seu último trabalho, à frente do América-MG.
Quando foi anunciado no dia 19 de junho, o treinador chegou à Arena Independência e encontrou uma equipe recém-eliminada da Copa do Brasil pelo Criciúma e que ainda não havia vencido no Brasileirão. Com quatro derrotas e um empate, o clube figurava em penúltimo lugar na tabela — ironicamente, o lanterna da competição era o próprio Tricolor, que sequer havia pontuado até então.
— Ele chegou em um momento ruim. Nos cinco primeiros jogos, sob o comando do Lisca, o time tinha conquistado somente um ponto — recorda Emerson Romano, repórter da Rádio Itatiaia, de Minas Gerais:
— É um treinador que tem o elogio de todos do clube. Até mesmo os jogadores que não são relacionados falam bem dele e do ambiente — completa.
Coincidentemente, Mancini estreou em Belo Horizonte exatamente diante do mesmo adversário deste domingo (17), o Juventude. Naquela ocasião, largou com um empate por 1 a 1. Apesar de o resultado não ser dos melhores, a recuperação se daria nas rodadas seguintes.
Ao todo, foram 21 partidas, com sete vitórias, nove empates e cinco derrotas (alcançando um aproveitamento de 47,6%), marcando 24 gols e sofrendo 23. Assim, conseguiu tirar o América-MG da zona de rebaixamento, deixando-o em 12º lugar na tabela de classificação.
— Ele iniciou um trabalho de recuperação e foi fazendo modificações, testando jogadores. Em determinado momento, atuou com três zagueiros. Foi até uma surpresa quando lançou um menino do time sub-20 (Zé Vitor), no clássico contra o Atlético-MG. Depois, começou a escalar um volante (Lucas Kal) que fazia as vezes de um zagueiro, até chegar a esta formação atual. Pediu a contratação de um jogador que poderia encaixar e a direção buscou o argentino Zárate que, nas palavras do próprio Mancini, caiu como uma luva. Ele conseguiu uma recuperação e o América-MG está bem encaminhado para permanecer na Série A — lembra Romano.
Pela perspectiva, é bom o torcedor do Grêmio prestar atenção no que foi feito na capital mineira. Muito possivelmente, a estratégia se repetirá na Arena a partir de agora.
— Como ele usou tanto no América-MG como no Corinthians o sistema 3-4-1-2, eu não descartaria isso agora. Até porque o Grêmio jogou com três zagueiros, inclusive na última derrota para o Fortaleza. Mas, de maneira geral, atuou muito no 4-2-3-1 e, se a ideia é ter um futebol que vai atacar um pouco mais, com a figura do meia, ele pode dar mais uma chance ao Jean Pyerre ou Campaz. Podem ser essas as variações. Nos trabalhos anteriores, ele gostava de ter a bola. Óbvio que não conseguia fazer isso contra todos os times, mas fazia uma saída bem trabalhada, uma marcação alta bem organizada, para obrigar o adversário a ir para o lado do campo ou dar um chutão. Então, acho que ele vai mudar um ou outro jogador, mas não deve fugir disso, não — avalia Gabriel Corrêa, analista de desempenho e coordenador de conteúdo do site Footure.