Já são cinco partidas de Douglas Costa como titular do Grêmio desde que retornou ao clube. Nas duas mais recentes, contra Palmeiras e Inter, o jogador trazido para ser a solução no lado direito de ataque foi aproveitado em outra posição. Começou como meia centralizado, ocupando lugar que segue em aberto no time e que teve recentemente Jean Pyerre, Darlan e Jhonata Robert. O Tricolor não marcou gol em nenhum dos cinco jogos em que o camisa 10 começou.
Os números das atuações nessas duas funções não apresentam tanta diferença. Contra o Palmeiras, por exemplo, registrou 36 passes certos. Poucos dias antes, jogando pela ponta, diante do Atlético-GO, foram 40 passes concluídos. O que muda, portanto, é o papel de Douglas Costa quando recebe a bola. E também a marcação adversária.
— Como ponta, ele recebe a bola pelo lado e precisa correr em direção à área ou enfrentar a marcação mais severa de um lateral e um volante, quando cobre, Por dentro, ele recebe marcação de um volante só e tem mais campo para se movimentar — explica o jornalista Leonardo Miranda, do GE, formado em análise de desempenho pela CBF e especialista em tática e estudo do futebol.
Além da necessidade da equipe, que desde os melhores momentos de Luan não consegue encontrar um jogador que se estabeleça na função, Miranda acredita que a escolha pelo camisa 10 mais centralizado é também uma questão física. Quando chegou ao clube, Douglas Costa estava desde fevereiro sem entrar em campo. Pelo Tricolor, foram sete partidas.
— Aos poucos, ele vai melhorando o físico e vai ter as oportunidades que a gente imagina. Penso em usar ele do lado, como meia, pelo outro lado, como muito usei o Dudu no Palmeiras. Ele é um jogador criativo, que pode fazer a diferença, taticamente bem evoluído — afirmou Felipão, sábado, após empate no Gre-Nal.
Leonardo Miranda vê ainda que seja necessário um processo de adaptação do jogador. Mesmo que tenha surgido para o futebol fazendo uma posição parecida, o melhor momento do atleta gremista na Europa e na Seleção Brasileira ocorreu jogando aberto pela ponta. Foi assim que tornou-se titular do Bayern de Munique e disputou a Copa do Mundo de 2018.
— Acho que ele não cai de rendimento (centralizado), mas precisaria se adaptar e se transformar em um novo jogador. Pela questão física, aquele Douglas Costa ponta, que ficou famoso especialmente na Copa contra a Costa Rica, não existe mais. Ou aquela versão não consegue mais render em alto nível — defende.
Comentarista do Grupo RBS e colunista de GZH, Mauricio Saraiva não gosta da ideia de o ex-jogador da Juventus ser escalado pelo meio.
— Ele rende mais no lugar onde mais teve sucesso na carreira. Corredor direito ofensivo, onde dribla para dentro buscando chute ou assistência. Centralizado, perde espaço para seu drible longo e deixa o setor com um a menos para o combate — opina.
Na terça-feira (13), contra a LDU, Douglas Costa fará seu oitavo jogo no retorno ao Grêmio. O sexto como titular, o primeiro pela Copa Sul-Americana. Resta esperar para saber se Felipão o escalará pelo meio ou aberto na ponta direita. A torcida gremista aguarda pelo brilho da principal contratação da temporada para tentar sair da crise que tomou conta da Arena.