O Gre-Nal 431 teve um cenário parecido com o do clássico 430, da primeira fase do Gauchão, no começo de abril. Assim como havia acontecido com Léo Chú na Arena, o jogo de ida da final do Estadual, no Beira-Rio, na tarde deste domingo (16), teve um herói improvável. O centroavante Ricardinho saiu do banco aos 34 minutos do segundo tempo para aos 42 subir mais alto que Lucas Ribeiro e marcar o gol da vitória por 2 a 1, que deixa o Grêmio em vantagem na decisão.
Herói gremista, Ricardinho dedicou o gol ao pai Ricardo Viana e ao avô José Alfredo Luis França, mortos no final de março, ambos vítimas da covid-19. Após a partida, com a festa tricolor encerrada, percorreu o gramado do Beira-Rio de joelhos como forma de agradecimento.
— Foi o primeiro gol que fiz depois da morte do meu pai e do meu avô. Esse gol foi para eles. Decido para a minha família inteira e para a torcida, que sempre me deram forças. Se Deus quiser, a gente vai fazer um jogo mais tranquilo na Arena. Espero ajudar, mas o mais importante será sair com o título — declarou o garoto.
Aos 20 anos de idade, Ricardinho subiu para os profissionais do Grêmio no início desta temporada. Por conta desta situação, o clássico disputado no estádio colorado representou apenas sua 12º partida com a camisa tricolor. Ainda assim, já mostrou faro de gol em outras quatro ocasiões, balançando as redes do Ayacucho, pela fase preliminar da Libertadores, além de Aimoré, Juventude e Pelotas, no torneio estadual.
Apesar dos números promissores, não se pode dizer que seu ingresso em campo contra o Inter era esperado. Até porque, na última exibição da equipe, quando Diego Souza foi preservado, o técnico Tiago Nunes escalou Diego Churín para iniciar como titular diante do Lanús. Portanto, três dias depois, o mais óbvio seria recorrer ao argentino novamente — ainda mais em se tratando de um Gre-Nal. Mas, em seu primeiro clássico à frente do Tricolor, o treinador também mostrou ter estrela ao escolher justamente o menino, que marcaria o gol da virada.
— A história que ele passou é um drama e todos nós ficamos sensibilizados. Nos chama atenção a superação dele, a resiliência. Ele passou por tudo mantendo o foco na carreira e no quer construir aqui no clube. A opção se deu porque o jogo pedia um jogador que pudesse ter o pivô, o que ele tem, mas também a velocidade para explorar espaços. Ele foi abençoado com esse gol que nos dá uma pequena vantagem na decisão — declarou.