O Grêmio vencia o Gre-Nal 429 até os 44 minutos do segundo tempo, quando o uruguaio Abel Hernández subiu mais alto que a defesa tricolor para igualar o placar. Nos acréscimos, o árbitro Luiz Flávio de Oliveira marcou o pênalti de Kannemann convertido por Edenilson que garantiu a vitória do Inter após 11 clássicos de jejum. Esse lance e uma disputa entre Ferreira e Nonato na área colorada foram os assuntos que dominaram o vestiário gremista no Beira-Rio. Duro nas reclamações contra a arbitragem, o técnico Renato Portaluppi ameaçou disputar o restante do Campeonato Brasileiro com o time de transição.
— A pressão no final do jogo é normal. O que não é normal foi o que aconteceu no pênalti do Ferreira e o que foi dado do braço do Kannemann. É inadmissível. Uma vitória colocaria não só o Grêmio, mas outras equipes na disputa pelo título. Pelo jeito tem gente que não quer que o Grêmio ou outro grande clube chegue. Algumas vezes, o Grêmio foi criticado por não querer nada com o Brasileirão e não é verdade, o Grêmio sempre quis. Eu pergunto para vocês, a gente precisa jogar o Brasileirão? Se o presidente autorizar, nós vamos jogar com a transição. Não querem que o Grêmio seja campeão? É carta marcada? Querem que o Inter seja campeão? Todo mundo viu o que aconteceu
— disse o treinador.
Mostrando irritação ao longo da coletiva, Renato Portaluppi até se recusou a responder se a liderança do Inter no Brasileirão colocava mais pressão no Grêmio para a decisão da Copa do Brasil. Em uma das poucas análises sobre o que aconteceu em campo antes das jogadas polêmicas, o treinador gremista colocou no calor a conta das poucas situações criadas pelos dois times.
— Estava muito quente. Eu estava passando mal ali parado, então imagina os jogadores. O Inter é o líder do Campeonato. Quem tinha que pressionar era o Inter. O Grêmio não criou e o Inter não criou. A partir do momento que o sol foi embora, o Grêmio começou a jogar, a criar e fez o gol. Nós poderíamos ter saído daqui com uma vitória, mas não adianta ficar repetindo. Não adianta nadar contra a maré. Esculhambaram o Brasileirão e agora não sei o que vai acontecer — esbravejou.
A ameaça de Renato de deixar o Campeonato Brasileiro dificilmente será cumprida pela necessidade do Grêmio de garantir uma vaga na Libertadores sem depender do que irá acontecer na final da Copa do Brasil contra o Palmeiras, além de que o clube matematicamente ainda tem condições de brigar pelo título. Mesmo assim, o presidente Romildo Bolzan disse entender a irritação do seu treinador e afirmou que a direção irá examinar os próximos passos diante da insatisfação com a arbitragem.
— Isso é dito pela indignação. Tivemos duas situações de pênaltis, uma existente a favor do Grêmio e outra inexistente contra. A indignação gera posições fortes e isso precisa ser respeitado. Quem tem compromisso com resultados, como a nossa comissão técnica e os nossos jogadores, fica indignado com situações dessa natureza. Acho natural que esse tema seja colocado. O que vai acontecer eu não sei — afirmou Romildo.
— Uma coisa é certa, o Grêmio não vai fazer nenhum protesto. Por quê? Porque na última vez que fizemos uma reclamação mais pesada eu sofri um processo disciplinar na CBF. Entenderam que isso foi ofensivo. Isso partiu da Associação Nacional dos Árbitros. Concluímos que não adianta mais. Ou se tem uma mudança drástica na arbitragem e nos protocolos do VAR, ou ficaremos assim — completou.
Outra situação que gera insatisfação externada após o Gre-Nal foi sobre Pepê, que voltou a ter uma atuação apagada e acabou substituído no segundo tempo. Renato Portaluppi creditou a queda de desempenho do atacante à negociação para a sua saída do clube. O técnico criticou o empresário do atleta, Adriano Spadotto.
— Vocês devem perguntar é para o empresário do Pepê. O Pepê vinha jogando bem, nos ajudando e tendo grandes atuações. Foi só falar que tinha várias propostas da Europa e deu no que deu. Já tinha falado sobre isso. Essa pergunta (sobre a queda de desempenho do Pepê) tem de ser feita para ele (empresário).
Como normalmente acontece no maior clássico gaúcho, o Gre-Nal 429 seguirá sendo assunto ao longo desta semana. Entre reclamações e a situação da negociação para a saída de Pepê, o Grêmio voltará a campo na quinta-feira (28), às 20h, para receber o Flamengo na Arena. Se antes o Tricolor acumulava uma invencibilidade de 16 jogos no Brasileirão, agora soma quatro partidas sem vitória já que havia empatado com Fortaleza, Palmeiras e Atlético-MG antes da derrota para o Inter. Geromel, que deixou o Gre-Nal ainda no primeiro tempo, preocupa para a sequência da temporada.