O Grêmio tem um novo camisa 10 e não se trata de uma contratação. O clube anunciou ontem que o número emblemático no futebol será usado a partir de agora por Jean Pyerre em uma iniciativa que partiu do técnico Renato Portaluppi e visa reforçar a confiança no meio-campista que voltou ao time titular após passar por uma série de lesões.
Os problemas físicos de Jean Pyerre começaram ainda em 2019 com uma lesão muscular sofrida em setembro que o tirou do restante da temporada. Mesmo no começo deste ano, a recuperação demorou mais que o previsto e o meia só voltou a iniciar uma partida no retorno do Gauchão em meio à pandemia de coronavírus, em julho. Com novas lesões, ele passou pelo departamento médico novamente e só retornou aos gramados no mês passado. No período, o jogador ainda conviveu com um grave problema de saúde de seu pai, que teve complicações em razão da covid-19.
Mesmo que o Grêmio tenha ido ao mercado em busca de um meia, o presidente Romildo Bolzan Jr. sempre demonstrou sua confiança no garoto, como quando recusou uma proposta do Palmeiras que envolvia a troca com outros jogadores.
— O armador está no elenco e é o Jean Pyerre. O Grêmio busca um meia para complementar o elenco pela necessidade das competições — reforçou o dirigente após a vitória sobre o Juventude, na semana passada, antes da contração de César Pinares.
Além da sequência de jogos que obrigará Renato a rodar o elenco, o chileno também será opção para atuar pelo lado direito, na função que Alisson vinha sendo titular antes da lesão.
Ex-meia e com uma série de títulos conquistados pelo Grêmio, Carlos Miguel ressalta que Jean Pyerre tem uma característica rara no futebol atual. Para ele, o novo camisa 10 pode ser peça fundamental para o Grêmio decolar, como diz Renato, na reta final da temporada.
— O Jean Pyerre é aquele meia difícil de encontrar atualmente, o legítimo camisa 10. O Jean sempre foi o 10 na base. Ele está acostumado. Se perguntar para qualquer torcedor quem é o jogador mais identificado para usar essa camisa, a resposta vai ser Jean Pyerre. E eu acho isso também. O Jean em condições normais é titular absoluto. Os últimos jogos mostram isso. Mesmo sem estar 100% fisicamente ele tem feito uma diferença grande — observa Carlos Miguel, que foi o camisa 10 na conquista da Copa do Brasil de 1994, mas que nos anos seguintes vestiu a 11.
— O Vagner Mancini começou a usar a 10 e depois o Nildo (na Libertadores de 1995), o Emerson também, no Brasileirão (de 1996). Aí acabei ficando com a 11 e me identifiquei mesmo fazendo a função de um camisa 10 — recorda.
Desde que Douglas foi um dos principais nomes da conquista da Copa do Brasil de 2016, a camisa 10 do Grêmio passou por vários jogadores que não conseguiram se firmar no clube, casos Gastón Fernández, Felipe Vizeu e Thiago Neves. Chamado de o "último 10" por muitos torcedores, Douglas aprova o seu sucessor.
— Eu sou suspeito de falar, sou fã do Jean. Eu, agora como torcedor, só espero que ele não tenha mais lesões. Ele não sente pressão e vai tirar de letra usar a 10. Depois da minha saída, a 10 nunca esteve tão bem representada — disse Douglas, que se aposentou como jogador no mês passado e iniciou no ramo do entretenimento ao lado do Cantor Joel Carlo.
Ainda não está certo quando Jean Pyerre irá estrear com a camisa 10. O Grêmio enfrenta o Ceará neste sábado (14), na Arena, pelo Brasileirão, mas Renato pode preservar alguns titulares em razão da partida de volta com o Cuiabá, pela Copa do Brasil.
A troca da camisa será válida apenas para o Brasileirão e Copa do Brasil. Na Libertadores, pela numeração fixa adotada pela Conmebol, não será permitida a alteração e Jean Pyerre seguirá sendo o 21. A 10 vem sendo usada no torneio sul-americano por Robinho, que herdou o número que era de Thiago Neves.