Em busca de um meia de articulação, o Grêmio observa o mercado internacional. Na quinta-feira (22), após o empate com o América de Cali, pela Libertadores, Renato Portaluppi declarou que vem cobrando da direção a contratação de um jogador para a função.
— Tenho cobrado bastante da direção, tenho conversado bastante. Sobre o meia, é difícil sempre ter que adaptar alguém no setor. O Jean Pyerre tem tido problemas de lesões. Temos visto alguns jogadores e quem sabe a gente encontre esse meia. Já encontramos, vamos ver se vai ter o acerto financeiro — afirmou o treinador gremista.
O nome é o uruguaio Gastón Ramírez, que completará 30 anos no próximo dia 2 de dezembro. Revelado pelo Peñarol, onde chegou aos 15 anos e fez sua estreia profissional aos 19, em um jogo contra o Defensor, substituindo o ex-centroavante Tricolor Braian Rodríguez, o canhoto nascido na pequena Fray Bentos, fronteira com a Argentina, está na Europa desde 2010.
Apontado como grande promessa do futebol de seu país, Gastón disputou o Mundial sub-20 de 2009, no Egito, quando a Celeste comandada por Diego Aguirre foi eliminada pelo Brasil, de Paulo Henrique Ganso, Douglas Costa e Giuliano, nas oitavas de final. Como companheiros de seleção estavam Abel Hernández, hoje no Inter, o zagueiro Coates, atualmente no Sporting-POR, e o meia Lodeiro, ex-Corinthians e Botafogo, que está jogando na Major League Soccer.
No Uruguai, fez poucos jogos com a camisa aurinegra, mas foi o grande nome da conquista do torneio clausura de 2010, mais uma vez sob o comando de Aguirre. No total, foram apenas 34 partidas pelo Peñarol, que o vendeu para o Bologna, da Itália, por 3,3 milhões de euros.
As ótimas atuações, com passes precisos e cobranças de falta que chamaram a atenção dos italianos se confirmaram Itália, e ele encerrou a temporada de estreia com sete gols e três assistências em 27 jogos, 18 deles como titular. No campeonato seguinte (2011-12), Ramírez melhorou seus números e em 33 partidas, 28 como titular, marcou oito gols e deu cinco assistências, sendo um dos destaques da boa campanha do Bologna que terminou em nono lugar e chegou a brigar por vaga nas copas europeias.
Presença constante nas convocações de seleções de base do Uruguai, o meia disputou os Jogos Olímpicos de Londres-2012 e marcou um gol em três jogos, mas os bicampeões olímpicos, mesmo com Cavani e Luis Suárez no ataque, não passaram da fase de grupos. Porém, a Inglaterra seria o seu destino, e o Southampton, que recém havia garantido o retorno à Premier League, desembolsou 15,2 milhões de euros para tirá-lo da Sardenha.
Depois de um começo ruim, o Southampton trocou de técnico e trouxe o argentino Mauricio Pochettino no meio da temporada 2012-13. A equipe melhorou e ao finalizar em 14º lugar evitou a queda. Gastón Ramírez atuou 26 vezes, 20 como titular, fez cinco gols e deu três assistências.
Ainda sob o comando de Pochettino, os Saints terminariam a temporada seguinte em oitavo lugar, mas Ramírez perdeu espaço e fez apenas 12 jogos até sofrer uma lesão ligamentar no tornozelo esquerdo, em um confronto com o Sunderland, em janeiro de 2014. Recuperado, ele voltou e fez ainda mais seis partidas e deu duas assistências. Meses depois disputou duas das quatro partidas do Uruguai na Copa do Mundo do Brasil e foi o autor do passe para o gol do zagueiro Godín, na vitória sobre a Itália, que ficou marcada pela mordida de Luis Suárez em Chiellini.
Pochettino deixou o Southampton para dirigir o Tottenham, e o uruguaio passou a trabalhar com o holandês Ronald Koeman. Porém, após duas partidas, foi cedido por empréstimo para o Hull City, onde reencontrou Abel Hernández. O desempenho não foi bom, e suspensões e três lesões musculares atrapalharam o meia que só foi titular em 11 de 23 jogos em que atuou, com um gol e três assistências, insuficientes para evitar o rebaixamento para a segunda divisão inglesa.
No retorno ao Southampton, após o empréstimo, uma nova lesão muscular o afastou dos gramados por 60 dias. Na volta, uma assistência para Sadio Mané marcar no empate (1 a 1) contra o Liverpool, fora de casa. Porém, Gastón Ramírez não terminou a temporada 2015-16 na equipe, emprestado para o Middlesbrough, na janela de inverno do mercado europeu. No novo clube, ao lado do compatriota Stuani, que recentemente foi cogitado pelo Grêmio, o título de campeão da Championship, a segunda divisão inglesa, com sete gols e quatro assistências.
Ele seguiu emprestado ao Boro e apesar do rebaixamento na temporada de retorno à Premier League, sua equipe faria uma bela campanha na Copa da Inglaterra, sendo eliminada nas quartas de final pelo poderoso Manchester City de Pep Guardiola. No total, o uruguaio fez 26 jogos, com dois gols e três assistências e ainda precisou superar uma lesão no joelho, que o deixou cerca de 35 dias afastado. Um de seus gols, contra o Bournemouth, foi escolhido o mais bonito do mês de outubro de 2016 e ganhou até homenagem da torcida, que fez uma música para lembrar a pintura.
Apesar das oscilações na carreira, Gastón Ramírez seguiu sendo convocado por Óscar Tabarez até 2018, mas não esteve entre os 23 relacionados para a Copa da Rússia, mesmo após o retorno para a Itália, em agosto de 2017, depois de a Sampdoria desembolsar 6,3 milhões de euros, tenha feito o seu bom futebol reaparecer. Na equipe de Gênova, desde então, ele fez 100 partidas, entre Serie A e Copa Itália, com 16 gols marcados e 17 assistências. Sua última atuação foi em 20 de setembro, na derrota de 3 a 0 para a Juventus. Na atual temporada, ele soma quatro jogos, dois como titular e 197 minutos em campo.
Canhoto, habilidoso, bom cobrador de faltas e excelente passador, Ramírez é um meia ofensivo, que também pode atuar como um extrema pela direita. Se contratado, poderá ocupar uma vaga que já foi de Douglas e Luan, nos melhores momentos do Grêmio sob a direção de Renato Portaluppi. O jogador tem vínculo com a Sampdoria até o final de junho de 2021.