O centésimo Gauchão da história chegou ao final enfrentando o maior desafio de sua história. Após uma paralisação de quase quatro meses em razão da pandemia de covid-19, o Estadual terminou com o título do Grêmio, o terceiro consecutivo e 39º no total.
Em uma final sem público, retrato do futebol atual, a conquista veio mesmo com a derrota por 2 a 1 para o Caxias. O 2 a 0 do jogo de ida garantiu a vantagem que a equipe de Renato Portaluppi precisava para erguer o troféu — o último em disputa ainda em 2020, já que Libertadores, Brasileirão e Copa do Brasil só terminam em 2021.
A festa do título, seja pelo cenário de arquibancadas vazias ou pelo desempenho do time, foi menor do que o normal. Menor, inclusive, do que a feita quando o time conquistou o segundo turno em cima do Inter. Ainda assim, os atletas, a comissão técnica e a direção repetiram o tradicional banho de espumante, isotônico, cerveja e gelo em cima de Renato Portaluppi e do presidente Romildo Bolzan.
"Conquistamos um campeonato que tem significado transcendente. Que ultrapassa o futebol em função da batalha que todos travamos contra a pandemia. Tivemos perdas de vidas de amigos, limitação de convivência, longa paralisação e lutamos para manter o Grêmio em pé. Permanecemos irmanados mesmo sem a nossa torcida em campo. E o Grêmio, mais uma vez, fez valer sua força histórica para conquistar o único título possível de 2020", escreveu no Twitter o presidente Romildo.
Depois, aos microfones, acrescentou:
— Esse título tem o símbolo da homenagem à solidariedade e à fidelização do sócio e do torcedor gremista.
Renato Portaluppi também valorizou a conquista. Ele lembrou que a última vez que o Grêmio havia sido tricampeão foi em 1987, o que mostra a dificuldade de obter essa sequência.
— O Grêmio entra sempre para ganhar. Mesmo que não ganhe todas, sempre chega. Isso demonstra o nosso trabalho. O Grêmio, nos últimos quatro anos, sempre deu a volta olímpica. Jogador tem sempre de pensar em ganhar, ganhar, ganhar. Continuamos com a mesma pegada porque a seriedade é sempre a mesma — disse o treinador.
Segundo ele, ainda que tenha perdido o jogo da volta e corrido riscos em todo o segundo tempo para o Caxias, não há motivo para preocupação exagerada. Renato admitiu que o time ficou abaixo do que pode render, mas creditou a um relaxamento pela vantagem para ter sofrido a partir da virada da equipe do Interior:
— Mas o que importa é a volta olímpica, o título. Tivemos a vantagem em Caxias, hoje saímos na frente, mas de repente sentamos no regulamento, na vantagem. Fizemos algumas coisas erradas, reconheço. Mas isso converso com meu grupo, entre quatro paredes. Saio aliviado pelo grupo que tenho. Porque sei o grupo que tenho. Hoje nos acomodamos e isso não pode acontecer. Vamos voltar a conversar e a nos preparar para o Brasileirão, e esse jogo vai ficar como exemplo. Por isso que gosto mais dos jogos maiores, porque meu grupo fica concentrado. Mas mesmo com esse acidente de trabalho, o que fica é o resultado.
O discurso foi semelhante ao de Maicon. O volante, que estava descontado por dores e entrou apenas nos minutos finais, ressaltou a sequência de títulos da equipe, acima do desempenho ruim apresentado na partida final:
— A gente entra em todas competições para vencer, e essa conquista era muito importante. Não fizemos o jogo que queríamos, mas o que vale é o resultado disso. No início do campeonato e na final do turno nos criticaram porque perdemos para o Caxias, mas eles fizeram um grande campeonato, temos que valorizar isso também. Mas tem que respeitar a nossa equipe, os jogadores que aqui estão. Nos últimos cinco anos, temos feito grandes jogos. Está todo mundo de parabéns, o que vale é o final da história.