Em cerimônia realizada no auditório da Arena, no dia 11 de dezembro de 2014, Romildo Bolzan Júnior tomava posse como 52º presidente da história do Grêmio. Apontado como candidato pelo ex-presidente Fábio Koff, que havia lhe introduzido à direção tricolor dois anos antes, foi eleito com 72% dos votos.
Ao contrário de muitos de seus antecessores, não tinha experiência no departamento de futebol, sendo oriundo da administração pública — foi prefeito de Osório, município localizado a pouco mais de 100 quilômetros da Capital. Por isso, nem o mais otimista dos torcedores sabia o que estava por vir.
Nesta terça-feira (2), Romildo completa exatos dois mil dias à frente do cargo, com uma gestão reconhecida pela retomada dos grandes títulos, equilíbrio financeiro e apaziguamento dos ânimos políticos do clube.
Início de um projeto de austeridade
Nos primeiros meses de seu mandato, Romildo deu início a um projeto de austeridade criticado por parte da imprensa e torcida. O clube abriu mão de jogadores com altos salários, como Eduardo Vargas, Dudu, Zé Roberto, Barcos e Marcelo Moreno. Outros, menos custosos, como Marcelo Oliveira, Douglas e Maicon, foram contratados. O planejamento, contudo, estava voltado às categorias de base, onde surgiam Lincoln, Pedro Rocha, Everton, Walace, entre outros.
Aposta em Roger Machado
Apesar de chegar à final do Gauchão de 2015 com um time bastante jovem, a equipe não convencia. Assim, o técnico Felipão deixou o cargo no início do Brasileirão. Depois de uma tentativa frustrada em tirar Doriva do Vasco, a direção viu no ex-lateral Roger Machado, então no Novo Hamburgo, capacidade para conduzir o projeto. De fato, a equipe decolou, mostrando um futebol envolvente, de troca de passes e posse de bola. O ápice veio em uma goleada história de 5 a 0 sobre o maior rival, culminando posteriormente em uma vaga direta para a Libertadores do ano seguinte.
Retorno de Renato e fim do jejum de títulos
O primeiro semestre de 2016 trouxe uma grande decepção. Com quedas precoces no Gauchão e Libertadores, o clube viveu uma grande turbulência, fazendo com que Roger saísse do comando técnico. Para seu lugar, foi trazido o ídolo Renato Portaluppi, para sua terceira passagem como treinador gremista. Dando sequência ao modelo de jogo implementado, o ex-atacante levou o Tricolor à conquista do pentacampeonato da Copa do Brasil sobre o Atlético-MG, encerrando um período de 15 anos sem grandes títulos. A situação fez com que Romildo fosse reeleito ao final daquele ano, com 85% dos votos dos sócios.
Conquista da América
Em seu terceiro ano de gestão, o presidente não escondia o desejo de retomar a hegemonia estadual, que estava em mãos coloradas pelas últimas seis temporadas. No entanto, o Grêmio caiu nas semifinais para o surpreendente Novo Hamburgo. A eliminação não afetou a continuidade de Renato à frente da equipe, que acabaria por chegar ao título da Libertadores em novembro daquele ano, batendo o Lanús na Argentina. Romildo tornava-se o segundo presidente a conduzir o clube à conquista da América, repetindo o feito de Koff.
Em êxtase, a torcida tricolor tomou as ruas da Capital para recepcionar a delegação que chegou com o troféu continental. Nem mesmo a derrota para o Real Madrid, dias depois, pela final do Mundial de Clubes, em Abu Dhabi, apagaria o sentimento de orgulho entre os gremistas.
Retomada estadual e maior venda da história
As taças não pararam de vir na temporada seguinte. No primeiro semestre, o time conquistou a Recopa Sul-Americana, derrotando o Independiente nos pênaltis, e o Gauchão, ao golear o Brasil-Pel. Na segunda metade do ano, a torcida amargou as eliminações para Flamengo e River Plate, nas fases finais da Copa do Brasil e Libertadores, respectivamente. A última, inclusive, gerou reclamações formais da diretoria junto à Conmebol. Entretanto, a gestão de Romildo também se caracterizou por conquistas fora das quatro linhas. Graças à política de valorização de jovens atletas, o clube teve em Arthur a maior venda da história do futebol gaúcho. Ao assinar contrato com o Barcelona, o volante rendeu mais de R$ 120 milhões aos cofres tricolores.
Ídolo vira estátua e presidente vira ídolo
Mesmo assediado por outros clubes, como o Flamengo, o técnico Renato Portaluppi renovou seu contrato com o Tricolor, segundo ele por conta da relação de confiança com o presidente. A retribuição veio no dia 25 de março, com a inauguração de uma estátua do ex-atacante e maior ídolo gremista na esplanada da Arena. Dentro de campo, o time voltou às fases finais de todas as competições que disputou, mas conquistou "apenas" a Recopa Gaúcha, contra o Avenida, e o Gauchão, batendo o arquirrival nos pênaltis. Das eliminações, a mais dolorosa foi, sem dúvidas, a goleada de 5 a 0 sofrida contra o Flamengo, pela semifinal da Libertadores.
O baque, porém, não impediu que o presidente alcançasse mais uma reeleição. Com uma mudança no estatuto do clube, que alterou o mandato presidencial para três anos, os conselheiros aclamaram Romildo Bolzan Júnior para um novo mandato, que se estenderá até 2022.
Números da gestão Romildo Bolzan Júnior:
Títulos: Copa do Brasil de 2016, Libertadores de 2017, Recopa Sul-Americana de 2018, Recopa Gaúcha de 2019 e Gauchões de 2018 e 2019.
382 jogos (196 vitórias, 94 empates e 92 derrotas) - 59,9% de aproveitamento
573 gols marcados, 320 sofridos
Técnicos contratados: Luiz Felipe Scolari, Roger Machado e Renato Portaluppi
Contratação mais cara: Miller Bolaños, em 2016, do Emelec, por cerca de R$ 20 milhões
Principais jogadores contratados: Douglas, Maicon, Kannemann, Miller Bolaños, Lucas Barrios, André, Marinho e Diego Tardelli.
Principais jogadores vendidos: Barcos, Giuliano, Walace, Pedro Rocha, Arthur, Ramiro, Marcelo Grohe e Luan.
Venda mais cara: Arthur, em 2018, ao Barcelona, por mais de R$ 120 milhões