O "tiro certeiro" que o Grêmio pretende dar nesta janela de transferências tem um nome preferido: o meia-atacante Giuliano, 29 anos, que já passou pelo clube entre 2014 e 2016. O atleta está no Al-Nassr, da Arábia Saudita, mas o representante do jogador, Felipe Nagel, viajou nos últimos dias ao país do Oriente Médio para tentar avançar nas tratativas para a saída do brasileiro.
Embora seja considerada uma negociação difícil devido aos altos valores envolvidos, a ideia da direção gremista é convencer os árabes a liberá-lo por um valor abaixo da multa rescisória — cerca de 10 milhões de euros (R$ 46 milhões) — ou negociar um empréstimo com passe fixado. O contrato de Giuliano com o Al-Nassr vai até junho de 2021.
Além disso, a dificuldade na liberação do meia se deve à importância dele para a equipe. Desde que saiu do Brasil, há quase quatro anos, disputou 156 jogos, marcou 65 gols e deu 41 assistências. No Al-Nassr, Giuliano é titular e capitão do time, pelo qual disputou 12 jogos nesta temporada — com quatro gols marcados e três assistências. Atualmente, o clube ocupa a vice-liderança da liga saudita, um ponto atrás do Al-Hilal, primeiro colocado.
— Giuliano é um cara respeitado pelo seu grande futebol por lá, não é à toa que tem três temporadas com muitos gols, ajudando o Al-Nassr. É um estrela lá na Arábia Saudita — destaca o lateral-esquerdo Euller, hoje na Ferroviária-SP, que enfrentou o meia quando atuava pelo Al-Shabab, na temporada 2018/2019.
Aliás, o Al-Nassr é o atual campeão nacional. No título da temporada passada, Giuliano foi um dos principais jogadores, disputando todas as 30 partidas da campanha. Marcou oito gols e distribuiu cinco assistências. Na Champions Asiática também foi protagonista, marcando oito gols e terminando como artilheiro da equipe e terceiro principal goleador do torneio, em que a sua equipe caiu nas quartas de final, contra o Al-Sadd, do Catar.
— Vivo um momento especial na minha carreira. Venho tendo bom desempenho, bons números e tenho conseguido ajudar a minha equipe — disse Giuliano em entrevista ao Correio Braziliense no fim do ano passado.
As boas atuações pelo clube da Arábia Saudita fizeram o meia valer o preço pago pelo Al-Nassr ao Fenerbahçe, da Turquia, em agosto de 2018: 10,5 milhões de euros (cerca de R$ 48 milhões). Não à toa, ele foi a segunda maior contratação do time na história — a primeira foi a do nigeriano Ahmed Musa, que chegou à equipe junto com Giuliano. Neste mesmo time, treinado pelo português Rui Vitória, antigo "rival" de Jorge Jesus no país europeu, também atuam os brasileiros Maicon, zagueiro, e Petros, volante, ambos ex-São Paulo.
A quantidade de estrangeiros por lá mostra o alto investimento que vem sendo feito no futebol árabe. Para a temporada passada, foram gastos mais de R$ 900 milhões em contratações. De acordo com quem atuou na Arábia Saudita, os clubes e a liga são bem organizadas, mas a intensidade dos treinamentos não é a mesma do Brasil.
— É um país que te dá uma estrutura de trabalho. Mas os treinos são diferentes do Brasil, até porque são à noite, por causa do calor, e não são tão intensos quanto por aqui — ressalta Euller.
Na carreira, Giuliano teve início no Paraná e logo foi negociado com o Inter. Campeão da Libertadores com o clube em 2010, foi vendido ao Dnipro, da Ucrânia, em 2011. Três anos depois, retornou ao Brasil para jogar no Grêmio. Ficou até a metade de 2016, quando transferiu-se para o Zenit, da Rússia. Passou uma temporada lá e saiu para o Fenerbahçe. Jogou um ano na equipe turca e foi para o Al-Nassr, onde está desde agosto de 2018. Tem, ainda, 14 jogos pela Seleção Brasileira.
Posicionamento
No Grêmio, entre 2014 e 2016, Giuliano quase sempre foi escalado aberto pela direita. Mas, desde que deixou o clube, passou a jogar mais centralizado — seja como meia armador ou segundo atacante. Tanto que aprimorou a capacidade goleadora, tendo marcado muitos gols com as camisas do Zenit, do Fenerbahçe e também do Al-Nassr.
Quando chegou ao clube árabe, que atua no mesmo 4-2-3-1 do Grêmio de Renato Portaluppi na maioria das partidas, vestia a camisa 77. Acabou recebendo a 10 nesta temporada, até mesmo pelo posicionamento em campo — idêntico ao que foi feito por Luan e Jean Pyerre no time tricolor em 2019.
Pelos mapas de calor, é possível observar a mudança. Em Porto Alegre, atuava preferencialmente pelo lado. Na Europa e no Oriente Médio, passou a ter liberdade para cair pelos dois flancos partindo do centro do campo.
Assim, chegaria para suprir a carência do elenco gremista neste setor, já que Luan e Thonny Anderson foram negociados. Hoje, o clube conta apenas com Jean Pyerre — que ainda se recupera de uma lesão muscular na coxa direita —, Thaciano e o jovem Patrick para a função.
MAPAS DE CALOR DO GIULIANO
No Grêmio
No Zenit (Rússia)
No Fenerbahçe (Turquia)
No Al-Nassr (Arábia Saudita)
NÚMEROS DO GIULIANO
Pelo Grêmio
- 110 jogos
- 19 gols
- 20 assistências
Pelo Zenit (Rússia)
- 50 jogos
- 19 gols
- 15 assistências
Pelo Fenerbahçe (Turquia)
- 43 jogos
- 19 gols
- 8 assistências
Pelo Al-Nassr (Arábia Saudita)
- 63 jogos
- 27 gols
- 18 assistências