Quem vê a camisa 10 do Grêmio em campo se impressiona com os passes cirúrgicos em profundidade e a inteligência na hora de driblar. Mesmo sem precisar correr muito, ela imprime velocidade ao ataque tricolor. Tais características contrastam com a mulher que veste também a faixa de capitã: aos 37 anos, Karina carrega uma farta bagagem de experiências na modalidade e pensa, inclusive, em se aposentar no domingo (1°), após a final do Gauchão. Embora ainda não tenha parado, a veterana pode ser considerada uma das principais jogadoras gaúchas.
Medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2003 numa Seleção Brasileira que tinha as eternas Marta, Formiga e Cristiane, a gaúcha Karina Balestra é a mais experiente do grupo gremista. E o desempenho em campo segue em alto nível, foi a artilheira da Série A2 do Brasileirão com 14 gols, na campanha que colocou o Grêmio na primeira divisão do próximo ano.
— Vou fechar 22 anos como atleta profissional. É uma vida dedicada a isso. Tenho muito para dar dentro de campo, mas quero terminar com este sentimento em alta, não quando já estiver perdendo rendimento — avalia a número 10.
A habilidade, marca clássica de Karina, deu mostras desde muito cedo. Quando criança, ela se sobressaía no meio dos meninos e, com 12 anos, decidiu que seria jogadora. A garota não tinha outro pensamento em mente — tanto que, mesmo de castigo, fugia de casa para jogar bola.
As dificuldades enfrentadas no início da carreira são comuns para quase todas as meninas que têm o sonho de Karina: não havia time feminino perto da casa onde morava, em Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre. Por isso, ela precisava pegar dois ônibus para treinar na Capital, o que gerava um custo alto para seus pais, que ainda tinham de arcar com a mensalidade da escolinha de futebol.
Os custos, no entanto, logo terminaram graças ao talento da guria. Desde os 14 anos, ela consegue viver do futebol. O melhor cenário financeiro encontrado pela camisa 10, porém, foi bem longe do Brasil. Pelo Suwan, na Coreia do Sul, a jogadora relata ter ganho, em cada um dos três anos em que atuou lá, o equivalente a cinco anos de salário em solo brasileiro.
A estrutura asiática também surpreendeu positivamente Karina, que espera um dia encontrar o mesmo nível daquelas instalações em seu país. E ela acredita que este dia esteja cada vez mais perto. Pensando nisso, aceitou o convite do Grêmio para atuar com a camisa tricolor em 2019, depois de ter defendido o Inter em 2018, ano em que as coloradas foram derrotadas pelas arquirrivais no Beira-Rio na final do Gauchão.
Queria muito jogar no Grêmio para completar minha carreira
KARINA
Meio-campo do Grêmio
— Era um sonho meu e da minha mãe. Queria muito jogar no Grêmio para completar minha carreira tendo passado pelos dois maiores clubes do Estado — afirmou.
Já a artilheira do segundo semestre é Karol Lins. Com 10 gols em cinco jogos no Estadual, ela chegou ao Grêmio com a missão de balançar as redes adversárias. A pernambucana de 25 anos já acumula 10 anos como atleta e tem títulos de peso: ela é campeã da Libertadores e bi da Copa do Brasil pelo São José, de São Paulo.
Apelidada de "matadora" pelas colegas de time, estão nos pés da centroavante boa parte da esperança gremista de manter o troféu do Gauchão em casa. E não é só o oportunismo dentro da área a marca de Karol. Desinibida, ela se abre em sorrisos quando vê a câmera apontada para ela. Também pudera, ela mal consegue acreditar que o futebol é uma realidade em sua vida.
— Consegui ter minhas coisas com o futebol: meu carro, minha habilitação, ajudar meus pais. Isso é uma felicidade imensa ter a carteira assinada com a profissão de jogadora registrada ali — comemora a número 9.