É hora de colocar a veia copeira do Grêmio à prova. A partir das 21h30min desta terça-feira (27), no Pacaembu, a imortalidade do Tricolor precisará aparecer em campo para que o time de Renato Portaluppi avance às semifinais da Libertadores depois de perder por 1 a 0 para o Palmeiras, na terça-feira passada, em Porto Alegre.
Ainda que o resultado da partida de ida, na Arena, não tenha sido bom para o Grêmio, a confiança é grande por parte dos torcedores. Nas redes sociais, a crença de que a equipe poderá reverter a derrota sofrida em casa chegou até o volante Sandro Goiano, capitão da equipe na inesquecível "Batalha dos Aflitos", em 2005, quando o time, com sete jogadores em campo, venceu o Náutico por 1 a 0 e garantiu o retorno à Série A do Brasileirão.
— Muitos gremistas me seguem nas redes sociais e eu sigo muitos também. Dá para ver que a torcida acredita. Isso contagia os jogadores que, mais do que todo mundo, precisam ter esse espírito vencedor do clube. Não é à toa que o Grêmio tem essa tradição de ser imortal — afirma o ex-atleta, que também foi vice-campeão da América pelo clube em 2007.
Uma virada semelhante a favor do time gaúcho aconteceu em 1989, quando o Tricolor também perdeu em casa por 1 a 0 e, na Argentina, buscou a classificação às semifinais da Supercopa Libertadores. Naquela ocasião, o adversário foi o Estudiantes, que derrotou o Grêmio no Olímpico e acabou eliminado depois de perder por 3 a 0 em La Plata.
— O Grêmio sempre foi forte em mata-matas. Esse fator, por mais que por vezes menosprezem, é importante. É um time que tem esse poder de virada. Acho que o Grêmio tem totais condições de reverter esse 1 a 0 — destaca o ex-ponta esquerda Paulo Egídio, que marcou um dos gols na vitória gremista na Argentina, há 20 anos.
Essa confiança se deve, também, ao bom retrospecto recente da equipe fora de casa. Na campanha do título da Copa do Brasil de 2016, o Tricolor bateu Cruzeiro, nas semifinais, e Atlético-MG, na final, em Belo Horizonte antes de erguer o troféu em casa. Na conquista do tri da América, em 2017, da mesma forma: superou Godoy Cruz, nas oitavas, Barcelona de Guayaquil, nas semi, e Lanús, na final, também longe de Porto Alegre.
— O Grêmio joga o mesmo futebol dentro e fora de casa. O Palmeiras é que muda. Em Porto Alegre, jogou se defendendo muito e achou um gol. Mas, lá em São Paulo, a torcida vai exigir que eles saiam para o jogo também. O Grêmio já venceu em um Maracanã com 100 mil pessoas. Já revertemos situações piores — lembra Saul Berdichevski, que era diretor de futebol do clube nos títulos de 2016 e 2017.
É um time que tem esse poder de virada. Acho que o Grêmio tem totais condições de reverter esse 1 a 0"
PAULO EGÍDIO
ex-jogador do Grêmio
"Jogo de Libertadores é resolvido no detalhe"
Essa postura de buscar sempre a vitória, independentemente do local do jogo, é constantemente ressaltada por Renato em suas entrevistas. E, pelo que disse o lateral-direito Leonardo Gomes na segunda-feira (26), os jogadores sabem que têm de manter a esperança até o fim.
— O Renato sempre busca passar tranquilidade para a gente. O Grêmio não muda sua postura, jogando dentro ou fora de casa. Vamos buscar o resultado durante todo o jogo. Enquanto a partida não terminar, teremos chances de classificação. Jogo de Libertadores é resolvido no detalhe — comentou o atleta.
Ele recordou, ainda, de um exemplo às avessas. Em 2018, a equipe gaúcha bateu o River Plate em pleno Monumental de Núñez na partida de ida das semifinais da Libertadores por 1 a 0. Na volta, porém, acabou eliminada ao perder, de virada, por 2 a 1.
— Mostra o quando temos de acreditar até o apito final do juiz na nossa classificação. Enquanto o jogo não terminar, temos chances. Ano passado estávamos vencendo o jogo na Arena até os 30 minutos do segundo tempo, se não me engano, e fomos eliminados — alerta Leonardo Gomes.
Será com esses exemplos e apegados na imortalidade tricolor que as torcedores poderão manter a esperança de classificação mesmo que o rival tenha um elenco milionário e um técnico ídolo dos gremistas. Afinal, será a oportunidade de mostrar, como diz o cântico da torcida, que "o Grêmio é copeiro" e seguirá na briga pela tetra da América.