Há 3.264 dias, Renato Portaluppi estreava como técnico do Grêmio em uma derrota por 2 a 0 contra o Goiás, no Estádio Olímpico, que rendeu a eliminação da Copa Sul-Americana de 2010. Depois disso, o maior ídolo da história gremista saiu e voltou para o clube outras duas vezes. Na mais recente, conquistou seis títulos, ganhou uma estátua na esplanada da Arena e se consolidou como um dos maiores treinadores de todos os tempos no Tricolor.
O Gre-Nal deste sábado será o jogo de número 300 de Renato como comandante do Grêmio. Para o clássico 421, às 19h, no Beira-Rio, a tendência é de time praticamente todo reserva. Depois da classificação às semifinais da Copa do Brasil, a preservação é válida.
Até porque, como chefe do vestiário gremista, ele deu seis voltas olímpicas, teve 153 vitórias e um aproveitamento de 60% à frente clube do coração, que também o revelou como jogador, há quase 40 anos. Por tudo isso, ele considera a marca importante em sua carreira.
— São 300 jogos, não é para qualquer treinador. É uma grande marca. O importante são as conquistas. Basicamente, seis títulos. Mas o que aconteceu nesses 300 jogos? O que foi feito no clube além dos títulos? Pô, revelamos vários jogadores. O Grêmio vendeu vários jogadores. Estamos sempre com um grupo forte. O trabalho nesse tempo foi importantíssimo. Principalmente nesses três anos que vai completar em setembro —destacou em entrevista ao GloboEsporte.com.
Idolatrado por torcedores, Renato chegou ao Tricolor gaúcho como técnico pela primeira vez em 2010. Ele já havia comandado outras quatro equipes (Madureira, Fluminense, Vasco e Bahia), mas aceitou treinar o clube pelo qual sempre torceu devido ao momento ruim que o time vivia.
— O Grêmio me deu medo nos primeiros dias. Todos sabem que sou gremista, e fiquei até com pena. Ainda me falaram uma coisa, só que, quando cheguei, era outra bem pior. Fiquei assustado. Sabia que corria um risco (de rebaixamento), e, para falar a verdade, só aceitei porque a situação era ruim mesmo, eu precisava ajudar. Mas trabalhei bastante, trouxe o grupo para perto da comissão, demos padrão tático ao time, busquei o diálogo para minimizar a falta de tempo e as coisas deram certo — disse ele ao final daquela temporada, depois de tirar a equipe da zona de rebaixamento e terminar o Brasileirão na quarta posição, classificada para a Libertadores do ano seguinte.
Em julho de 2011, após uma série de maus resultados, pediu demissão e, depois, assumiu o Athletico-PR. Ficou apenas dois meses por lá e só voltou a trabalhar em 2013, quando retornou ao Grêmio e levou o clube ao vice-campeonato brasileiro. Ao final da temporada, não teve o contrato renovado e foi para o Fluminense. Permaneceu até abril no clube carioca.
O retorno às casamatas aconteceu apenas em setembro de 2016, quando acertou a sua volta ao Tricolor gaúcho em substituição a Roger Machado. Junto com ele, o ex-treinador campeão do mundo pelo clube em 1983, Valdir Espinosa, assumiu o cargo de coordenador-técnico. Quase três anos depois, ele parabeniza Renato pelo trabalho no comando gremista e pela marca alcançada.
— É um registro importante. Por ser em um Gre-Nal, será ainda mais marcante. Só resta a todos nós, gremistas, darmos parabéns ao Renato por essa conquista individual dele. É um cara que já teve várias conquistas, mas essa marca é importante e merece ser celebrada — afirma.
Técnico de Renato em seu início no Grêmio, Espinosa admite que o treinador amadureceu muito. Segundo ele, as experiências anteriores, as derrotas e as vitórias transformaram o chefe do vestiário tricolor em um multicampeão também à beira do campo.
— Todos nós iniciamos de uma maneira e vamos aprendendo. O Renato faz parte desse grupo de pessoas que aprendeu com o tempo. Hoje, claro, ele é bem diferente de quanto treinou Madureira — avalia, antes de complementar:
— Mas, na essência, ele nunca mudou. Às vezes conversamos, mas se ele evoluiu no futebol, na vida social continua o mesmo. Não gosta de telefone e WhatsApp. Por isso, falamos só quando vou a Porto Alegre ou ele vem ao Rio de Janeiro.
Com o desafio de vencer fora de casa o maior rival para se aproximar do G-4 do Campeonato Brasileiro e ultrapassar o Inter na tabela, Renato apostará na força do grupo que ele tanto ressalta em suas entrevistas. E, ainda que não tenha força máxima, um triunfo no Beira-Rio faria bem para o moral dele e do time, que na quinta-feira tem outra decisão, pelas oitavas de final da Libertadores, contra o Libertad.
A Era Renato no Grêmio
Os números do técnico no Grêmio
- 299 jogos
- 153 vitórias
- 80 empates
- 66 derrotas
- 461 gols marcados
- 242 gols sofridos
- 60% de aproveitamento
- 6 títulos (Libertadores, Copa do Brasil, Recopa, Gauchão 2x e Recopa Gaúcha)
Técnicos com mais jogos no comando do Grêmio
- Oswaldo Rolla — 378 jogos
- Felipão — 371 jogos
- Telêmaco — 334 jogos
- Carlos Froner — 320 jogos
- Renato Portaluppi — 299 jogos
Curiosidades sobre o treinador tricolor
- Segundo técnico mais longevo do futebol brasileiro na Série A, atrás apenas de Mano Menezes, do Cruzeiro.
- Técnico mais longevo do século 21 no Grêmio: 2 anos e 10 meses (ultrapassou a marca de Mano Menezes, de 2005 e 2007).
- Último técnico a ficar tanto tempo no Grêmio foi Felipão, entre 1993 e 1996 (3 anos e 3 meses).