A caminho de Kiev, capital da Ucrânia, o representante de Tetê, Pablo Bueno, atendeu GaúchaZH para comentar as declarações do técnico Renato Portaluppi, que mencionou a pressão do empresário para que o atacante subisse ao profissional do Grêmio.
Acompanhando o garoto de 19 anos, que se apresentará na quarta-feira ao Shakhtar Donetsk, Bueno dá sua versão sobre a negociação que rendeu R$ 43 milhões ao clube gaúcho e seu relacionamento com a direção tricolor.
O Renato mencionou uma certa pressão sua para o Tetê subir ao profissional do Grêmio. O que você tem a dizer sobre isso?
A gente não sabe como as coisas chegam ao Renato. Da nossa parte, não teve pressão nenhuma. Tudo aconteceu como era para acontecer mesmo. A gente vai entender só ali na frente. Foi bom para todos. Para o Grêmio, para o Tetê. Mas depende do jeito que as informações chegam ao Renato. Não dá para julgar.
O Renato mencionou a frase "só vou jogar se estiver no profissional" na entrevista. Vocês disseram isso em algum momento?
Não. É por isso que eu falo que tem de ver como as coisas chegam ao Renato. Uma vez, teve pessoas que "se encarnaram" no guri por causa do apelido de furacão. Chegou ao profissional isso. O apelido dele de furacão, ele começou a usar muito por causa do Pepê. Ele é o Tetê e tem o Pepê, que todo mundo se confundia. Então, ele disse que ia usar o furacão para ninguém se confundir mais. É tudo uma questão de interpretação. As pessoas às vezes interpretam errado e maliciam as coisas. Bota malícia e maldade onde não tem. Óbvio que todo jogador quer jogar. Ele é competitivo. O sonho dele é jogar no Grêmio, desde os oito anos de idade. Não foi a primeira proposta que chegou para ele sair. Sempre quis jogar no Grêmio. É aquela coisa: ele é ansioso, da idade. Ele é um menino, não é um homem de cabeça feita. Mas vai do jeito que as pessoas interpretam e como chega a elas. Uma fala bem colocada surte efeito. Mas palavras fora de contexto também prejudicam, né? Se você quer criar maldade, você cria. É isso que acontece.
A pressão que ele fez foi dentro de campo
PABLO BUENO
Empresário de Tetê
Você acredita que isso partiu da direção para resultar nesta manifestação do Renato?
Não acredito que façam isso. A gente não vai saber quem foi. Mas é uma questão superada. Pelo bem do Grêmio, do Tetê, da base do clube. Porque quem vendeu o jogador foi a base, vamos deixar bem claro. Um baita negócio para a base, diga-se de passagem. O mérito é todo da base, que fez algo incrível, que vai dar retorno ao clube. O Tetê deixa uma herança para o clube, um trabalho para os garotos que vão surgir. Os times campeões do Grêmio sempre tiveram garotos da base. Que os torcedores apoiem os jogadores da base, tenham carinho por eles, assim como têm com argentinos, tenham paciência com os guris. Quando o jogador está confiante, ele arrebenta. É ter essa paciência e apoiar, acreditar. Como é no Santos, a torcida abraça os guris, aplaude nas derrotas. Isso tem de acontecer no Grêmio também. Tem de dar valor aos guris, que eles serão o futuro do Grêmio.
Como ficou o Tetê depois que voltou da seleção sub-20 e soube que não subiria ao profissional?
Ele estava de boa. A pressão que ele fez foi dentro de campo. Isso repercutiu na mídia, nas redes sociais, nos jornais. A pressão que ele criou foi jogando, dentro das quatro linhas, que é onde o jogador tem de falar. E ali ele fala bem. Mas pressão da nossa parte, nunca teve. A gente sempre teve uma conduta muito transparente com o Grêmio. Quando o Tetê fez 16 anos de idade, renovamos o contrato dele em um minuto. Pode perguntar para qualquer diretor da base como a gente tratou com eles lá. Para renovar, todo empresário cobra comissão, e eu não cobrei nada. Aceitamos o que o Grêmio deu e pedimos só bônus por rendimento. Nunca fiz nada para atrapalhar.
Fica alguma decepção do Tetê com o Renato por não ter recebido chance?
Não tem nada. Tem coisas que vão acontecer na vida e você só vai entender ali na frente. Não dá para ter este tipo de sentimento, isso não vai te levar a nada. Temos de pensar é no futuro, era para acontecer isso de ir para a Europa. De repente, é que nem o Ninho do Urubu. A gente não sabe se está salvando vidas, já que o Grêmio vai investir na base. Bom que vai trazer melhorias para onde o Grêmio mais necessita, onde o clube está mais carente. O Tetê mencionou isso na coletiva, talvez não soube se expressar bem. Mas o que ele quis dizer é que o Grêmio é gigante e, por isso, a estrutura tem de ser gigante também. Não pode clubes menores terem uma estrutura melhor. O Tetê, além de ser jogador, também é torcedor. Por isso, ele cobra. A gente aplaude quando tem de aplaudir e critica quando tem de criticar.
Em sua opinião, o Tetê já estava pronto para subir ao profissional?
Ele precisa jogar com jogadores profissionais, bons. Ele tem de evoluir. Está em uma fase em que ele vai evoluir com jogadores do profissional. Na base, ele não tinha mais nada a aprender. Preparado para jogar no profissional, acho que não. Mas para treinar e aprender, sempre vai estar. Agora, ele vai evoluir como jogador. Foi bom para todo mundo. Acredito que a torcida do Grêmio ainda vai ter o Tetê de volta. Ele é gremista, nada vai mudar. Agora é olhar para frente, arrebentar na Ucrânia e dar ainda mais lucro para o Grêmio.