Um dos grandes responsáveis pela renovação de contrato de Renato Portaluppi para 2019,
o vice de futebol Duda Kroeff trabalha para montar o elenco do Grêmio para o ano que vem.
Nesta entrevista a GaúchaZH, o dirigente, que já foi presidente do clube entre 2009 e 2010, dá detalhes sobre a participação do treinador na busca por reforços, realiza uma avaliação sobre a temporada que está terminando e projeta como será o início de ano com o time de transição disputando o Gauchão.
Outros pontos abordados por Kroeff dizem respeito ao movimento de chegadas e saídas no elenco. Enquanto vê a permanência do veterano Léo Moura próxima de ser anunciada, também diz que a renovação de Cícero está complicada e que Douglas está de saída do clube. Veja como Kroeff planeja o próximo ano do Grêmio.
Thiago Neves é, de fato, o meia que vocês buscam?
É um jogador que nos interessa, não tem por que negar. Mas não sabemos se será possível. O André Zanotta (executivo) está trabalhando, conversando com o pessoal do Cruzeiro e o agente do jogador.
Mas ele tem multa rescisória de US$ 10 milhões. Vocês irão oferecer jogadores para abater este valor?
É esse tipo de coisa que o André (Zanotta) está conversando para ver se é viável a vinda do Thiago. Mas se não der, tem outros que podem chegar. Não tem problema.
Em relação ao Thiago, vocês perceberam a vontade dele de jogar aqui?
Não sei, de fato, porque é o André está iniciando as conversas para avaliar a possibilidade. Mas acredito que sim. A gente procura se informar a respeito do jogador.
A ideia de vocês é tentar antecipar a liberação para arcar só com salário?
Se encaixa neste perfil. É um jogador muito valorizado, se tivesse contrato mais longo não haveria condições.
Mas pagar o valor da rescisão, que é US$ 10 milhões, está fora de questão?
Isso não. A gente nem cogita este formato de negociação. Teria de ser de outra maneira.
O Renato, por ter trabalhado com ele no Fluminense, pode ajudar a convencê-lo?
Claro. Ele nos ajuda bastante, é muito bom nisso. Foi um dos nomes passados por ele na reunião que tivemos.
O Renato entregou uma lista de reforços a vocês nessa reunião?
Não teve lista. A gente conversou de forma descontraída. Só que tem muito material, o CDD (Centro Digital de Dados) nos abastece com bastante material destes jogadores, que eles, do CDD, já examinaram e sugerem ao Zanotta. Aí o André traz para a gente e coloca no computador a foto, a idade, quando acaba o contrato, quantos gols fez, as assistências. Aí o Renato vai dizendo qual atleta serviria e qual não. E assim a gente vai.
Vocês também fazem uma avaliação do comportamento do jogador fora de campo?
Sem dúvida. Já faz algum tempo que a gente presta muita atenção nisso, principalmente depois de experiências ruins, que todos os clubes têm. Por isso, estamos dando muita importância para isso.
O Renato, de fato, se dispõe a entrar em campo para ajudar a contratar?
Sim, ele tem relacionamento com alguns jogadores, conhece bem. Aí ele ajuda, sim. Tem jogador que dá importância a quem é técnico. Tem atleta que acha que com tal treinador quer jogar. A gente procura aproveitar, tem muito jogador que quer jogar com o Renato.
O Diego, do Flamengo, foi realmente tentado pelo Grêmio?
Não. Esse nome realmente é daqueles que a gente não sabe de onde surgiu. Nunca foi conversado entre nós.
O Léo Moura é quem está mais perto de renovar contrato?
Sim, diria que sim. É o que está mais perto. Pode se confirmar ainda nesta semana, está perto.
Em relação ao Douglas, como está a situação?
O Douglas já tem outras situações, interesses. Então, está ok. Agradecemos muito por tudo o que ele fez pelo Grêmio. É um jogador que veio pela primeira vez quando eu era presidente, gosto muito dele. Mas ele está saindo.
Vocês chegaram a oferecer um contrato para ele até o fim do Gauchão?
Teve uma conversa neste sentido, mas a tendência de momento é de que ele vá sair. Ouvi falar que ele vai para o Vasco, mas vi isso somente na imprensa.
E o Cícero?
Estamos tentando que ele fique conosco. O André está conversando com o procurador dele. Ele não está tão perto como o Léo Moura, está um pouco mais difícil. É um acerto entre o jogador e o clube, ainda está um pouco longe nesta questão de salário.
E a questão centroavante? Foram tentados nomes como Diego Tardelli e Marcelo Moreno, que estão em final de contrato?
A gente está examinando algumas possibilidades. Já renovamos com o Jael, e o André continua. A gente leva fé que, com uma pré-temporada, ele tenha um desempenho melhor do que teve este ano, que realmente não foi o que a gente esperava. Mas os nomes não são bem esses. Não gostaria de dizer agora, pode atrapalhar (uma possível negociação).
Seriam nomes do mercado sul-americano?
Também. Mas a gente está dando preferência para os brasileiros. Pode ser um argentino ou um uruguaio também, não vamos excluir ninguém pela nacionalidade. Mas é apenas uma preferência, porque em termos de adaptação é mais fácil.
O Pablo, do Atlético-PR, vale uma loucura financeira?
É muito bom jogador, a gente gosta muito dele aqui no Grêmio. Mas, por conta dos valores, é inviável. Fizemos uma sondagem, verificamos como é a situação. Mas está muito valorizado, não temos condições de trazê-lo.
Em relação ao André, por que ele não deu certo esse ano?
Não diria que foi tão mal assim, ele ajudou em alguns momentos bem importantes. Mas realmente a gente esperava mais, isso não é segredo para ninguém. Talvez algum problema de adaptação ou questão física. Não é algo claro. Talvez com a pré-temporada seja diferente. Afinal, ele iniciará o ano aqui. Mas ele sempre me parece contente, encontro ele em restaurantes, e demonstra estar bem. Me cumprimenta, é simpático. Mas não sei dizer o que está faltando.
O presidente Bolzan citou que a busca será de quatro a cinco reforços. Vocês priorizam contratações para o ataque?
São reforços para todo o time, todas as posições que a gente acha que precisa. Buscamos para todos os setores. Depende muito das oportunidades. Não focamos só em uma posição. Se surge um negócio muito bom em outro setor, um jogador que a gente acha que vai ajudar bastante, tem muito a ver com oportunidade também. Aquela coisa que se fala de perfil eu acho que é bobagem.
Do orçamento de R$ 320 milhões para 2019, quanto está reservado para contratações?
Isso é com o Amodeo (Carlos, CEO), que tem este controle. A gente vai ousar o máximo possível, mas sem irresponsabilidade. Este é o plano. Tem uma tradição de que o vice de futebol procura fazer com que o presidente libere o máximo de dinheiro possível, faça investimentos até acima do que o clube poderia. Mas no caso presente do Grêmio não é mais assim. Estamos agindo com muita responsabilidade, não adianta nada fazer um time espetacular em um ano e gastar horrores. Logo adiante vai estourar, você corre o risco até de ir para a segunda divisão. Já vi isso acontecer, não só no Grêmio como em outros clubes. Então, a gente está indo com calma.
Este ano foi de investimento. Marinho e André, somados, custaram quase R$ 20 milhões. Em 2019, o Grêmio poderá gastar valor parecido?
Vamos ver as oportunidades que aparecem. O que a gente está disposto a gastar é aquilo que pode, não mais do que isso.
Vocês receberam alguma proposta pelo Everton ou até mesmo pelo Marinho, que foi especulado no Corinthians?
Não chegou nada. Sempre aparecem algumas sondagens, isso tem e a gente vai examinando. Em relação ao Everton, nossa ideia é de que surgirá negócio só na janela do meio do ano.
O que foi mais decisivo para o Renato decidir renovar com o Grêmio?
É uma dúvida que ficou. Teve um momento em que eu realmente achei que ele iria para o Rio de Janeiro. Mas acho que pesou muito o que ele pensa para o futuro dele. Até mesmo uma situação de Seleção Brasileira. E ele achou que, se ficasse por aqui, ele teria mais chances de crescer mais na carreira. Aqui ele já está acostumado, está aqui há alguns anos e sabe com quem pode contar. Talvez ele tenha pensado que aqui pode desenvolver um trabalho mais tranquilo. Isso são só conjecturas, não cheguei a falar com ele sobre esta questão.
Vocês estão em contato permanente por telefone com o Renato para avaliar reforços?
Sim, a gente fez aquela reunião e conversou mais uma vez depois. Ele está à disposição no telefone sempre, a gente conversa de vez em quando. Ele tem falado mais com o Zanotta, que me deixa a par das negociações.
Este formato de trabalho, com o Zanotta realizando as negociações, reforça a profissionalização do futebol do Grêmio?
Com certeza. Ele é o executivo, eu acredito muito em profissionais. A tendência no futebol é essa. O Zanotta responde pela área e trabalha junto ao Amodeo, o CEO do clube, as negociações tem de ser conduzidas por eles, com o nosso aval.
Nestas reuniões do departamento de futebol, qual foi a avaliação de vocês sobre esta temporada? O que ficou de bom e o que pode melhorar?
Foi um bom ano. Ganhamos o Gauchão, a Recopa e estivemos perto de ganhar a Libertadores. A Copa do Brasil também eu diria que a gente esteve perto. No Brasileiro, mesmo jogando muitas partidas com time alternativo, porque é o único jeito, nós chegamos entre os quatro. Então, foi um bom ano. Ganhar títulos é difícil, tem muito time grande, como a gente, querendo. Não é sempre que vai dar. O que nós precisamos é estar sempre beliscando, aí de vez em quando vamos ganhar títulos importantes.
A pré-temporada será em Porto Alegre? Qual é o motivo de fazer a preparação aqui?
O nosso CT tem todas as condições para que possa ser desenvolvido um bom trabalho. Todos, entre comissão técnica e jogadores, gostam de trabalhar em Porto Alegre.
Como será o planejamento para o Gauchão? Até qual rodada será utilizado o time de transição?
A gente ainda não tem nada certo, resolvido, quanto a isso. Só tem a definição de que utilizará o time de garotos. Até quando vai ser, exatamente quais partidas, a gente ainda não sabe. Provavelmente, vamos decidir com o andar da carruagem. Mas, para começar, sem dúvidas vai ser com a transição, que esse ano está bem mais preparada para isso do que no ano passado.
Vai ser o Thiago Gomes mesmo o técnico?
Sim, vai ser o Thiago. Com certeza.
Dos garotos da base, quem está cotado para subir? Seria o Tetê ou o Da Silva?
Eles estão sendo observados. Já jogaram algumas vezes no time de transição. Aqueles que vão se destacando serão chamados naturalmente. É um trabalho muito bem feito pelo Thiago Gomes e a comissão técnica dele. Não definimos nomes, mas o Tetê tem se destacado, foi muito bem nas últimas partidas, e certamente terá sua chance na transição.
E os emprestados? O Thyere, que estava na Chapecoense, vai voltar?
O Zanotta está trabalhando com isso também. Estamos vendo os jogadores que preferem ser reemprestados. Não podemos obrigá-los a voltar, tem o jogador que quer ficar no Grêmio porque acha que ali vai acabar tendo sua chance. E tem outros que não gostam de ficar de segundo ou terceiro reserva e preferem ser emprestados para times que serão titulares. O Thyere é um jogador interessante, mas acho que ele quer jogar e ser titular e, por isso, tende a ser reemprestado.
E nomes como Lincoln, que estava no América-MG, e o Patrick, cedido ao Criciúma?
Ainda não sabemos (se serão aproveitados por Renato). Mas se chegarem boas propostas por eles, nós vamos estudar.