Quando a imprensa cearense noticiou há alguns dias o interesse do Grêmio no goleiro Éverson, a informação não fazia muito sentido. Porém, com a venda de Marcelo Grohe para o Al-Ittihad e a liberação de Bruno Grassi para o Criciúma, as peças se encaixaram. Mesmo que Paulo Victor tenha sido confirmado pelo técnico Renato Portaluppi como o novo titular da meta tricolor, a direção buscará uma sombra de peso. E esta sombra pode vir de Fortaleza.
Revelado pelo São Paulo, Éverson não esconde a idolatria por Rogério Ceni — mesmo que este seja treinador do rival Fortaleza atualmente. Inspirado nele, inclusive, veste a camisa de número 01 e se arrisca como batedor de faltas, tal qual o ex-goleiro são-paulino. Desta forma, em setembro, marcou o gol da vitória sobre o Corinthians.
— Ele já deu entrevistas dizendo que o Ceni apoiou ele na época de São Paulo. Já vinha treinando cobrança de faltas, aí bateu contra o Corinthians e fez aquele golaço. Depois, não surgiram tantas oportunidades — explica o repórter Lucas Mota, do jornal O Povo, de Fortaleza.
Mas nem sempre foi assim. Quando deixou o CT de Cotia, rodou por clubes de menor expressão, como Guaratinguetá, de São Paulo, River, do Piauí, e Confiança, do Sergipe. Assim, com status de aposta, chegou ao Castelão em 2015. Ganhou a posição na reta final da temporada e nunca mais deu brecha — nem para o badalado Fernando Henrique, ex-Fluminense.
Com boas atuações, se destacou nas campanhas do acesso à Série A, no bicampeonato estadual (2017 e 2018) e na fuga do rebaixamento neste ano. Por isso, aos 28 anos, acabou valorizado: em março, teve contrato renovado até 2020, com multa rescisória de R$ 6 milhões. Ao todo, foram 194 jogos com a camisa alvinegra.
— Tem status de ídolo aqui. Chegou como terceiro goleiro e, com a chegada do Lisca em 2015, virou titular. Viveu o auge da carreira em 2018, fechando o gol do Ceará. É um cara acima da média, não foge da raia quando o clube está em uma pior. E, o mais importante neste futebol moderno, sabe jogar com os pés. Tem uma reposição de bola muito rápida e precisa. Foi o principal jogador do Ceará na temporada e este assédio de grandes clubes já era esperado — complementa Mota.
Por todas estas credenciais, o Ceará não vai liberá-lo tão fácil. Já foram duas ofertas recusadas pelo presidente Robinson de Castro — uma de R$ 300 mil e outra de R$ 1 milhão. Ou seja, o Grêmio precisará aumentar o valor caso queira contar com Éverson em seu plantel para 2019.