Quem segura o Grêmio? Neste sábado, na abertura do Brasileirão, o time de Renato Portaluppi deu a primeira demonstração de que não é mera retórica o discurso de tentar conquistar um título que falta desde 1996. No Mineirão, um de seus palcos preferidos, a equipe mostrou maturidade e frieza para fazer 1 a 0 no Cruzeiro, com gol do estreante André. Agora, terá pouco tempo de descanso até a partida contra o Cerro Porteño-PAR, terça, em Assunção, em confronto direto pelo primeiro lugar no grupo 1 da Libertadores.
No primeiro tempo, quanta diferença em relação ao esfuziante Grêmio e Cruzeiro de 2017, encerrado em 3 a 3, também no Mineirão, e por muitos torcedores e críticos apontado como o melhor jogo daquele Brasileirão. A primeira etapa do jogo foi de excessivo respeito de parte a parte, sem nenhuma conclusão perigosa a gol de ambos os lados.
O jogo só não mereceu a pecha de sonolento pela técnica apurada da maioria dos jogadores, que proporcionava uma rápida troca de passes e dribles, que deixava aberta a possibilidade de algo melhor acontecer.
Dono da casa, o Cruzeiro tentou avançar preferencialmente pela direita, com Edilson, como o Grêmio fazia no ano passado, quando ainda contava com o lateral. Fora isso, sobraram as inversões de Dedé na tentativa de encontrar De Arrascaeta, mas o uruguaio foi bem contido pela marcação.
Com maior posse de bola, cujo índice, em alguns instantes, chegou a 70%, o Grêmio sempre teve como ponto de partida as tentativas de infiltração com Everton, pela esquerda. O primeiro movimento até era bem-sucedido, até o enfrentamento dentro da área com Dedé, nos quais o zagueiro cruzeirense se sobressaía. Sem Luan, preservado por desgaste físico, a transição era lenta e previsível, com Cícero. Como Léo Moura e Cortez foram pouco produtivos nos cruzamentos, restavam as tentativas de passes longos, feitos por Maicon.
Durante todo o primeiro tempo, a única conclusão foi a do estreante André, de bicicleta, pela linha de fundo, aos seis minutos, em cruzamento de Ramiro.
O futebol represado da primeira etapa veio à tona com toda a força na segunda. O Cruzeiro, pressionado por sua torcida, trocou Sobis por Sassá e foi à frente. O Grêmio, com a habitual frieza de matador, passou a tirar proveito da pressa do adversário para se articular. Desperdiçou sua primeira chance a cinco minutos, em cruzamento de Cortez e conclusão de Ramiro para defesa de Fábio. Mas aproveitou a segunda, em jogada de perfeita construção e acabamento. Aos nove minutos, em cruzamento carregado de efeito de Ramiro, Everton desviou na primeira trave e André, sem marcação, empurrou para a rede e fez 1 a 0.
Marcelo Grohe foi preciso aos 10 minutos, ao defender com os pés chute de Thiago Neves, já dentro da área. A resposta veio em grande estilo e quase resultou no segundo gol. Eram 15 minutos, quando Everton partiu da esquerda para o meio e chutou rasteiro, para salvadora defesa de Fábio.
Com envolvente troca de passes, o Grêmio passou a desnortear o Cruzeiro, que abusou impunemente das faltas duras com Ariel Cabral e Mancuello. Mas o expulso foi Kannemann, por falta dura em De Arrascaeta, a 27 minutos.
Com um jogador a menos em campo, Renato precisou rever a intenção de trocar André por Thonny Anderson. Quem entrou no lugar do centroavante foi o zagueiro Bressan, para oferecer maior resistência a tentativa de reação cruzeirense. A rigor, nem foi preciso fazer muito esforço para atingir o objetivo. A arrancada no Brasileirão mostra que há margem para sonhar com pelo menos mais uma taça em 2018.
BRASILEIRÃO — 1ª RODADA — 14/4/2018
- CRUZEIRO: Fábio; Edilson, Dedé, Léo e Egídio; Henrique e Ariel Cabral (Mancuello, 21'/2º); Robinho (Rafael Marques, 30'/2º), Thiago Neves e De Arrascaeta; Rafael Sobis (Sassá, int). Técnico: Mano Menezes
- GRÊMIO: Marcelo Grohe; Léo Moura, Paulo Miranda, Kannemann e Cortez; Arthur e Maicon (Jailson, 12'/2º); Ramiro, Cícero e Everton (Michel, 39'/2º); André (Bressan, 30'/2º). Técnico: Renato Portaluppi
- Gol: André (G), a nove minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Ariel, Dedé, Sassá (C), Ramiro (G) - Cartão vermelho: Kannemann (G)
- Público: 19.285 (15.446 pagantes)
- Renda: R$ 418.305
- Arbitragem: Rodolpho Toski Marques, auxiliado por Bruno Boschilia e Victor Hugo dos Santos (trio paranaense).
- Local: Mineirão, Belo Horizonte.