Com 1m60cm, sua presença é quase despercebida. Mas os "feitos" alcançados nos últimos anos impediram que a chegada de Manuel Valdez se desse de forma anônima a Porto Alegre, na última segunda (19). Junto à delegação do Independiente, que dispensa apresentações, o Bruxo de Gorina, como é conhecido, é o que há de mais misterioso no grupo argentino, que buscará nesta quarta seu 18º título internacional.
Nascido em outubro de 1960, em Tucumán, a cerca de 1300 km de Buenos Aires, "Brujo Manuel" carrega consigo uma única função no grupo do Independiente: agregar boas energias. Ou, como disse o técnico Ariel Holan nesta terça, "somar".
Curandeiro, Manuel costuma tratar (e resolver, garantem alguns) problemas de saúde, amor e profissionais. Sua sede, bastante acanhada, no povoado de Gorina, localizado próximo a La Plata, recebe pessoas de segunda a quinta-feira. E quem lá adentra avista as imagens de Nossa Senhora Desatadora dos Nós, Gauchito Gil e Ceferino Namuncurá, mostrou o jornal argentino Clarín, em reportagem recente.
Mas sua importância no país natal vem crescendo com o passar dos anos. Há quase uma década, a convite do craque Verón, o Bruxo de Gorina foi uma espécie de amuleto do Estudiantes que conquistou a Libertadores de 2009. No ano passado, precisou fazer ainda mais. Com o risco de a Argentina ficar fora da Copa do Mundo, esteve junto com Messi e companhia no confronto decisivo com o Equador. Mérito dele ou não, o certo — e mais importante — é que a seleção argentina estará na Rússia.
Ao Independiente, Manuel também já comprovou sua relevância. Na final da Sul-Americana, contra o Flamengo, no Maracanã, esteve presente até na casamata, como se fosse de fato um integrante da comissão técnica argentina. Tanto deu certo, ou sorte, que o clube levou o título e o direito de disputar a final da Recopa Sul-Americana contra o Grêmio. Resta saber se, nesta quarta, seus serviços novamente funcionarão.
Aos que perguntam sobre sua tarefa, "Brujo Manuel" costuma responder com ar enigmático:
— Faço minhas coisas — disse, por exemplo, ao Clarín.
O religioso Ariel Holan, técnico do Independiente, não ajuda a decodificar tudo isso que envolve o bruxo. Na entrevista coletiva desta terça, apenas comentou:
— Na realidade, é um homem religioso. Não faz coisas ruins. E tudo que faça para somar, que auxilie os jogadores, dirigentes, se não faz mal aos demais, que faça seu trabalho...
Decerto Manuel fará seu trabalho. O Independiente irá se deparar, contudo, com um time comandado desde setembro de 2016 por Renato Portaluppi. Assim, não resta outra alternativa a não ser desejar: que vença o melhor.