Ainda sem a condição física ideal após a pré-temporada, os jogadores do Grêmio terão de se superar para buscar a primeira vitória no Gauchão contra o Brasil-Pel, nesta quarta, na Arena. O próprio técnico Renato já advertiu que os jogadores sofrem com a "perna pesada" e só devem melhorar o rendimento em quatro jogos. Mas o calendário, com as finais da Recopa e estreia na Libertadores, não pode esperar.
A preparação, que se encerrou no domingo, com um jogo-treino contra o Ypiranga, teve um total de 18 dias. Menos do mínimo que o preparador físico Paulo Paixão, pentacampeão do Mundo com a Seleção e hoje no Atlético-MG, considera ideal.
Como o Grêmio deu um mês de férias aos jogadores após a final do Mundial contra o Real Madrid, o grupo só se reapresentou no CT Luiz Carvalho em 18 de janeiro. Os planos, na verdade, eram de dar mais tempo de preparação aos titulares. Mas a má largada do time de transição no Gauchão obrigou a comissão técnica a antecipar a estreia do time principal no Estadual.
— O ideal é ao menos quatro semanas (28 dias) de pré-temporada para obter a preparação adequada. Aqui, no Atlético, cumprimos três semanas e meia e colocamos o grupo para jogar na quarta. A perna pesada se dá pelo volume de trabalho da parte muscular. Quando você compete com times que vem jogando há mais tempo, a exigência é maior e você sofre um pouco — opina Paixão, que também alerta para o risco de lesões:
— A partir do sétimo ou do oitavo jogo é que o ritmo de jogo passa a ser o ideal. Pela fadiga muscular, o que se arrisca e confia é na qualidade técnica dos grandes times. Mas quando você mede forças com um atleta que está em um nível físico superior, o risco de lesões é maior.
O preparador físico Márcio Corrêa, que começou a trabalhar neste ano no Bolívar e iniciou o campeonato boliviano com duas vitórias, entende que a metodologia de treinos precisa se adequar ao tempo disponível para a preparação. Destaca que, pela individualidade de cada atleta, é possível chegar a um nível físico mínimo para suportar as exigências dos primeiros jogos do ano.
— O processo competitivo é acelerado. Sempre há queixas de pouco tempo para a pré-temporada, mas as metodologias evoluíram. Um time joga 10 meses e 20 dias, em média, na temporada. Nós, da área do esporte, temos que nos adequar ao período disponível. O jogador pode sentir mais por fatores genéticos ou pela treinabilidade. Em alguns atletas, o ritmo volta após dois jogos. Em outros, pode demorar até 10 partidas para alcançar o nível ideal — entende Corrêa.
No grupo do Grêmio, o capitão Maicon diz que, independentemente do período de preparação, o time precisa se recuperar amanhã contra o Brasil-Pel. Com somente um ponto na tabela de classificação, o time precisa vencer ao menos quatro jogos dos seis restantes para avançar para a próxima fase do Gauchão. Ocorre que, nesta sequência, o time também enfrentará o Independiente, pelas finais da Recopa, e também terá a estreia da Libertadores contra o Defensor, no Uruguai.
— Pela conquista da Libertadores, foi correta a decisão da comissão técnica de nos dar o tempo de descanso que tivemos. Quando começa o campeonato, a expectativa é de que o Grêmio dispare na tabela. Mas isso não aconteceu, não jogamos no início. Acaba atrapalhando o planejamento de fazer uma pré-temporada para aguentar o ano inteiro. Temos que reverter a situação e pensar jogo a jogo. O momento não é bom, temos que voltar a vencer — entende Maicon.
Agenda azul em fevereiro
Quarta-feira - Grêmio x Brasil-Pel (Gauchão)
14/2 - Independiente x Grêmio (Recopa)
17/2 - Veranópolis x Grêmio (Gauchão)*
21/2 - Grêmio x Independiente (Recopa)
25/2 - Grêmio x Novo Hamburgo (Gauchão)*
27/2 - Defensor x Grêmio (Libertadores)
4/3 - Juventude x Grêmio (Gauchão)
7/3 - Grêmio x São Paulo (Gauchão)
11/3 - Inter x Grêmio (Gauchão)
*Jogos em que Renato deve usar time com reservas