"Não passa nada, oh! Sebastián Saja é uma muralha", cantava o torcedor do Grêmio ao longo da Copa Libertadores 2007, quando o time chegou à final e só foi parado pelo lendário Boca Juniors, de Riquelme. Dez anos depois, o ex-goleiro acredita que a maior tradição em finais, adversária naquela decisão, agora é uma aliada do time gremista contra o Lanús. Para ele, a equipe gremista é a grande favorita ao título.
Aos 38 anos, Saja relembra com prazer do time de 2007, um grupo que, segundo ele, sabia das suas limitações e não tomava gols em casa. O ex-goleiro ainda garante que o Grêmio só não foi campeão da América naquele ano porque o Boca tinha, na ocasião, um camisa 10 chamado Juan Román Riquelme em grande fase.
— O Riquelme sobrou naque time. Foi o melhor ano em que eu o vi jogando pelo Boca— conta à GaúchaZH o ex-goleiro, direto da Espanha, onde o faz um curso para ser treinador.
Em 2017, segundo Saja, a história tem tudo para ser diferente. Por diversas razões, o ex-goleiro acredita que o Grêmio é o grande favorito para levantar a taça. Confira a entrevista com Sebastián Saja:
Que avaliação você faz do time do Lanús?
O Lanús é um time que vem crescendo já faz vários anos, una instituição muito bem organizada. Por isso, os resultados estão vindo, são consequência do trabalho que vem fazendo. Não é uma equipe que especula resultado. É uma equipe que sempre tenta jogar futebol e dá bons espetáculos.
Quais as armadilhas que se enfrenta jogando em La Fortaleza?
Jogar em La Fortaleza é realmente difícil. Na final, o estádio estará cheio, seguramente. Não é uma Bombonera, como pegamos na final de 2007, mas terá muito calor por parte do público. Eles sentem muita confiança lá, não tanto por seus torcedores, mas mais pela confiança que a equipe tem jogando em casa. O time do Lanús é muito mais perigoso jogando em La fortaleza do que fora dela.
Que recordações você tem da equipe do Grêmio finalista da Libertadores de 2007? Quais eram as principais virtudes?
As lembranças que tenho daquela grande equipe de 2007 são as melhores. Passei um ano fantástico em Porto Alegre. Creio que foi uma grande equipe. Além disso, o time tinha como virtude conhecer as suas próprias limitações. Uma das qualidades que tínhamos era que não tomávamos gol em casa. Foi isso que possibilitou a gente chegar à final.
O que faltou para o Grêmio ser campeão em 2007?
Nos faltou creio que o Riquelme não jogar pelo Boca (risos). Foi o ano em que ele melhor jogou, fez muita diferença. E fomos claramente prejudicados pela arbitragem no jogo de ida. Mas o que nos faltou, principalmente, foi o Riquelme não jogar pelo Boca naquele ano. Ele sobrou no time, foi um número 10 incrível.
Dez anos depois, quais as diferenças entre as finais, Grêmio x Boca, em 2007, e Grêmio e Lanús, em 2017?
Creio que, dez anos depois, a grande diferença que encontro é que a gente enfrentava um time tradicionalmente ganhador da Libertadores, copeiro e com jogadores de alto nível internacional, em seu melhor momento, como Ever Banega, Rodrigo Palacio, e o Riquelme em seu melhor momento em que o conheci no Boca. A diferença hoje é que o Grêmio vai enfrentar um time que não tem tanta tradição na Libertadores e não está tão acostumado a jogar finais. Naquela final, o Boca era o favorito e confirmou em campo. Agora, o favorito claramente é o Grêmio.
Uma final de Libertadores como esta, entre brasileiros e argentinos, é decidida mais na técnica ou na raça?
Pela minha experiência, a final se decide mais com a raça do que com a técnica. Isso é a virtude que eu vejo no Grêmio. O time tem as duas coisas. Tem uma equipe com muita técnica e muita qualidade, e tem a raça que caracteriza o Grêmio sempre. Creio que, neste momento, é uma equipe muito forte porque conta com as duas.
Você tem acompanhado o Grêmio? Quem chega jogando melhor futebol? Grêmio ou Lanús?
O Grêmio é favorito, chega com grande força a esta final. O Lanús chega de dois jogos eliminatórios "trocando o marcador", perdendo fora de casa com uma diferença e revertendo em casa. O Lanús é uma equipe argentina, que tecnicamente é boa, mas sem experiência em finais. Isso o Grêmio tem que fazer valer. É importante. Na partida de ida, a diferença de perder por 3 a 0 para o Boca (na Bombonera) nos custou. É importante que o Grêmio consiga fazer uma boa diferença (no jogo de ida). E esperamos que seja campeão da Libertadores. Que o que não pudemos fazer daquela vez, seja feito agora.