A repentina saída de Pedro Rocha surge como chance para Cebolinha virar Cebolão no Grêmio. O apelido dado a Everton pelo lateral-direito Pará, que hoje está no Flamengo, pela semelhança com o personagem criado por Mauricio de Sousa, é como o atacante hoje é mais conhecido entre os colegas. Neste sábado, contra o Sport, ele será uma das principais esperanças de gol do time de Renato.
Junto a Fernandinho, que também será titular contra a equipe pernambucana, e do equatoriano Arroyo, quase recuperado de uma fratura no nariz, Everton é um dos candidatos a herdar a vaga deixada por Pedro Rocha. Vendido ao Spartak Moscou, o atacante despediu-se na manhã de sexta-feira do grupo do Grêmio.
– A gente esperava que o Luan é quem fosse sair. Nos pegou de surpresa. Ficamos sabendo no dia (quarta-feira), pelos sites de notícias. Fico feliz, ele merece, trabalhou para isso – diz Everton.
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Para atuar pelo lado do campo, o atacante de 21 anos antes terá de convencer Renato. Na cabeça do treinador, Everton hoje é centroavante, um reserva para Lucas Barrios. Mas o garoto se diz pronto para cumprir a função de extrema, se o chefe desejar.
– Deixei bem claro ao Renato que minha posição de origem é pelo lado esquerdo. Gosto de fazer a jogada de cortar para dentro e chutar. Se jogo centralizado, ele pede para eu me movimentar bastante e não aceitar a marcação. Por mais que não seja minha posição, já joguei assim e, se ele precisar, estarei preparado – diz o garoto.
Outro desafio é adequar-se à função tática de recomposição que Pedro Rocha realizava no time. Embora admita que precisa evoluir defensivamente, Everton foi o atacante do Grêmio que mais fez desarmes certos no Brasileirão do ano passado. Parte deste crescimento ele credita a Roger Machado, que chegou a fixá-lo como titular no final de 2015.
– Não vou negar que, taticamente, neste quesito, eu deixava um pouco a desejar. Mas estou trabalhando, já melhorei bastante nesta parte. O próprio Roger me ajudou muito – lembra.
Os conselhos do antigo treinador seguem vivos na cabeça de Everton. Ano passado, antes de deixar o Grêmio, Roger teve uma conversa olho no olho com o atacante. E foi direto:
– Aceita que dói menos. Tu és titular do meu time, estás querendo te sabotar. Precisa deixar de ser expectativa e ser realidade.
– Sempre procuro lembrar do que ele falou, para eu aceitar o protagonismo. Quem sabe agora eu possa ter a felicidade de estar em um momento bom, em nível crescente – projeta Everton.
Parte deste protagonismo já foi aceita pelo atacante. Neste Brasileirão, ele foi o grande destaque da goleada por 6 a 3 na Chapecoense, em que marcou três vezes – os dois primeiros gols foram feitos em 1 minuto e 21 segundos.
– Eu tive a felicidade de entrar no jogo e foi muito rápido. Dois gols em tão pouco tempo, não lembro de ter visto outro jogador fazer. Estou com cinco gols no campeonato, tenho uma meta de chegar a 10 – revela.
Revelado no Fortaleza, pelas mãos do ex-atacante Jorge Veras, que marcou época no Grêmio nos anos 1980 por ser algoz colorado em Gre-Nais, Everton diz ter absorvido muitos de seus conselhos. Outro exemplo em que procura se espelhar é Luís Mário, ex-atacante decisivo para conquista do tetra da Copa do Brasil sobre o Corinthians em 2001, que é seu amigo pessoal.
– Tive a oportunidade de conhecê-lo e aprendi muito. O Luís procura me passar a experiência que teve de quando jogou no Grêmio e também fora do país. Ele me ensina bons atalhos em campo – conta Everton.
Como a arrancada em alta velocidade é uma de suas principais características, Everton já faz por merecer, além de Cebola, o apelido de Papa-Léguas, pelo qual Luís Mário ficou conhecido no Grêmio. Na avaliação dos preparadores físicos do clube, o garoto tem um dos maiores níveis de explosão muscular do grupo, o que dá sustentação para seus sprints.
Nascido na cidade cearense de Maracanaú, localizada a 24 quilômetros da capital Fortaleza, Everton já utilizava esta característica desde o berço.
– Na escolinha, a gente tinha a jogada de o meia lançar para eu correr. Eu sempre chegava na frente. Às vezes a gente ganhava campeonatos assim – lembra.
Desde que chegou ao Grêmio, no início de 2013, Everton é monitorado por clubes europeus. Naquele ano, foi alvo de uma sondagem do Manchester City, da Inglaterra, que enviou um olheiro a Porto Alegre para reunir-se com o presidente Fábio Koff. A investida, de pronto, foi rejeitada pelo dirigente. Mas Everton não esconde que sonha atuar no Exterior. E sabe que, para que possa seguir o caminho do amigo Pedro Rocha, precisará, antes, brilhar no Grêmio.
– Jogar na Europa é um sonho pessoal. Sei que o momento certo vai aparecer.
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