Viver a experiência de um rebaixamento é fato traumatizante. Porém, permito-me a voltar à 2005. O Grêmio começara aquele ano com menos de 10 jogadores no plantel. Para piorar a situação, o quadro social vinha definhando de maneira constrangedora. Em fevereiro daquele ano, apenas quatro mil gremistas eram sócios do Tricolor.
Sim. A história nos apresentou o maior movimento popular da história do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Sem dinheiro para qualquer campanha de marketing, o Tricolor não conseguia sequer bolar uma ação para angariar novos sócios. O assunto era pauta constante nas rodas de conversa no Bar do Faísca, no Bar da Beth e nas churrasqueiras instaladas no entorno do Velho Casarão.
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Aos poucos, torcedores pararam de se cumprimentar, dar "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite". Em uma movimentação nada orquestrada, a pergunta passou a ser: "Tu já é sócio?" Aquilo foi tomando conta dos pré-jogos. Por vezes, a fila do departamento social ia até o Portão 1 do Olímpico. Cena comum era ver torcedores saindo do saguão, ostentando suas carteirinhas. Era o elo que faltava. A torcida abraçando e erguendo o clube.
Ninguém sabe como começou, mas a Geral do Grêmio foi a principal responsável por isso. Na época do Orkut, a pergunta "Tu já é sócio?" migrou para o campo virtual. Torcedores do Interior abraçaram a ideia. Não era raro ver torcedores entregando panfletos feitos por eles mesmos, fazendo o marketing.
O Grêmio terminou 2005 com 20 mil sócios em dia, classificado para a primeira divisão. Eu sempre vou comentar com os amigos: o fato histórico daquele ano não foi a Batalha dos Aflitos. Quem fez história foi o Grêmio e a sua gente. Isso não é história. É fato. E o fato é, sim, histórico. Fato tão impactante quanto a doação de tijolos e materiais de construção de gremistas de todos os pagos para a construção do Olímpico, nos idos dos anos 50. Do Rio Grande do Sul ao Mato Grosso. Nunca houve tal movimento no futebol brasileiro. Somos diferentes!
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