O árbitro Ricardo Marques Ribeiro foi assunto depois do empate entre São Paulo e Grêmio, na última segunda-feira, pela 16ª rodada do Brasileirão. O curioso é que ele não foi lembrado por ter cometido algum erro. Nenhuma das equipes questionou a legitimidade do resultado da partida, que terminou 1 a 1.
O juiz causou polêmica por ter feito um gesto de comemoração após o apito final do jogo. Em meio aos torcedores, nas redes sociais, o episódio gerou polêmica. Em entrevista para a Rádio Gaúcha e Zero Hora, Ricardo Marques Ribeiro explicou o gesto, que não pretende repetir.
Ele reconheceu o caráter inusitado da atitude, mas salientou que a manifestação foi espontânea e ocorreu pela "sensação de dever cumprido" da equipe de arbitragem pelo desempenho na partida.
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O que você pensou no momento em que fez o gesto da comemoração?
Uma situação curiosa e inusitada. É pouco comum ver um árbitro, após o apito final, vibrar com a sua atuação. Eu posso dizer que foi uma situação extremamente espontânea da minha parte. Nada ensaiado, nada que eu tenha premeditado a fazer. Foi algo muito natural, traduzindo a sensação do dever cumprido. Há muita dificuldade de conduzir partidas desta grandeza, mesmo com a experiência que a gente tem. Os jogos não são fáceis. Eram equipes em situações antagônicas na tabela e arbitragem se preparou muito para esse jogo, como se prepara para todos. E naquele jogo eu senti uma sintonia e uma energia muito boa da nossa equipe de arbitragem durante toda a partida. A gente quer cumprir nosso papel primordial, que é legitimar o resultado do jogo e que as decisões da arbitragem não interfiram de forma negativa no resultado final. Naquele momento, eu externei um sentimento. Vibrei com meus companheiros porque tive a sensação de que o dever foi cumprido. O árbitro é ser humano como qualquer outro e é movido por emoções, por expectativas, sonhos. A gente espera estar em grandes jogos. E a gente vibra também, claro que não daquela forma em todos os jogos, mas ficamos muito satisfeito quando o trabalho fui de acordo com o que a gente estava prevendo.
De que forma você encarou as críticas em relação ao gesto de comemorar ao final do jogo? E você pretende fazer de novo?
Não é um fato comum. Não é um procedimento usual. Então, precisamos ter esse cuidado porque em algumas situações pode ter outra conotação e podemos ser mal interpretados. Isso pode causar um prejuízo, não só para mim como árbitro, mas para a comissão de arbitragem e toda a comunidade de arbitragem. Foi um gesto isolado. Não foi nada treinado ou que eu já tivesse pensado em fazer. É preciso ter esse cuidado, pois há diretrizes para a conduta do árbitro e elas precisam ser seguidas. A gente entende que precisa haver esse cuidado até para não colocar em dúvida a credibilidade e suscitar interpretações distorcidas a respeito daquele gesto que eu tive na segunda-feira.
Se você fosse um árbitro paulista poderia haver uma interpretação de que você está comemorando um resultado favorável ao Corinthians. Essa é a preocupação que você menciona?
Exatamente. O árbitro precisa saber o contexto em que está inserido. O momento em que ele pode tomar uma atitude que venha a comprometer a atuação e a credibilidade. Mas eu não pensei nisso, se era uma equipe gaúcha, paulista ou paranaense. Apenas vibrei com a atuação, no meu modo de entender, satisfatória da equipe de arbitragem. Eu não imaginava que tomaria essa proporção. Confesso que nem imaginei que aquele meu gesto estava sendo filmado. Foi muito espontâneo e natural da minha parte.
Foi também uma espécie de desabafo por toda a pressão que existe para o trabalho da arbitragem?
Eu não digo de desabafo, mas de satisfação. Recebemos essa missão de conduzir esse jogo importante, era o último jogo da rodada e todas as atenções estavam voltadas para a partida. Mesmo com a nossa experiência e preparação, o árbitro é um ser humano movido de emoções. Elas precisam ser controladas, mas vai ter um momento em que isso vai externar. Aconteceu naquela partida e não significa que vai acontecer em outras. Quero primar pela discrição e fazer o trabalho bem feito. Essa é a minha função e minha obrigação.
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*RÁDIO GAÚCHA