Técnico da seleção peruana, que busca vaga na Copa da Rússia, o argentino Ricardo Gareca mandou no início da semana um recado via WhatsApp para Beto da Silva, o reforço que o Grêmio importou da Holanda. No texto, o ex-treinador do Palmeiras parabenizava o atacante pela contratação e apostava em seu crescimento ao ingressar em um futebol competitivo como o brasileiro.
A mensagem revela o conceito desfrutado por Beto junto ao treinador. Reserva de Paolo Guerrero, ele já foi convocado para as partidas contra Argentina e Chile, pelas Eliminatórias, e é nome certo na lista para enfrentar a Venezuela, dia 23 de março. Também esteve na Copa América Centenária, em junho, nos Estados Unidos.
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Classificado para a Libertadores, o Sporting Cristal, clube que defendeu em Lima até janeiro de 2006, tentou repatriá-lo, mas saiu da disputa ao conhecer o interesse do Grêmio.Beto da Silva, 20 anos completados em dezembro, lutou para voltar ao Grêmio.
No início do ano, informado das negociações pelo pai, o ex-jogador do Grêmio Luizinho, e pelo empresário Jorge Baideck, foi claro ao dizer a Phillip Cocu, ex-volante da seleção holandesa nas Copas de 1998 e 2006, e seu técnico do PSV Eindhoven, que gostaria de retornar à América do Sul. Pretendia ficar mais próximo da observação de Gareca para futuras convocações.
– Ele me disse: não acredito que o Grêmio quer que eu volte, pai. E não tirou mais a ideia da cabeça. Desde que chegou aqui, dá para ver a felicidade na cara dele – conta Luizinho, 48 anos, gaúcho de Alvorada.
Depois de passar em 1983 pela base do Grêmio, o ex-centroavante Luizinho tentou a sorte no futebol catarinense e paranaense, até encerrar a carreira em Honduras. Vem dessa época o relacionamento com a peruana Jenny Fiorella, a mãe de Beto, que nasceria em 28 de dezembro de 1996, em Lima. Em 2003, quando o atacante tinha sete anos, a família retornou a Porto Alegre e Beto passou a atuar na base do Grêmio.
Em 2010, suas arrancadas para cima dos marcadores e os gols que fazia despertaram a atenção do treinador da seleção peruana sub-14, que disputara amistoso no CT de Eldorado do Sul. No ano seguinte, quando o clã Silva decidiu voltar ao Peru, o atacante acertou-se com o Sporting Cristal. Com 14 anos, Beto foi convocado pela seleção peruana para o sul-americano sub-15. Nunca mais deixou de vestir a tradicional camisa branca com a faixa diagonal vermelha.
Até voltar ao Grêmio, Beto acompanhava pela internet o time que agora passa a integrar. Outras informações chegavam pelos primos, residentes em Alvorada, e com quem o jogador ainda não teve tempo de se reencontrar, dado o ritmo intenso de treinos da pré-temporada. Por enquanto, sua rotina só inclui hotel e CT.
Os torcedores precisarão aguardar pelos primeiros jogos para conhecerem o estilo do atacante. Por enquanto, a única certeza, conforme mostram os vídeos, é que não se trata de um jogador de área.
– Ele é um atacante rápido e habilidoso, que joga bem por fora e por dentro -analisa o jornalista peruano Pierre Manrique, da rede RPP.
Renato Portaluppi, que diz ter referendado a contratação, embora não a tivesse indicado, como fez com Léo Moura e Jael, por exemplo, prefere aguardar pela passagem do tempo para opinar.
– Ele já mostrou que tem qualidade. Mas estamos só começando – acautela-se. – Ele é rápido. Tem boa arrancada com a bola. Ele encara os marcadores, é vertical – descreve Luizinho.
Atual técnico da equipe sub-19 do Grêmio, Luiz Gabardo Júnior trabalhou Beto entre 2009 e 2010, durante a passagem do atacante pela base do clube. Naquele período, optava por utilizá-lo como segundo atacante ou dando liberdade para que partisse do lado do campo na direção da área.
– Era um menino muito técnico. Não tinha muita força, já que nasceu em dezembro e tinha baixa maturação em relação aos demais da categoria. Tinha muito boa finalização e se movimentava bem. Agora, está mais forte. Tomara que dê certo – afirma.
Apenas um desejo o peruano naturalizado brasileiro não realizará no Grêmio. É o de vestir a camisa 7, hoje entregue a Luan. É este seu número na seleção peruana. No PSV, também usou a 9 e a 10. No Sporting Cristal, era o 30.
– Já falei para ele que, hoje em dia, o número não interessa muito – diz Luizinho, certo que, desta vez, o filho chegou ao Grêmio para ficar.
*ZHESPORTES