O penta da Copa do Brasil é recheado de personagens marcantes. Destaco dois que colocaram seus nomes na história do Grêmio: Maicon e Bolaños.
Ao erguer a taça depois de duas belíssimas atuações contra o Galo, Maicon refez sua imagem perante o torcedor. Criticado desde que afirmou que era "desumano" enfrentar o calendário que reserva, em geral, jogos duas vezes por semana, não era visto da arquibancada como o capitão ideal.
O ranço pela longa seca tirava a paciência dos gremistas com Maicon, um volante técnico e fundamental na mecânica do meio-campo estruturada por Roger Machado. Para quem vivia a angústia do jejum, parecia que faltava a Maicon o espírito vencedor dos nossos capitães históricos. Pois esse espírito despertou. Ele jogou e brigou muito. Aliou técnica e desejo de vencer.
Em Belo Horizonte, em um Mineirão de atleticanos, o volante abriu o caminho do título com um passe açucarado para Pedro Rocha guardar o primeiro gol da final. Na expulsão do piá, cobrou o árbitro e ajudou a contagiar os colegas na resistência com um homem a menos, coroada com o gol de Everton.
Na Arena, Maicon teve a concentração necessária. Rodou o jogo, se apresentou, foi seguro. Com méritos pela nova postura, ergueu a copa que nos libertou da maldição que debutava em nossos sofridos corações azuis.
Bolaños, por sua vez, ressurgiu para os gremistas. Com um chute potente e sem piedade, marcou o gol do título. Foi um desfecho épico para a trajetória do reforço mais caro da temporada, que até 7 de dezembro era um misto de esperança e frustrações para o torcedor.
Badalado na chegada, com gol na estreia, o equatoriano teve a mandíbula fraturada pelo cotovelo de William em um Gre-Nal. Passou por cirurgia, voltou temeroso, lidou com lesões e convocações para sua seleção. Não empolgava, perdia gols fáceis e, com justiça, ficou atrás de Pedro Rocha e Everton na disputa por lugar no time.
O gringo só deu sinais de que despertava em novembro. Depois de boa rodada nas Eliminatórias da Copa, regressou com gols. Marcou contra América e Santa Cruz. Parecia que a confiança voltava. Pelo visto, regressou acompanhada de uma estrela singular.
Bolaños entrou no jogo derradeiro na Arena para matar tempo, depois dos 40 minutos do segundo tempo. Trombou uma, duas vezes, correu para lá e para cá. No primeiro toque de fato na bola, disparou feito um galgo para puxar o contragolpe. Segurou e acionou Luan. A bola que chegou a Everton pela esquerda, atravessou a área, desviou e se ofereceu ao equatoriano. Fulminante, Bolaños guardou.
O chute libertou o grito de campeão, coroou uma temporada redentora para toda uma nação. Bolaños, aliás, marcou o primeiro e o último gol azul na Copa do Brasil. Abriu e fechou o caminho do penta. Espero que seja apenas o começo. Que venha um 2017 de novas conquistas.