Braian Rodríguez traz de casa as lições para encarar adversidades. Na adolescência, viu o pai embarcar para integrar missão de paz da ONU na guerra civil da República Democrática do Congo. Era 2003. A figura do pai enchia os olhos. A começar pelo nome, Artigas, o mesmo do herói da independência uruguai, o homem que lutou pela autonomia da banda oriental. As histórias do pai na África fascinavam o guri:
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- Sempre perguntavam, ele e o irmão, sobre o que tinha visto no Congo - conta o pai, hoje um jovem aposentado de 55 anos.
Seu Artigas vive em Salto, a 80 quilômetros de Quaraí e a 700 quilômetros de Porto Alegre. Se aqui em Porto Alegre Braian ainda é olhado com desconfiança, em Salto tem aura de ídolo. Braian foi centroavante titular da seleção local.
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Em 2003, o pai estava na África e recebeu a mensagem da mulher. Na final nacional contra a seleção de Rivera, o filho havia sofrido uma batida forte de cabeça e saído direto para o hospital. O coração de Artigas disparou no distante Congo.
- Mas ficou tudo bem, foi só um susto - recorda seu Artigas, com a tranquilidade típica dos uruguaios.
Braian se saiu bem na dureza dos campos do interior charrua. Chegou a formar dupla com Cavani, seu conterrâneo. Salto, aliás, é terra de centroavantes. Suárez também é filho da terra. Foi nesses jogos amadores que o Cerro o descobriu aos 17 anos e o levou para Montevidéu.
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Cinco anos depois, o centroavante realizou o sonho de infância e chegou ao Peñarol, o clube do coração. O sonho durou um ano. Saiu para o Tigre-ARG quando Diego Aguirre recém chegava para sua segunda passagem no clube.
Braian rodou por San Martin-PER e La Calera-CHI. Os ares dos Andes fizeram bem. No La Calera, ele fez 10 gols. O Universidad Católica assediou. O Huachipato o levou. Fez 17 gols em 2012. Acabou o ano goleador e campeão chileno.
Na temporada seguinte, se apresentou à América. Fez cinco gols na Libertadores com atuações de luxo, como na Arena. Em julho de 2013, o Inter chegou a assinar pré-contrato por três anos, mas o negócio ruiu. O Palmeiras tentou comprá-lo, mas os euros do Betis o levaram.
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A vida europeia para Braian foi melhor fora do que dentro de campo. Em suas redes sociais, como Instagram e Twitter, era possível vê-lo realizado. Como na pré-temporada do Betis na Inglaterra. O clube enfrentou o Manchester United em jogo-treino no CT de Carrington.
O United topou o amistoso, mas exigiu portões fechados e sigilo total. Só faltou avisar Braian. Nas redes, ele postou fotos com Rooney, Ferdinand, Nani e até com o CT de fundo. Fez a festa da imprensa espanhola.
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Depois de 12 jogos e quatro gols, o Betis o cedeu ao Numancia, da segunda divisão. Estava havia oito meses quando o Grêmio o buscou para Felipão. Braian desembarcou na Capital com mala, cuia, a mulher, Raquel, e a pequena Delfina, nascida na Espanha.
A fase ainda é de adaptação. Os três moram em condomínio no bairro Chácara das Pedras. O compatriota Cristian Rodríguez é vizinho. O argentino Matías está sempre por perto. Foi seu guia nos primeiros dias e carona para ir e voltar dos treinos. O trio é visto em rodas de mate no CT Luiz Carvalho.
No sábado, Braian completou dois meses na cidade. A família se afeiçoou a Porto Alegre. Sente-se como no Uruguai, conta o agente Walter Cirne, que o trouxe para a Arena. No vestiário, Felipão tranquiliza o uruguaio e reitera a satisfação com sua participação tática em campo. Só que falta o gol. E o gol é a vida do centroavante. Foi com eles que Braian saiu de Salto e ganhou o mundo. Que neste domingo se resume ao Gre-Nal.
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