É praxe no futebol brasileiro que os treinadores deem preferência para jogadores cujas contratações foram por eles indicadas. Estes eleitos são conhecidos como "bruxinhos" do treinador. Também é recorrente a suspeita de que alguns profissionais transformaram-se em misturas de treinador e empresário. Nestes casos, a vítima é o clube, transformado em objeto da gigolagem de funcionários privilegiados.
E existem, também, técnicos incompetentes que são incapazes de distinguir um bom jogador de outro nada promissor. Ou, de um atleta em boa forma física e técnica de outro que se arrasta em campo e ninguém entende porque está sendo escalado. Não sei em que caso se colocam Fábio Aurélio e Guilherme Biteco. O primeiro ficou parado durante um ano e recém está voltando de prolongada recuperação médica. O segundo, feito no próprio Grêmio, cada vez que entra em campo encanta por sua técnica, força, vitalidade e identificação com o clube onde nasceu.
Luxemburgo, contudo, insiste em prestigiar Fábio Aurélio deixando Biteco, como aconteceu neste sábado, sentado entre torcedores como mero espectador. A simples escolha do treinador já seria uma provocação que se torna insuportável com as justificativas sem pé e nem cabeça para as suas escolhas. Luxemburgo é grande conhecedor de futebol mas peca quando julga que o mundo a sua volta é formado por neófitos incapazes de entender conceitos e, pior ainda, presas fáceis para as suas enrolações.
Ora, dizer que escalou Fábio Aurélio para avaliar suas condições é menosprezar a inteligência alheia. Não é para isso que existem os treinamentos? Dá para acrescentar que Luxemburgo, além de enrolador e provocador, é ainda refinado teimoso.