Sob a desconfiança de parte da torcida, que cobra a definição de um esquema tático, Caio Júnior conta, ao menos, com a solidariedade de colegas de profissão. Críticos e dirigentes também acham demasiada a cobrança que recai sobre o treinador, que orientou a equipe em três partidas, tendo sofrido duas derrotas. Ainda assim, entendem que ele precisa estar preparado para as críticas, considerando a grandeza do clube em que trabalha.
Nas entrevistas, os jogadores manifestam solidariedade ao técnico. O meia Marco Antônio entende que o grupo precisa melhorar sua condição técnica para voltar a vencer.
- Caio está quebrando a cabeça para buscar a fórmula ideal. Ele sabe o que fazer para sairmos dessa situação - opina Marquinhos.
No treinamento de segunda-feira, não foi possível detectar se haverá nova mudança tática para o jogo de quinta-feira, contra o São Luiz, no Olímpico. Trabalharam apenas os reservas, em jogo-treino contra o Cerâmica. Como Gabriel, expulso contra o Juventude, cumprirá suspensão, fica reduzida a chance de o treinador repetir o esquema 3-5-2. Uma vitória será fundamental para que o time entre mais aliviado no Gre-Nal de domingo.
Começo difícil também no Botafogo
A exemplo do que ocorre agora no Grêmio, Caio Júnior teve um começo difícil no Botafogo. Contratado em março de 2011, estreou com vitória fora de casa por 2 a 1 contra o Paraná. As dificuldades vieram pouco depois. A ponto de, no intervalo de uma semana, o time ser eliminado na Taça Rio, o primeiro turno do campeonato carioca, e Copa do Brasil. O técnico teve um mês para preparar a equipe para o Brasileirão. Teve início, então, o seu melhor momento. Na 32ª rodada, o Botafogo era 3º colocado. Problemas internos decretaram a queda de rendimento do time e a demissão do treinador, faltando três rodadas para o término. Veja como foi a arrancada:
Paraná 1x2 Botafogo - Copa do Brasil
Botafogo 1x1 Rezende - Taça Rio
Botafogo 3x0 Paraná - Copa do Brasil
Botafogo 0x2 Flamengo - Taça Rio
Botafogo 2x2 Avaí - Copa do Brasil
Botafogo 3x1 América -RJ - eliminado na Taça Rio
Avaí 1x1 Botafogo - eliminado nas oitavas de final da Copa do Brasil
Opinião
Fábio Koff, ex-presidente do Grêmio
"Ainda é início de trabalho, qualquer avaliação é precipitada. Felipão também teve um começo difícil comigo, custou a se firmar. O time está todo mudado. A zaga é nova, o meio-campo também, não conta mais com Rochemback e Marquinhos. Caio Júnior precisa do respaldo da direção para sentir-se seguro. Tem tempo para formar uma equipe, o Grêmio terá três competições para conquistar uma vaga na Libertadores. A impaciência da torcida é reflexo do longo tempo sem conquistas importantes. Vencer faz parte da existência do clube. Quando o resultado não vem, gera insatisfação e inconformidade".
Júnior, comentarista da Rede Globo
"Esse tipo de cobrança é praxe quando se está à frente de um clube com a dimensão do Grêmio. Caio sabe que precisará conviver com isso, caso contrário não poderia exercer essa profissão. Em grandes clubes, o resultado está acima de qualquer coisa. A não ser que o clube tenha dirigentes que não se deixem levar pela pressão da torcida ou não se eximam da sua responsabilidade por algumas coisas. O Corinthians foi o grande exemplo. Tite caiu na pré-Libertadores e foi mantido, até tornar-se campeão brasileiro. No Botafogo, ele fez um bom trabalho durante quase todo o ano. As causas da queda não ficaram bem explícitas. Foram coisas internas, com alguns jogadores caindo de produção".
Paulo César Carpegiani, treinador
"Como colega de profissão, lamento que Caio esteja passando por isso. Mas é típico do futebol brasileiro, não só gaúcho. Quando se assume um cargo no futebol, sabe-se que não existe médio ou longo prazo. Só se dá prosseguimento ao trabalho com resultados. Saí do São Paulo em segundo lugar no Brasileirão, com cinco vitórias em oito jogos e só usando a garotada. Caio é um ótimo profissional e muito boa pessoa. Talvez tenha que abrir mão de alguma ideia em nome de um futebol mais seguro e coeso, que lhe garanta obter resultados".