A primeira Guerra Mundial estava recém no primeiro ano de conflitos quando foi inaugurado na Campanha aquele que, atualmente, é o quarto estádio mais antigo do Brasil: o Estrela D'Alva, nome do bairro onde está instalado esse pedaço da história do futebol, em Bagé. Mais tarde, nos anos 1960, recebeu o nome de Antônio Magalhães Rossell, que foi presidente do clube diversas vezes e era uma espécie de "mecenas", importante para a manutenção do futebol na cidade.
O palco histórico volta a ser cenário da primeira divisão do estadual neste ano, depois que o seu dono, o Guarany, retornou à elite com o vice-campeonato da Divisão de Acesso no ano passado. Inaugurado em 13 de junho de 1915, o Estrela D'Alva fica atrás apenas da Arena da Baixada (4 de setembro de 1914), do Athletico-PR; Estádio Curuzu (14 de junho de 1914), do Paysandu; e do Boca do Lobo (25 de novembro de 1908), do Pelotas, o mais antigo estádio do Brasil.
Assim como é uma honra para a atual direção, administrar esse patrimônio se torna um desafio, à medida em que o local precisa de frequentes reformas para não se ficar obsoleto ou até mesmo irregular mediante a legislação.
Atualmente, o Estrela D'Alva passa por obras. Parte da arquibancada do lado oposto ao pavilhão principal foi demolida porque estava comprometida. O clube investiu em uma nova estrutura. A direção luta para liberar o novo espaço ainda para o jogo contra o Inter pelo Gauchão, na próxima quarta-feira (24), às 19h. Além disso, está em construção o novo vestiário dos visitantes, que deve ser inaugurado ao longo do ano.
— O trabalho de readequação do estádio está sendo feito há mais de três décadas. Já participei da reformulação do estádio em 1993, quando ficamos um ano jogando fora de casa. Fizemos um gramado, na época, top no Estado. É muito difícil. Temos um clube do Interior, que vive basicamente do futebol. Então, todos os recursos vão para o futebol. Não existe um caixa específico com recursos para as reformas necessárias — explica o diretor de patrimônio do Guarany, Ademar Batistella.
O dirigente acredita que o clube deveria ter mais apoio do poder público para a manutenção do estádio, diante da relevância história. Dos 212 anos de Bagé, a "Rainha da Fronteira", como é chamado o município, em 108 o Estrela D'Alva é ponto de encontro da comunidade e um atrativo para quem vem de fora. Atualmente, o estádio está com capacidade reduzida, podendo receber aproximadamente 4 mil pessoal.
— A população pode ter certeza que o estádio estará em ordens para receber o primeiro jogo, no domingo (21) (com o Ypiranga, às 19h) — acrescenta Batistella.
Curiosidades
- O Estrela D'Alva deu sorte ao Guarany de Bagé. Cerca de cinco anos após a inauguração, o clube ganhou o Campeonato Gaúcho, em 1920, feito repetido em 1938, que coloca o clube como o maior campeão do Interior.
- O sistema de iluminação do Estrela D'Alva só foi inaugurado em 23 de novembro de 1952, em partida diante do Pelotas, vencida pelos donos da casa por 2 a 1. Os atuais postes de cimento para sustentação dos reflores foram instalados em 1977, substituindo os antigos suportes de ferro.
- Embora envolvido com o clube desde a infância, o produtor rural Antônio Magalhães Rossell, que dá nome oficial ao estádio, assumiu a presidência do Guarany de Bagé pela primeira vez em 1939, aos 41 anos, logo depois da conquista do bicampeonato gaúcho. Ele retornou 1942, repetindo o mandato em 1943, 1947 e 1949. Nas décadas seguintes, Rossell encarou novos períodos na presidência, nos anos de 1951, 1957, 1967, 1974 e 1975. Ele morreu em 1989 e, até hoje, é considerado um dos maiores alvirrubros que já viveu.
- Conforme a atual direção, o valor do estádio é estimado em cerca de R$ 8 milhões.
Estádios mais antigos do Brasil
- Boca do Lobo (Pelotas) - 25/11/1908
- Estádio Leônidas Sodré de Castro, o Curuzu (Paysandu) - 14/6/1914
- Estádio Joaquim Américo Guimarães, a Arena da Baixada (Athletico-PR)- 4/9/1914
- Estádio Antônio Magalhães Rossel, o Estrela D'Alva (Guarany de Bagé) - 13/6/1915
- Estádio Ronaldo Luís Nazário de Lima (São Cristóvão) - 23/4/1916
- Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro (Santos) - 22/10/1916
- Estádio Evandro Almeida, o Baenão (Remo) - 15/8/1917
- Estádio Manoel Schwartz, Laranjeiras (Fluminense) - 11/5/1919
- Estádio Ulrico Mursa (Portuguesa Santista) - 5/12/1920
- Estádio João Martins (14 de Julho, de Santana do Livramento) - 13/4/1921